Ciências Humanas e Sociais
Subir na carreira já não interessa aos japoneses, que preferem ter qualidade de vida e bem-estar pessoal a venderem-se às empresas
Há uma nova geração de trabalhadores no Japão. Chamam-se "hodo-hodo zoku", têm entre 20 e 30 anos e, dizem os especialistas, estão a arruinar a competitividade japonesa.
Num país antes orgulhoso dos seus assalariados, motivados para o sucesso, há cada vez mais pessoas a prescindir de cargos com mais responsabilidades. O motivo? Querem ter tempo para a vida pessoal.
O "Wall Street Journal" conta o caso de Hidekazu Nishikido, um gestor de 24 anos que foi promovido recentemente. Depois de perceber que sairia todos os dias às dez da noite, disse ao patrão que não estava interessado em subir na carreira.
"O meu emprego é importante, mas não é o que me motiva", justificou. Um estudo da consultora Towers Perrin, citado pelo jornal norte-americano, revela que apenas três por cento dos
japoneses está verdadeiramente empenhado no seu local de trabalho.
"Vão arruinar o Japão com a sua ética de trabalho desleixada. Era suposto serem os líderes do futuro", lamenta o consultor de recursos humanos Yukiko Takita.
A Sanyo já veio dizer que está a ter dificuldades em preencher vagas para cargos de supervisão em fábricas fora do Japão. Na Intelligence, uma das maiores agências de recrutamento, regista-se uma subida de pedidos de emprego de pessoas que querem sair de posições exigentes.
A explicar a falta de ambição está a profunda crise dos anos 90. Os jovens assistiram à dedicação dos mais velhos nos seus empregos, ao mesmo tempo que as empresas cortavam custos e despediam em massa.
"São mais cautelosos e não dão tanto de si, mesmo que isso signifique ter um emprego menos prestigiante e um salário mais baixo", refere o investigador Chiaki Arai.
Excertos de um artigo publicado no suplemento de economia do jornal Público de 21 de Novembro sob o título « Subir na carreira não interessa aos japoneses ”
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