O que mais adoras na tua terra?
Ciências Humanas e Sociais

O que mais adoras na tua terra?


Transcrição do último post do blogue Nadir dos Tempos pela emoção com que é escrito e que, apesar de todas as diferenças geográficas que nos separam, não me é de todo estranho. Por isso, o reproduzo aqui:

O que é que mais adoras na tua terra?

No Sotavento de hoje? Da minha geração?
A minha resposta é rápida: as comunidades de chineleiros alemãs da Mexilhoeira Grande a Odeceixe. Os bifes maluques e drogades, com que cresci. Estou convencido que foram o motor de evolução cultural da uma geração portimonense inteira, maior que quaisquer eventos esparsos promovidos pela câmaras, cultura "de dentro para dentro" - a única verdadeira fonte de cosmopolitanismo a que tive acesso na minha adolescência.


O único espaço no Barlavento a albergar consistentemente exposições de artistas livres, e concertos quase todos os dias para "qualquer um que tivesse uma banda e quisesse tocar" era o bar Santa Suzana do
Tim, punk alemão, perto de Aljezur, no meio do monte. Quando fechou passou a não haver nada ... até que abriu o Satori, perto de Querença, do francês Pascal.


Noites e noites passadas na Pereira, Arão, sob as estrelas, e acordar junto de praias selvagens são as melhores memórias que tenho.Há quatro anos, toda essa zona ardeu. Os terrenos desvalorizaram brutalmente. Cada vez mais amigos se vão embora, para a Austrália, para América do Sul, onde as praias ainda são selvagens e a gente ainda se pode sentar à fogueira, a água dos poços ainda se pode beber sem pesticidas dos campos de golf e onde não se toca fogo à terra para construir
autódromos. Perdemos todos.
(fim da transcrição)


Não por acaso o lema do
blogue Nadir dos Tempos é retirado do Coro dos Caídos de José Afonso:


Dançai ó parcas vossa negra festa
sobre a planície em redor que o ar empesta.
Cantai ó corvos pela noite fora
neste areal onde não nasce a aurora.




Texto completo:
Coro dos Caídos (José Afonso)

Cantai bichos da treva e da aparência
Na absolvição por incontinência
Cantai cantai no pino do inferno
Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo
Cantai cardumes da guerra e da agonia
Neste areal onde não nasce o dia

Cantai cantai melancolias serenas
Como trigo da moda nas verbenas
Canta cantai guisos doidos dos sinos
Os vossos salmos de embalar meninos
Cantai bichos da treva e da opulência
A vossa vil e vã magnificência

Cantai os vossos tronos e impérios
Sobre os degredos sobre os cemitérios
Cantai cantai ó torpes madrugadas
As clavas os clarins e as espadas
Cantai nos matadouros nas trincheiras
As armas os pendões e as bandeiras

Cantai cantai que o ódio já não cansa
Com palavras de amor e de bonança
Dançai ó Parcas vossa negra festa
Sobre a planície em redor que o ar empesta
Cantai ó corvos pela noite fora
Neste areal onde não nasce a aurora



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