A defesa de pontos sensíveis do meio ambiente: os tratados sobre o clima e a biodiversidade
Ciências Humanas e Sociais

A defesa de pontos sensíveis do meio ambiente: os tratados sobre o clima e a biodiversidade


Se há polêmica sobre as causas do aque­cimento da atmosfera, o mesmo não ocorre quanto à perda da biodiversidade. A remoção das formações vegetais já avançou muito ao longo da história humana, atingindo escala planetária. Praticamente, não há formação vegetal que não tenha sofrido intervenção hu­mana, e é incalculável o número de diferentes espécies animais e vegetais que desapareceram da Terra em decorrência da ação humana. A biodiversidade foi drasticamente reduzida pelo ser humano.

Vamos discutir:

- os esforços para rever e conter a ação humana predatória, como os tratados internacionais em que os signatários (membros que assinaram) se com­prometem a reduzir as emissões de CO2 e conter a destruição da biodiversidade e;

- a conscientização sobre as ações humanas, em especial as que envolvem desperdícios de recursos naturais e agravos contínuos ao meio ambiente.

Vocês já leram ou viram na mídia algo sobre o desmatamento na Amazônia ou na Mata Atlântica? Acreditam que as informações sobre o que ocorre na Amazônia e na Mata Atlântica são também divulgadas em outros países? Por que essas notícias ultrapassam as fronteiras nacionais? Quando os países estrangeiros, os organis­mos internacionais e a imprensa mundial se posicionam a respeito das questões que en­volvem a Amazônia e a Mata Atlântica, eles abordam o tema considerando que se trata de assunto interno do Brasil?

As questões ambientais não são tratadas nem respeitadas como assuntos exclusivamente in­ternos. Podemos confirmar essa recepção, citando, por exemplo, os protestos internacionais sobre o desmatamento na Amazônia, que o governo brasileiro não estaria conseguindo controlar. Isso ocorre porque, embora se trate de realidades brasileiras, as reclamações dos demais países têm origem em outra escala: a escala global.

Vocês acham certo essa atitude dos outros países? Percebem alguma lógica nisso? Notam motivos que justi­fiquem essa atitude? Como o governo brasileiro reage a esses protestos? Costuma responder que o problema é nosso e que ninguém de fora deve se envolver? Ou procura se explicar perante a opinião pública internacional? A reação governamental de se explicar perante a opinião pública internacional é uma evidência de que o assunto não pode mais ficar restrito à escala nacional?

Essa mesma situação ocorre também com outros países.

A questão ambiental vem se transformando em proble­ma de escala mundial, pois os impactos pro­vocados pelas sociedades humanas sobre a biosfera (litosfera + hidrosfera + atmosfera + formas de vida) estão atingindo essa escala e afetando a todos. Por exemplo: se há aque­cimento global provocado pelo ser humano e alguns países emitem mais CO2 que outros, as conseqüências das grandes emissões de gases poluentes atingem todos os países, inclusive aqueles que emitem menos CO2 É por essa razão que se protesta mundialmen­te contra os Estados Unidos, que é um dos maiores emissores de CO2.

Para tentar solu­cionar os grandes problemas ambientais, têm ocorrido iniciativas conjuntas que, em geral, envolvem muitos países. Nos últi­mos 30 anos, essas iniciativas, promovidas, por exemplo, pela Organização das Nações Unidas (ONU), resultaram em um conjunto de tratados internacionais, ou seja, compro­missos que os países estabelecem para pôr em prática uma nova relação com o meio ambiente. Dessa forma, as questões am­bientais viraram problemas de todos. Por isso, o desmatamento da Amazônia, que não consegue ser controlado pelo governo brasileiro, fere não só o meio ambiente, mas também os tratados assinados e assu­midos pelo Brasil, inclusive como lei que deveria ser cumprida internamente.

 

A defesa da diversidade da vida: a Convenção sobre Biodiversidade

O desmatamento injustificável da Ama­zônia, da Mata Atlântica ou de qualquer bioma no Brasil rompe com o parâmetro do desenvolvimento sustentável. Além disso, contraria o tratado internacional assinado pelo Brasil em 1992 - e que, posteriormente, foi transformado em lei brasileira: a Con­venção da diversidade biológica.

