Era sítio frequentado
por pobre ou remediado
por rico ou por meliante
E era natureza sua
o ser da gente da rua
o ser sítio cativante
Mas um dia os cifrões
mais gordos que os corações
para o mercado olharam
E um bando de bandalhos
torceram a rama aos alhos
e seu reino cobiçaram
Como precisava de obras
os cifrões viraram cobras
e o mercado sua presa
Decidiram em segredo
semear veneno e medo
para não haver defesa
Uma vez delineado
novo rumo p'ró mercado
marcaram demolição
Porém o povo tripeiro
tem afecto verdadeiro
pelo seu velho Bolhão...
Ponha aqui o seu pezinho
ó vizinha, ó vizinho
que nos roubam o mercado
Meta os butes ao caminho
venha mostrar o focinho
e mostrar seu desagrado
Já temos shoppings a mais
e outras lojas que tais
preferimos o Bolhão
Agora arrebenta a bolha
e há que fazer a folha
a quem quer demolição
Ó talhantes, ó peixeiras,
floristas e vendeiras
de hortaliça e de fruta
Aqui viemos dizer
que o nosso querer é poder
abaixo os filhos da puta
Nada somos separados
mas juntos somos danados
e já cresce o furacão
Não baixaremos os braços
fortes são os velhos laços
que nos ligam ao Bolhão
Esta casa que habitais
por peritos especiais
até foi classificada
Património construído
pela lei é protegido
em terra civilizada
Mas as pedras sem as gentes
são como chão sem sementes
nada criam nada falam
Se há malta que não se sente
filha é de fraca gente
gritai pois o que eles calam
Convosco faremos frente
à proposta indecente
de demolir o Bolhão
No fim faremos banquetes
mas segurai os foguetes
agora é preciso acção
Com teimosia e revolta
se dará talvez a volta
a esta pouca vergonha
Mas cautela, ó ocupante,
urge ser perseverante
porque os gajos vendem ronha
Aqui estamos e estaremos
muitos embora pequenos
e não arredamos não
Contra a corja de bandidos
de vendilhões presumidos
que cobiçam o Bolhão
Quando na cova estivermos
passados alguns Invernos
os vindouros pensarão
Obrigado companheiros
porque fostes altaneiros
na defesa do Bolhão
Acaba a canção de rua
mas a luta continua
até gritarmos vitória
O Bolhão não vai morrer
se a malta não ceder
porque é nossa esta história
Para cantar com a modinha açoreana «Ponha aqui o seu pezinho»)
Regina GuimarãesAo Rui Rio! (musica de marco Paulo, a loira na mesa....)
Quando..
tu vens com essa cara
de presidente da câmara….
a olhar pr’a cidade
…
dá-me ...um arrepio na pele,
sinto a revolta do estômago,
só de pensar no que fazes!
mas tu não tens um pingo de vergonha,
queres vender o património,
nem perguntas a ninguém…
idealizando vendas e recursos,
só para o teu bolso,
vem falar para mim…
o bolhão ainda é nosso,
o ferreira Borges também,
o Rivoli escapou,
e tu fazes de conta...
mas na nossa cabeça
desvarios e loucuras
quando tu apareces
ninguém já nos segura….
rui rio
rui rio
não venhas
pr’a cá
com as tuas conversas
dar chá….
rui rio
rui rio
atira-te ó rio
não queremos contigo
vender
a cidade….
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