Eu velida nom dormia (a cantiga de amigo de Pedro Eanes Solaz)
Eu velida nom dormia lelia doura, e meu amigo venia, edoi lelia doura.
Nom dormia e cuidava lelia doura, e meu amigo chegava, edoi lelia doura.
E meu amigo venia, lelia doura, e d'amor tam bem dizia edoi lelia doura.
E meu amigo chegava, lelia doura, e d'amor tam bem cantava edoi lelia doura.
muito desejei amigo, lelia doura, que vos tevesse comigo, edoi lelia doura.
Muito desejei amado, lelia doura, que vos tevesse a meu lado, edoi lelia doura.
Leli, leli, par Deus, leli lelia doura, bem sei eu que nom diz leli, edoi lelia doura.
Bem sei eu quem nom diz leli, lelia doura, demo x'é quem nom diz lelia, edoi lelia doura.
Pedro Eanes Solaz. Séc. XIII.
Comentário: trata-se de uma cantiga de amigo de um poeta galego do séc.XIII que é objecto de estudo e alguma polémica pela presença de palavras com sentido enigmático, de origem árabe ( «Leli», «Leli doura»), e onde Herberto Helder foi buscar o título para uma antologia de poesia portuguesa de que foi o organizador ( «edoi lelia doura, "Antologia das Vozes Comunicantes da Poesia Moderna Portuguesa"»).
Pelo ritmo e pelo refrão esta cantiga parece uma cantiga feita para bailar, tendo sido provavelmente cantada por uma soldadeira a um senhor mourisco, ou um músico árabe
Segundo certos autores, Leli significa «a minha noite»; edoy significa «e hoje»; Lelia significará «para mim»: doura significa « a minha vez». Se assim for « edoi lelia doura» quer dizer «agora é a minha vez». Mas a interpretação não é consensual entre os estudiosos.
O cantor e músico berciano Amancio Prada interpreta a cantiga d'Amigo de Pedro Eanes Solaz (Século XIII
Outra Cantiga de Pedro Eanes Solaz
Dizía la ben talhada: «Agora viss'eu, penada, ond'eu amor hei».
A ben talhada dizía: «Penada, viss'eu un día ond'eu amor hei.
Ca, se o viss'eu, penada, non sería tan coitada, ond'eu amor hei.
Penada, se o eu visse, non ha mal que eu sentisse, ond'eu amor hei.
Quen lh'hoje por mí dissesse que non tardass'e veesse ond'eu amor hei.
Quen lh'hoje por mí rogasse que non tardass'e chegasse ond'eu amor hei».
Nos Cancioneiros da Lírica Galego-Portuguesa Medieval conservam-se deste Jogral ou segrel três Cantigas d'Amigo e quatro d'Amor (uma delas paródica, dedicada a uma freira,e que poderia considerar-se de Escárnio: Non est a de Nogueyra a freyra que m'en poder ten)
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