A Terra
A Terra é um dos nove planetas que giram em torno do Sol, que por sua vez, é somente uma dentre os aproximadamente 100 bilhões de estrelas de nossa galáxia - a Via Láctea. A Terra é o único planeta que se conhece a existência de vida. Isto é possível porque a Terra está à distância certa do Sol. Se estivesse mais perto, seria muito quente para a vida, e, se estivesse mais longe, o frio seria insuportável. Além disso, a Terra é o único planeta em que existe água em grande quantidade.
Sua atmosfera filtra parte das radiações solares prejudiciais, e também protege o planeta contra os impactos dos meteoritos. A Terra é formada por quatro camadas principais: o núcleo interno, o núcleo externo, o manto e a crosta. No centro do planeta, está o núcleo interno sólido, com temperatura em torno de 4.000° C. O calor do núcleo interno faz com que o material do núcleo externo líquido e do manto plástico circule em correntes de convecção. Acredita-se que estas correntes de convecção dão origem ao campo magnético da Terra, que se estende no espaço formando a magnetosfera.
A maior parte da superfície da Terra (aproximadamente 70%) está coberta de água. O Oceano Pacifico sozinho ocupa 30% desse total. A parte sólida está distribuída em sete continentes, que são (do maior para o menor): Ásia, África, América do Norte, América do Sul, Antártida, Europa e Oceania.
As feições da superfície sólida são extremamente variadas. Entre as mais notáveis estão as cadeias montanhosas, os rios e os desertos. As maiores cadeias de montanhas ? Himalaia inclui a montanha mais alta do mundo, o monte Everest (8.848 m). Os rios mais longos são o Nilo, na África (6.695 km), e o Amazonas na América do Sul (6.437 km). Os desertos ocupam em torno d e20% da extensão total das terras emersas. O maior é o Saara, que cobre cerca de um terço da África. As feições da superfície podem ser representadas de várias maneiras. Somente um globo pode representar corretamente áreas, formas, tamanhos e direções, porque sempre há distorção quando uma superfície esférica ? a da Terra, por exemplo ? é projetada na superfície plana de um mapa. Cada tipo de projeção é, portanto, um ajuste: mostra corretamente alguns aspectos, mas distorcem outros. Até a cartografia por satélite é incapaz de produzir mapas completamente precisos, ainda que mostre os aspectos da superfície terrestre com grande clareza.
A Terra formou-se por volta de 4.600 milhões de anos atrás, a partir de uma nuvem de poeira e gases à deriva no espaço. Os minerais densos afundaram e se concentraram no centro, e os mais leves formaram uma fina crosta rochosa. Contudo, as primeiras formas de vida conhecidas ? bactérias e algas azul-esverdeadas ? não apareceram até aproximadamente 3500 milhões de anos atrás, e foi só há 570 milhões de anos que as plantas e animais mais complexos começaram a desenvolver-se. Desde então, milhares de espécies de plantas e animais evoluíram; algumas prosperaram e outras, como os dinossauros, desapareceram. Tal como as espécies que a habitam, a Terra está continuamente mudando. Os continentes aproximaram-se de suas localizações atuais há mais ou menos 50 milhões de anos, mas continuam flutuando lentamente sobre a superfície, e cadeias montanhosas como o Himalaia ? que começou a formar-se há 40 milhões de anos ? estão sendo construídas e destruídas continuamente. Também o clima está sujeito a mudanças: a Terra passou por uma série de idades do gelo e por períodos glaciais (o mais recente ocorreu há aproximadamente 20 mil anos) intercalados com períodos mais quentes.
A crosta terrestre é a camada sólida externa da Terra. Inclui a crosta continental (mais ou menos 40 km de espessura) e a crosta oceânica (aproximadamente 6 km de espessura). A crosta e a camada superior do manto formam a litosfera. A litosfera é constituída por placas semi-rígidas que derivam umas em relação a outras sobre a atenosfera subjacente (uma camada parcialmente fundida do manto). Este processo é conhecido como tectônica de placas.
