Leitura de histórias de Robert Walser, por Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral, na livraria-café-bar Gato Vadio(10 de Dez. de 2011, às 17h00)
Leitura de histórias de Robert Walser, por Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
No dia 10 de Dezembro de 2011, pelas 17h00.
Local: Livraria-café-bar Gato Vadio: Rua do Rosário, 281, Porto.
Robert Walser (Biel, 15 de Abril de 1878 – Herisau, 25 de Dezembro de 1956) foi um escritor suíço de língua alemã. Escreveu nove romances, dos quais restam quatro, além de mais de mil contos. Foi admirado pelos escritores da sua época como Musil, Kafka, Hermann Hesse e Walter Benjamin.Teve uma vida atribulada, com depressões, ansiedades e alucinações, até lhe ser diagnosticada uma esquizofrenia. Entra em 1929 voluntariamente numa clínica psiquiatra e aí permaneceu até à sua morte, no dia de Natal de 1956, quando decide fazer um passeio pela neve, caminhando até ao desfalecimento completo. Aquando do seu internamento, escreve: “Não estou cá para escrever, mas para ser louco”. Hoje é considerado um dos grandes escritores de língua alemã do século XX.
As suas principias obras são: Os Irmãos Tanner, Jacob von Gunten, O ayudante, O bandido, A rosa, O passeio
Bibliografia em português
• Gata Borralheira; Branca de Neve; A Bela Adormecida. Lisboa: & etc, 2000.
• O passeio e outras histórias. Porto: Granito, 2001.
• O salteador. Lisboa: Relógio d'Água, 2003.
• A rosa. Lisboa: Relógio d'Água, 2004.
• Jakob van Gunten: um diário. Lisboa: Relógio d´Água, 2005.
• O ajudante. Lisboa: Relógio d´Água, 2006.
• Histórias de Amor. Lisboa: Relógio d´Água, 2008.
Excerto:
De quando em vez fazemos teatro, pequenos divertimentos que aos poucos degeneram em farsas até que a professora com um sinal nos diz para parar: A mãe: «Não posso permitir que se case com a minha filha. O senhor é demasiado pobre.» O herói: «A pobreza não é vergonha.» - A mãe: «Pois, pois, palavras leva-as o vento. Quais são as suas perspectivas?» - A namorada: «Mamã, peço-lhe, com toda a consideração que sinto por si, que seja mais gentil com o homem que eu amo.» - A mãe: «Calada! Um dia vais agradecer-me por ter respondido com esta severidade impiedosa. - Diga-me, meu senhor, onde foi que fez os seus estudos?» - o herói (um polaco representado por Schilinski): «Estimada senhora, estudei no Instituto Benjamenta. Perdoe-me o orgulho com que o digo.» - A filha: «Oh, mamã, veja só como ele responde. Que finas maneiras.» - A mãe (severa): «Não me venhas com maneiras. Nos nossos dias já não têm qualquer valor as maneiras aristocráticas. O senhor diga-me, por cortesia: O que foi que aprendeu nesse Instituto Bagnamenta?» - O herói: «Perdão: Benjamenta é como se chama a escola, não Bagnamenta. O que eu aprendi? Pois devo dizer que muito pouco. Mas hoje em dia saber muito já não é importante. A senhora concordará.» - A filha: «Está a ouvir, mamã querida?» - A mãe: «Cala-te, estouvada, não me digas para ouvir ou levar a sério estas tolices. O senhor, um jovem bem-parecido, fazia-me um favor se desaparecesse e nunca mais voltasse.» - O herói: «Atrevem-se a pedir-me tal coisa? - Pois seja. Adeus, vou-me embora.» Ele sai, etc. etc. as nossas pequenas peças aludem sempre à escola e aos alunos. O mesmo aluno vive diferentes destinos, bons e maus, que se entrecruzam coloridamente. Tem êxito no mundo ou é vitima das piores desgraças. As peças acabam sempre com a consagração do serviço humilde erigido em símbolo. A fortuna é serva: eis a moral da nossa literatura dramática.
Robert Walser, Jakob von Gunten. Tradução de Isabel Castro Silva.
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