Atlântico Negro – Na Rota dos Orixás
Ciências Humanas e Sociais

Atlântico Negro – Na Rota dos Orixás




O imenso continente africano, pouco conhecido entre nós é muito bem retratado no filme Atlântico Negro- Na Rota dos Orixás (1988) dirigido por Renato Barbieri. Este documentário de 54 minutos mostra o tráfico de Escravo da África para o Brasil em que mais de 4 milhões de negros foram embarcados na Costa Africana com destino a Bahia, Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande de Sul.
No entanto, o documentário não apenas nos apresenta o tráfico negreiro como nos faz refletir mais criticamente sobre este, já que, como mostrado no documentário os escravistas estavam interessados exclusivamente na força de trabalho do africano, mas nos porções dos navios além de músculos os africanos tinham ideias, sentimentos, tradições, mentalidades, hábitos alimentares, ritmos, canções, crenças religiosas e formas de ver a vida e todas essas questões eram levadas dentro da alma deste africano.
Desta forma vemos o quanto o Africano sofreu não apenas fisicamente - questão apresentada em livros didáticos, mas sofreu e muito pscicologicamente. Esta questão é muito discutida no documentário, e considero de extrema importância para que consigamos ter uma visão mais ampliada sobre o que realmente foi a escravidão, sobre a questão ideológica em que os escravistas consideravam que apenas seu modo de ver o mundo estava correto.
Infelizmente essa concepção não encontra-se apenas no passado, vemos até hoje essa diferenciação como um modo de controlar as pessoas e a África continua sofrendo com esses moldes que são impostos como mostra o documentário, já que a mídia nos apresenta na maioria das vezes a África como algo negativo pois exalta apenas as tragédias, guerras, fome.
Este belíssimo documentário mostra imagens da vida cotidiana e da cultura africana desconhecidos por nós, além de apresentar elementos que nos aproximam da África, como as dimensões: religiosa, musical, gestual, gosto pelas cores, alegria, ritmos, danças e até a forma como falamos a Língua Portuguesa. Estes elementos comprovam o quanto a África e o Brasil estão ligados. Desta forma, se deixarmos a África de lado nunca conseguiremos entender o Brasil a fundo.
Por isso, Barbieri e sua equipe fizeram a conexão entre esses dois mundos, separados pelo oceano atlântico, mas ainda unidos pelos orixás. Este documentário espetacular contemplado por vários prêmios deve ser assistido uma vez que nos desenvolve um pensamento mais crítico sobre a escravização e nos aproxima do continente africano travando relações entre Brasil e África.




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