Quando duas placas se separam, forma-se rifts (fendas) na crosta. No meio dos oceanos, esse movimento resulta na expansão dos fundos oceânicos e na formação das cadeias oceânicas; nos continentes, a expansão da crosta pode formar rift valleys (vales de afundamento). Quando as placas se movem uma em direção à outra, pode ocorrer subducção: uma das placas é forçada a mergulhar sob a outra. No meio dos oceanos, esse processo dá origem às fossas oceânicas, atividade sísmica e arcos de ilhas vulcânicas. As montanhas podem formar-se onde há subducção da crosta oceânica sob a crosta continental, ou onde os continentes colidem.
As placas podem também deslizar uma ao longo da outra ? como ao longo da falha de Santo André, por exemplo. A tectônica de placas ajuda a explicar a deriva continental, teoria segundo a qual os continentes reuniram - se há 175 milhões de anos para formar uma única massa continental chamada Pangéia, que posteriormente se fragmentou.
O movimento contínuo das placas da crosta terrestre pode comprimir esticar ou quebrar os estratos rochosos, deformando-se e produzindo falhas e dobras. Uma falha é uma fratura numa rocha, ao longo da qual ocorre deslocamento de um lado em relação ao outro. O movimento pode ser vertical, horizontal ou oblíquo (vertical e horizontal). As falhas ocorrem quando as rochas são submetidas à compressão ou tensão. Em geral, as falhas ocorrem em rochas duras e rígidas, que tendem a quebrar-se e não a dobrar-se. As menores falhas ocorrem em cristais minerais individuais e são de tamanho microscópico, enquanto a maior delas - o Great Rift Valley (a Grande Fossa), na África ? tem mais de 9 mil km de comprimento. O movimento ao longo das falhas geralmente causa terremotos. Uma dobra é a curvatura de uma camada rochosa causada por compressão. As dobras ocorrem nas rochas elásticas, que tendem a dobrar-se mais do que a quebrar-se. Os dois tipos principais de dobras são as anticlinais (os flancos convergem para cima) e as sinclinais (os flancos convergem para baixo). As dobras variam em tamanho, de uns poucos milímetros de comprimento às cadeias montanhosas dobradas com centenas de quilômetros de extensão. Além de falhas e dobras, outros aspectos associados com deformações das rochas são os boudins, os mullions e fraturas escalonadas (em échelon).
Os processos envolvidos na formação das montanhas ? a orogêneses ? ocorrem como resultado do movimento das placas crustais. Há três tipos principais de montanhas: as de origem vulcânica, as montanhas de dobramento e as montanhas por falhamento ou de blocos. A maioria das montanhas vulcânicas forma-se ao longo dos limites das placas, onde estas de aproximam ou se separam, e a lava e os detritos são ejetados em direção à superfície terrestre. A acumulação de lava e material piroclástico pode formar uma montanha em torno da chaminé de um vulcão. As montanhas por dobramento se formam onde as placas se encontram e provocam o dobramento e soerguimento das rochas. Onde a crosta oceânica se encontra com a crosta continental menos densa, a crosta oceânica é empurrada sob a crosta continental. A crosta continental é então dobrada pelo impacto e se formam montanhas de dobramento, como os Apalaches na América do Norte. As cadeias dobradas formam-se também quando se encontram duas áreas de crosta continental. O Himalaia, por exemplo, começou a formar-se quando a Índia colidiu com a Ásia, dobrando os sedimentos e parte da crosta oceânica entre as duas placas. As montanhas por falhamento de blocos formam-se quando um bloco de rocha é soerguido entre duas falhas como resultado de compressão ou tensão na crosta terrestre. Com freqüência, o movimento ao longo das falhas ocorre gradualmente durante milhões de anos. Contudo, duas placas podem deslizar bruscamente ao longo de uma linha de falha ? a falha de Santo André, por exemplo -, provocando terremotos.