Estruturas e formas do planeta Terra: a produção das formas da superfície terrestre
Ciências Humanas e Sociais

Estruturas e formas do planeta Terra: a produção das formas da superfície terrestre


A ciência geológica chega ao final do século XX com todo um conjunto de teorias e interpretações que são sustentadas por pesquisas e dados obtidos de forma bastante sofisticada. Somaram-se duas abordagens:

1. a que explica os processos geológicos lentos e uniformes que ocorrem no conjunto dos blocos continentais;

2. a que explica os grandes movimentos das placas que deram origem aos continentes e aos oceanos e que, ao mesmo tempo, manifestam-se por meio de eventos bruscos e ocasionais (no tempo humano), como os terremotos e o vulcanismo de um modo geral.

As formas da superfície terrestre e sua geomorfologia (o relevo) são produtos desses processos que a Geofísica e a Geologia descrevem. Mais importante do que saber onde ficam, por exemplo, as grandes cadeias montanhosas da Terra, será compreender por que elas estão ali e não poderiam estar em outras posições. Ao se discutir o relevo terrestre, provavelmente o que vem primeiro à mente das pessoas, em geral, são as formações que mais fascinam e chamam nossa atenção: as grandes cadeias montanhosas (mais conhecidas como cordilheiras), com seus picos elevados, cercados de fantasias e de várias aventuras criadas e encenadas na literatura e no cinema.

Os agentes naturais que produzem o relevo da Terra

clip_image002Observe o ?Mapa-múndi do relevo terrestre?. As cores utilizadas para mostrar as altitudes dos terrenos ficaram conhecidas como escala hipsométrica. Apesar de consagrada em todos os atlas geográficos, essa escala ocasiona uma série de problemas relativos à linguagem cartográfica. Podemos chegar a conclusão que o verde-escuro representa grandes florestas, o verde-claro, matas mais abertas, o marrom-escuro, terra desmatada. Se identificarmos que os tons de verde representam as terras mais baixas, concluímos que a mais baixa é o verde-claro e não o verde-escuro, como a legenda indica. Esse mapa, sem a legenda, pode enganar seu observador em razão de várias armadilhas visuais ? e somente a convenção da legenda pode esclarecer o equívoco. Isto é, a legenda, um elemento verbal e numérico, é o que decifra o visual, o que é um grande erro cartográfico. O fenômeno que o mapa representa é único: as altitudes. E não se pode usar várias cores para representar um único fenômeno. Este tem uma diferenciação interna e, portanto, seria mais adequado que a distinção se fizesse no interior de uma única cor, com valores do mais claro para o mais escuro, usando, assim, as tonalidades da cor: menores altitudes ? menor valor da cor (tom claro) e maiores altitudes ? maior valor da cor (tom escuro). No entanto, consagrou-se nos atlas escolares esse tipo de mapa, mesmo com problemas de linguagem.

As cordilheiras vão aparecer como manchas de marrom mais escuro e roxo. Essas áreas têm médias de altitude acima de 4 mil metros. Por que estão ali? Sempre, desde que a Terra existe, estiveram ali? Ou será que o caso das cordilheiras é tal como o dos oceanos, que possuem apenas mais ou menos 200 milhões de anos? O que terá feito surgir as cordilheiras? Quando elas surgiram?

A poderosa cordilheira do Himalaia foi erguida quando a Placa Indiana se chocou com a Placa Eurasiática, enquanto os Andes surgiram da colisão entre o assoalho do Oceano Pacífico (Placa de Nazca) e a América do Sul (Placa Sul-americana). São eventos que acontecem na crosta terrestre e, por essa razão, se classificam como agentes internos. Vale também chamar a atenção para o seguinte: ?Os créditos por esculpir a superfície da Terra normalmente vão para as violentas colisões entre as placas tectônicas, os fragmentos móveis da cobertura rochosa do planeta. [...] Mas mesmo o incrível poder das placas tectônicas não consegue explicar algumas das principais características da superfície do planeta?. (GURNIS, Michael. Os processos que esculpem a Terra). Sendo assim, há outras forças internas que operam. E o que sabemos sobre o interior da Terra?

