Sumário da edição em português do mês de Novembro do Le Monde Diplomatique
Ciências Humanas e Sociais

Sumário da edição em português do mês de Novembro do Le Monde Diplomatique


Uma campanha de assinaturas da edição em português do Le Monde Diplomatique está a decorrer até ao final do ano. Trata-se de uma forma de apoiar a sobrevivência do jornal e garantir uma voz crítica contra o «pensamento único»

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SUMÁRIO NOVEMBRO - ÍNDICE DE ARTIGOS

EDITORIAL

● «Voracidade» (editorial de Ignacio Ramonet)

MÉDIO ORIENTE

● «Fronteiras agitadas pela guerra norte-americana» (Alain Gresh)

● «A resistência no Curdistão» (Olivier Piot)

● «Dupla derrota da Fatah e do Hamas» (Marwan Bishara)

● «A política israelita refém dos generais» (Amnon Kapeliouk)

● «Nos bastidores de Annapolis» (Dominique Vidal)

SAÚDE

● «O “bota-abaixo” do Serviço Nacional de Saúde» (Isabel do Carmo)

EFEMÉRIDE

● «A Revolução de Outubro de 1917 perante a história» (Moshe Lewin)

● «Continuidade russa» (M.L.)

DA REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E DO MAIO DE 68

● «Depois da Revolução?... Revisionismo histórico e anatemização da Revolução» (Manuel Loff)

BIRMÂNIA

● «Birmânia: a “revolução açafrão” não aconteceu» (Renaud Egreteau)

COMUNICAÇÃO

● «Analisar os cérebros para vender melhor» (Marie Bénilde)

TELEVISÃO

● «Os Sopranos: gangsters neurasténicos» (Geoffrey O’ Brien)

ECONOMIA

● «O imobiliário californiano perturba o crescimento chinês» (François Chesnais)

FRANÇA

● «Desde 1958, a “reforma” pela Europa» (François Denord)

● «Uma arte de governar» (F.D.)

CORNO DE ÁFRICA

● «Washington brinca com o fogo na Somália» (Philippe Leymarie)

EQUADOR

● «Equador: campo aberto à transformação» (Hernando Calvo Ospina)

EM DEBATE

● «Um instrumento para uma globalização controlada?» (Monique Chemillier-Gendreau)

LEITURAS

● «Vender economia para vender livros» (Tiago Mata)

● «Não foi bem assim» (João Leal)

ESCRITOS DO MÊS

> Filipa Subtil, Compreender os Media – As extensões de Marshall McLuhan (recensão crítica de Carla Baptista);

> Américo Nunes, Diálogo com a História Sindical. Hotelaria – De criados domésticos a trabalhadores assalariados (recensão crítica de Inês Brasão);

> Rui Daniel Galiza e João Pina, Por teu Livre Pensamento e Joana Lopes, Entre as Brumas da Memória. Os católicos portugueses e a ditadura (recensões críticas de Daniel Melo);

> Don Tapscott, Wikinomics – A Nova Economia das Multidões Inteligentes (recensão crítica de Nuno Teles);

> Samuel Noah Eisenstadt, Múltiplas Modernidades (recensão crítica de Nuno Domingos).


EDITORIAL

Voracidade
por IGNACIO RAMONET

Ao mesmo tempo que, contra o horror económico, o discurso crítico – a que durante algum tempo se chamou alterglobalista – se enreda e de repente se torna inaudível, vai-se instalando um novo capitalismo, ainda mais brutal e conquistador: o de uma nova categoria de fundos de rapina, as private equities, fundos de investimento rapaces, com apetites desmesurados e detentores de capitais gigantescos [1].