O fragmento de texto ?Convenção sobre biodiversidade?, nas páginas 30 e 31 do caderno do aluno, introduz a questão dos tratados internacio­nais que visam proteger e recuperar situações graves de desequilíbrio na biosfera. A dimensão institucional é expressa, no texto, por instituições, países e eventos organiza­dos para enfrentar formalmente os proble­mas ambientais, como a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Rio-92 ou Eco-92, a Conferência da Cúpula da Terra, a própria Convenção sobre Diversidade Biológica e o Congresso Nacional Brasileiro. Na dimensão informativa e científica, a Con­venção sobre Diversidade Biológica apre­senta, no Artigo 2, o significado de termos técnico-científicos relativos à temática, alguns deles já citados no Artigo 1.

As principais conferências promovidas pela ONU sobre o clima e o meio ambiente foram a Conferên­cia de Estocolmo (1972), a Rio-92 e a Confe­rência de Johanesburgo (2002). Foi na Conferência de Esto­colmo, na Suécia, que se decidiu pela criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Am­biente (PNUMA); na Rio-92, a idéia era discu­tir se seria possível conciliar desenvolvimento e questão ambiental, e daí construir uma visão de desenvolvimento sustentável; em Johanesburgo, o objetivo foi realizar um balanço dos dez anos de implementação das decisões da Rio-92.

 

Os tratados que visam intervir nas mudanças climáticas

Para refletir sobre os tratados e as políticas em defesa da biodiversidade, vamos ler trechos da Convenção sobre a Mu­dança do Clima, aprovada e assinada na Rio-92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), nas páginas 32 e 33 do caderno do aluno.

Sobre a questão da possível ocorrência de mudanças climáticas, houve um desdo­bramento importante em relação ao que foi aprovado na Rio-92, em termos de tratado internacional. Para explorar essa informa­ção, vamos ler o texto ?Protocolo de Quioto?, na página 33 do caderno do aluno. Na dimensão institucional, o Protocolo de Quioto (1997) decorre de eventos anteriores, como a Conferência de Toronto sobre as Mudanças na Atmosfera, no Canadá em outubro de 1988, seguida depois pelo Primeiro Relatório de Avaliação do IPCC (AR-1), em Sundsvall, Suécia, em agosto de 1990 e pela Convenção-Quadro das Nações Uni­das sobre a Mudança do Clima, na Rio-92. Na dimensão informativa e científica, a formação de um glossário constrói critérios e estabelece precisões e conexões:

- Emissão: liberação, na atmosfera, de gases de efeito estufa e/ou seus precursores, em área e período determinados;

- Gases de efeito estufa: constituintes gasosos da atmosfera, naturais ou hu­manos, que absorvem parte da radiação, reemitindo-a, provocando o efeito estufa. O principal representante é o CO2;

- Matriz energética: conjunto de fontes de energia empregado na economia de um país. Pode-se tam­bém pensar em termos globais, nesse caso a principal fonte da matriz energética mundial é a fóssil (petróleo, gás e carvão);

- Mudança do clima: pode ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana e que altere significativamente a composição da atmosfera mundial, somando-se àquela provocada pela variabilidade climática natural, observada ao longo de períodos comparáveis.

           

Glossário:

Área protegida: significa uma área definida geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação;

Biotecnologia: significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica;

Conservação ex situ: significa a conservação de componentes da diversidade biológica fora de seus habitats naturais.

Conservação in situ: significa a conservação de ecossistemas e habitais naturais, a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades caracte­rísticas;

Diversidade biológica: significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens e os com­plexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

Ecossistema: significa um complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e de micro-organismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade funcional;

Material genético: significa todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra que conte­nha unidades funcionais de hereditariedade;

Recursos biológicos: compreende recursos genéticos, organismos ou partes destes, populações, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para a humanidade;

Recursos genéticos: significa material genético de valor real ou potencial;

Utilização sustentável: significa a utilização de componentes da diversidade biológica de modo e em ritmo tais que não levem, no longo prazo, à diminuição da diversidade biológica, mantendo assim seu potencial para atender as necessidades e aspirações das gerações presentes e futuras.




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