Vamos ler sobre a estrutura interna da Terra. Um detalhe sobre a estrutura interna da Terra chama a atenção: há uma área na crosta terrestre em que ela possui uma extensão máxima (65 km de espessura). Trata-se da área em que as placas tectônicas foram soerguidas, dando origem às cordilheiras, às cadeias montanhosas. Mais uma vez fica claro o papel do que se denomina agente interno na formação do relevo.

Uma questão fundamental para mobilizar as duas vertentes do saber geológico: aquela que trata dos processos geológicos lentos e uniformes (erosão) e aquela que trata dos movimentos das placas tectônicas. Sabemos como e quando se formou uma cordilheira (mais ou menos 60 milhões de anos atrás), a dos Andes, por exemplo. Mas será que atualmente ela possui as mesmas características do seu período de formação? Ou ela se transformou?

Os movimentos das placas tectônicas podem erguer uma cordilheira gigantesca, porém uma lenta e discreta erosão, desde que tenha tempo, pode arrastá-la inteira para o oceano ou para as terras mais baixas. Erosão é um agente produtor do relevo da Terra e que opera diretamente na superfície, no ambiente externo e, por isso, ela é tratada como um agente externo na construção do relevo da Terra.

clip_image003Uma Geografia das formas da superfície terrestre

Depois de refletir sobre as forças e os tempos envolvidos na produção do relevo da Terra, vamos refletir as formas da superfície e sua distribuição geográfica. O relevo da Terra é uma interface entre a ação dos agentes internos (placas tectônicas) e dos agentes externos (erosão). Para se ter uma ideia mais aproximada da Geografia das formas da superfície terrestre, será necessária um pouco mais de atenção ao processo erosivo. A erosão se dá sobre a crosta terrestre, que é formada de rochas, e é realizada pelo trabalho das águas (pluviais, fluviais, mares e geleiras), do vento (atuação muito significativa em áreas áridas e semiáridas), da temperatura (por intermédio da dilatação e compressão das rochas) e pela influência das condições climáticas de um dado local em diferentes tempos.

O intemperismo físico resulta notadamente da influência climática, enquanto o intemperismo químico resulta da atuação e conjugação de diferentes elementos. No caso das áreas tropicais, a ação das chuvas aliada às altas temperaturas intensifica o processo de intemperismo químico. Em áreas áridas, a atuação eólica associada à aridez produz formas dinâmicas, como é o caso das dunas. A declividade do relevo amplia a ação da água como agente erosivo. A erosão não tem a mesma velocidade, isto é, não erode da mesma maneira rochas duras e rochas mais moles: rochas mais duras (normalmente em clima seco) têm erosão menos eficiente, mais lenta e rochas moles (em clima chuvoso), a erosão é mais rápida, mais eficiente.

Na superfície terrestre, encontram-se múltiplas combinações de várias situações climáticas com várias condições dos estratos rochosos que compõe os blocos continentais. As rochas reunidas formam conjuntos maiores, verdadeiras estruturas de dois tipos: os que têm origem nos movimentos das placas tectônicas (maciços cristalinos, formados por rochas que são magma que vazou solidificado, e cadeias montanhosas); e bacias sedimentares, formadas por material produzido pela erosão.

O ?Mapa-múndi do relevo terrestre? mostrou a desigualdade nas altitudes do relevo terrestre. Temos pontos de mais de 4.800 metros de altura e outros de 100 metros em relação ao nível do mar.

De um modo geral, as terras muito baixas estão à beira-mar. Planaltos são constituídos de terras elevadas em relação ao nível do mar, normalmente acima de 700, 800 metros de altitude, sendo ou não planas, assim, podem conter irregularidades nos seus terrenos.




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