Os nomes destes titãs – The Carlyle Group, Kohlberg Kravis Roberts & Co (KKR), The Blackstone Group, Colony Capital, Apollo Management, Starwood Capital Group, Texas Pacific Group, Wendel, Eurazeo, etc. – continuam a ser pouco conhecidos do grande público. E graças a esta discrição estão a apoderar-se da economia mundial. Em quatro anos, de 2002 a 2006, o montante dos capitais obtidos por estes fundos de investimento, que colectam o dinheiro dos bancos, dos seguros, dos fundos de pensões, e os haveres de riquíssimos particulares, passou de 94 mil milhões de euros para 358 mil milhões… O seu poder de fogo financeiro é fenomenal, ultrapassando 1,1 biliões de euros. Nada lhes resiste. O ano passado, nos Estados Unidos, as principais private equities investiram cerca de 290 mil milhões de euros na aquisição de empresas, e mais de 220 mil milhões só no primeiro semestre de 2007, passando assim a controlar 8000 empresas… Actualmente, um em cada quatro assalariados norte-americanos e quase um em cada doze franceses trabalham já para estes mastodontes [2].

França tornou-se aliás, depois do Reino Unido e dos Estados Unidos, o seu primeiro alvo. O ano passado, em território francês, estes fundos apoderaram-se de 400 empresas (por um montante de 10 mil milhões de euros) e já gerem ali mais de 1600. Marcas muito conhecidas – Picard, Dim, os restaurantes Quick, Buffalo Grill, Les Pages Jaunes, Allociné ou Afflelou – são agora controladas por private equities, quase todas anglo-saxónicas, que já estão de olhos postos nos gigantes do índice CAC 40.

O fenómeno destes fundos rapaces surgiu há uns quinze anos, mas nos últimos tempos, estimulado pelo crédito barato e graças à criação de instrumentos financeiros cada vez mais sofisticados, tem vindo a adquirir uma amplitude preocupante. Porque o princípio é simples: um clube de investidores afortunados decide adquirir empresas, que depois gere de forma privada, longe da Bolsa e das suas regras constrangedoras, e sem ter de prestar contas a accionistas minuciosos [3]. A ideia consiste em contornar os próprios princípios da ética do capitalismo, apostando apenas nas leis da selva.

Concretamente, como no-lo explicam dois especialistas, as coisas passam-se assim: «Para adquirir uma sociedade que vale 100, o fundo aplica 30 do seu bolso (percentagem média) e os restantes 70 pede-os emprestados aos bancos, aproveitando as muito baixas taxas de juro do momento. Durante três ou quatro anos reorganiza a empresa com a direcção em funções, racionaliza a produção, desenvolve actividades e capta a totalidade ou parte dos lucros para pagar os juros… da sua própria dívida. Depois revende essa mesma empresa por 200, com frequência a um outro fundo, que irá fazer a mesma coisa. Reembolsados os 70 obtidos a crédito, ficam com 130 no bolso, por um investimento inicial de 30, obtendo assim mais de 300 por cento de taxa de retorno sobre o capital investido em quatro anos. Haverá melhor?» [4]

Ao mesmo tempo que pessoalmente ganham fortunas demenciais, os dirigentes destes fundos praticam doravante, sem sentimentalismos, os quatro grandes princípios da «racionalização» de empresas: reduzir o emprego, comprimir os salários, aumentar os ritmos de produção e deslocalizar. São nisso estimulados pelas autoridades públicas, as quais, como em França hoje em dia, sonham «modernizar» o aparelho de produção. E fazem-no em detrimento e para desespero dos sindicatos, que denunciam vigorosamente o pesadelo e o fim do contrato social. Havia quem pensasse que com a globalização o capitalismo estaria por fim saciado. Vê-se porém agora que a sua voracidade não tem limites. Até quando?

quinta-feira 8 de Novembro de 2007

Notas
[1] Ler Frédéric Lordon, «O mundo refém do poder financeiro», Le Monde diplomatique – edição portuguesa, Setembro de 2007 (http://pt.mondediplo.com/spip.php?article107).

[2] Ler Sandrine Trouvelot e Philippe Eliakim, «Les fonds d’investissement, nouveaux maîtres du capitalisme mondial», Capital, Paris, Julho de 2007.

[3] Ler Philippe Boulet-Gercourt, «Le retour des rapaces», Le Nouvel Observateur, Paris, 19 de Julho de 2007.

[4] Cf. Capital, op. cit.



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