Em 5 de Fevereiro de 1916, foi inaugurado em Zurique o ponto de encontro para artistas contestatários da ordem estabelecida, "Cabaret Voltaire". Era o início do dadaísmo, uma tendência artística antiburguesa e anti-convencional
O Cabaret Voltaire foi um clube nocturno, criado em 5 de Fevereiro de 1916, no nº 1 da pequena rua de Spiegelgasse, em Zurique (Suíça), dirigido pelo filósofo, romancista e anarquista Hugo Ball ,e pela sua companheira, a cantora Emmy Hennings, e com ele surge também, oficialmente, o Dadaísmo, uma vanguarda modernista.
Este espaço dava aos artistas as condições para a liberdade artística, e para a experimentação, e o seu nome provinha das palavras Cabaret ( invocando os vícios da noite) e Voltaire ( valorizando a filosofia)
Com o passar do tempo o local começou a degradar-se e no Inverno de 2002 um grupo de artistas autodenominado neo-dadaistas, organizado por Mark Divo okupou o espaço. Reclamavam que o local era o símbolo de uma nova geração de artistas que aspiravam renacer o espírito Dada. Durante um período de 3 meses houve uma série de festas, tardes poéticas, interpretações e perfomances e projecções. Desse conjunto de artistas contavam-se nomes como Ingo Giezendammer, Mikry Drei, Lennie Lee, Leumund Cult, Aiana Calugar y Dan Jones. A curiosidade dos visitantes também foi grande. Porém, a 2 de Março de 2002 a policía expulsou os ocupas, tendo o edificio sido convertido em museu para recordar Dada.
"Dada é a vida sem pantufas e sem paralelas, é pró e contra a unidade e decididamente contra o futuro", pois "a arte não é séria", proclamava o escritor francês Tristan Tzara.
Para a primeira soirée do Cabaret Voltaire , Ball pediu a artistas plásticos, como Hans Arp, que contribuíssem com objectos de arte, e a poetas, como Tristan Tzara ou Huelsenbeck, que colaborassem com palavras poéticas. Assim, nasceram composições como as três variações sobre um motivo dado, em três línguas. Tratava-se do primeiro poema simultâneo dadaísta com o título: "O almirante tenta alugar uma casa". Humor e nonsense tinham um pano de fundo sério.
Arte, acaso da natureza
A Primeira Guerra Mundial estava às portas. Pintores, poetas, pacifistas, filósofos e músicos de todas as nacionalidades reuniam-se no Cabaret Voltaire, no solo neutro da Suíça. Eles eram contra a sociedade burguesa decadente, contra a autoridade na política e na Igreja e, de maneira não pouco significativa, contra o aparato da arte estabelecida.
Dada é espatifar aquilo que até então era válido, quer dizer, não mais utilizar a tinta a óleo para pintar, nem empregar a língua do modo como era usada na literatura. A arte deveria ficar ao acaso da natureza.
Por acaso, combinavam-se palavras achadas, letras, sílabas. Como por acidente, produziam-se colagens de cores, materiais, palavras, movimentos e sons. Como que acidentalmente, nasceu o nome Dada, ao folhear um dicionário.
Não havia uma orientação estilística determinada, nem uma escola definida, o que os distingue claramente dos surrealistas.
Em 9 de Abril de 1919, o movimento encontrou seu apogeu e declínio numa gigantesca exposição de arte total, com poemas simultâneos e danças de máscaras ao som de música atonal.
Fora da Suíça, contudo, o dadaísmo continuou vivendo. Em Nova York, Marcel Duchamp declarou objectos utilitários como peças de arte. Em Berlim, Huelsenbeck fundou o Club Dada, de orientação sócio-crítica. O poeta e colagista sonoro Kurt Schwitters não era um de seus membros, mas o seu nome está estreitamente ligado ao dadaísmo, sendo a sua ursonate uma das obras mais célebres do movimento.
E o que restou do dadaísmo?
Se Dada é um estado de espírito, então ele está em nós. As agitações estudantis nas ruas, os movimentos criativos, as rupturas, em tudo isso esta incarnado de uma forma bem palpável o espírito Dada. Ou seja, desde que se questione radicalmente algo, então estamos como Dada . Por isso, é que os dadaístas sempre rejeitaram a indústria artística literária estabelecida, apesar desta ter vindo a recuperá-lo e a declarar a anti-arte como arte
De qualquer forma, e retomando Dada se o mundo está em ruínas, todos os meios são permissíveis.
Consultar :
International Dada Archive
http://www.lib.uiowa.edu/dada/
http://www.cabaretvoltaire.ch/aktuell/diesewoche.php
Kaspar König and Simon Berz at the Cabaret Voltaire, Zurich