Primeira conferência com Alan Woods no Brasil reúne mais de 150 pessoas na UFSC | | ||||||||
Ontem, 31 de março, na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, a conferência pública com Alan Woods com o tema ‘A revolução dos povos árabes e a crise capitalista mundial’ lotou o auditório do CFH. | |||||||||
Em seguida à sua recente visita à Bolívia e Argentina, Alan Woods começou a terceira e última etapa de seu giro por países latino-americanos com uma conferência muito bem sucedida na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, Brasil. A atividade, co-organizada pela Esquerda Marxista (seção brasileira da CMI), foi sobre o tema da Revolução árabe e a crise mundial do capitalismo. Os 150 estudantes e professores que lotaram o auditório mostraram enorme interesse na discussão e nas idéias do marxismo. O debate também contou com vários representantes da comunidade palestina local e do Comitê de Solidariedade à Palestina, incluindo um visitante de Ramala, da Palestina, que estava no Brasil. Os trabalhos foram abertos pelo companheiro Khader Othoman do Comitê de Solidariedade à Palestina, que manifestou seu entusiasmo pela onda revolucionária que varre o mundo árabe e deu as boas vindas a Alan Woods. Em seu discurso, o camarada Alan enfatizou a conexão de causalidade entre os eventos no mundo árabe e a crise geral do capitalismo mundial. Ele enterrou a idéia de que a classe operária já não é mais uma força revolucionária, apontando para a onda de greves e manifestações na Europa e no maravilhoso movimento dos trabalhadores de Madison, Wisconsin, nos EUA. Alan lembrou as palavras de Lênin, quando ele assinalou que na Rússia a corrente do capitalismo quebrou em seu elo mais fraco. Agora a história se repete na Revolução árabe. “A Revolução Árabe começou, mas ainda não terminou”, afirmou. “As massas não estão lutando pela democracia em abstrato, mas por criação de empregos, moradia e um padrão de vida decente. Mas nenhum governo burguês pode dar-lhes essas coisas. Eles não podem dar-lhes na Europa nem nos EUA, assim como não podem dar a eles no Egito. Portanto, a revolução continuará, com altos e baixos, durante um longo período. Cedo ou tarde a classe operária vai concluir que a única saída é tomar o poder”. Foi dada a palavra ao plenário animado. A discussão incluiu perguntas sobre a Líbia, a revolução latino-americana e o papel do Brasil, a natureza do PT e a questão da direção. Sobre a questão da Líbia, Alan disse que tinha começado como uma revolta popular genuína, mas degenerou em uma guerra civil na qual alguns elementos um tanto questionáveis se impuseram à frente. Estes incluíam vários ex-ministros de Khadafi, que exigiam a intervenção dos imperialistas. Esta foi uma posição reacionária que rejeitamos totalmente. Alan denunciou a hipocrisia dos americanos, britânicos e franceses que apoiaram todas as ditaduras árabes reacionárias e agora alegam estar lutando pela democracia e os direitos do povo líbio: “Se eles tiverem êxito, a Líbia vai ser entregue aos imperialistas e as coisas vão ser ainda pior do que antes”, disse ele. Alan também criticou a chamada Organização das Nações Unidas, que é apenas um disfarce para o imperialismo: “Onde estava a proposta de uma zona de exclusão aérea quando Israel atacou Gaza”, questionou. Alan salientou o fato de que os mesmos processos estavam ocorrendo em todo o mundo, com velocidades e intensidade que variam. No Brasil, também, houve o início de uma efervescência e greves. Ele ressaltou a importância da América Latina na luta mundial pelo socialismo. Ele ressaltou o caráter internacional da revolução. “As revoluções não respeitam fronteiras e, menos ainda as fronteiras artificiais que foram impostas pelo colonialismo no Norte da África e no Oriente Médio, que dividem o corpo vivo da grande nação árabe. A principal tarefa da revolução árabe é a abolição dessas fronteiras e o estabelecimento de uma Federação Socialista que se estenda desde o Atlântico até o Eufrates.” Ele terminou estabelecendo um paralelo entre esta questão e a América Latina, que tem sido balcanizada e subordinada ao imperialismo. “Eu não gosto da maneira sentimental de como as pessoas usam a palavra ‘sonho’ ao se referir à idéia de Simon Bolívar e Che Guevara. A unificação da América Latina não é um sonho, mas uma necessidade”. “A burguesia teve 200 anos para mostrar do que eles são capazes na América Latina, e tudo que eles conseguiram é transformar o que deveria ser um paraíso terrestre em um inferno vivo para milhões de pessoas. A única maneira de desenvolver o potencial colossal do continente é pela via revolucionária - através da expropriação das oligarquias e da criação dos Estados Unidos Socialistas da América Latina, como o primeiro passo para a Federação Socialista Mundial”, disse ele. “Outro mundo é possível, e se chama: socialismo”, concluiu Alan sob entusiasmados aplausos. |