Agricultura urbana: uma alternativa de sustentabilidade
Ciências Humanas e Sociais

Agricultura urbana: uma alternativa de sustentabilidade


Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a produção agrícola em cidades é um fenômeno crescente no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a possibilidade de acesso aos alimentos é muito desigual e o sistema de abastecimento inadequado. A FAO define agricultura urbana como aquela referente ao cultivo dentro das cidades; já a agricultura peri-urbana é aquela praticada em unidades periféricas, ao redor das cidades. Ambas são realizadas principalmente por ex-camponeses, trabalhadores da terra que, devido ao êxodo rural, vieram para os centros urbanos em busca de emprego. Ao produzir alimento para seu próprio consumo, esses moradores também reforçam sua renda ao vender o excedente da colheita, proporcionando à comunidade local maior acesso a alimentos de qualidade e a preços mais baixos.

As espécies produzidas na horticultura têm alto rendimento, fornecendo até 50 kg/m² do vegetal fresco por ano, dependendo da tecnologia aplicada. Também possuem ciclo de produção curto – várias espécies podem ser colhidas em até 60 dias após o plantio, atendendo rapidamente às necessidades emergenciais de alimento às famílias, seja para sua alimentação ou para a venda, que resulta em renda para cobrir outros gastos.

Em cidades como São Paulo, as hortas urbanas têm sido alternativa para uma alimentação mais saudável e barata. Locais como a Av. Radial Leste, uma das mais movimentadas da capital, abrigam hortas que alimentam dezenas de famílias de baixa renda. Essa atividade está prevista no Plano Diretor do município, pois, além de combater a fome e promover a inclusão social, contribui para a melhoria das condições ambientais, possibilitando a ocupação de terrenos vazios, que ao invés de acumular mato e lixo, são tratados e cultivados, fornecendo alimento fresco e sem agrotóxicos. A lei permite redução do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) aos donos dos locais escolhidos, e estimula a formação de cooperativas de agricultores das hortas urbanas e a venda dos produtos cultivados de forma orgânica, ou seja, sem o uso de agrotóxicos.

A agricultura urbana contribui também para melhorar muitos outros aspectos da vida nos centros urbanos. No que diz respeito à segurança alimentar, o consumo de maior quantidade de alimento e o frescor dos alimentos perecíveis que realçam seu sabor mostram, segundo estudos de caso, que as crianças pertencentes às famílias produtoras possuem diferencial nutricional superior às outras de famílias pobres não-produtoras. Além disso, fortalece a organização comunitária e a economia solidária, valoriza a cultura e o conhecimento popular sobre plantas e tipos de plantio, ocupa idosos e desempregados e garante alimentos de boa qualidade e variedade.

A actividade também contribui para a melhoria do meio ambiente: aumenta a permeabilidade do solo, reduz erosões, substitui terrenos ociosos que antes teriam a destinação à especulação imobiliária ou a degradação ambiental. Sua utilização para a produção em bases agroecológicas (sem agrotóxicos nem fertilizantes) de baixo custo, por meio de planos participativos, promove a educação alimentar, a diversificação e valorização da cultura alimentar local, o fortalecimento da agricultura familiar e contribui para o abastecimento urbano, gerando instrumentos de inclusão social.

Em Cuba, as hortas urbanas ganharam nova dimensão após o fim da URSS, principal fornecedor de agrotóxicos e fertilizantes químicos para o país. A falta desses produtos obrigou o país a partir para a produção orgânica, sem pesticidas e usando adubo verde. A quantidade de alimentos produzida nas hortas aumentou de 40 mil toneladas em 1995 para 115 mil toneladas em 1998. A agricultura urbana em Havana produziu, em 1999, 65% de todo o arroz consumido no país e 46% dos vegetais frescos. Além do aumento da produção de alimentos, esses agricultores observaram que o ataque de pragas diminuiu significativamente devido à diversidade de plantas cultivadas.

Ao utilizar adubo orgânico, a agricultura urbana também incrementa os processos de reciclagem. Mais da metade dos resíduos produzidos pelas cidades são orgânicos, provenientes de restos de alimentos que podem ser transformados em adubo verde com o uso de composteiras. Assim, uma solução simples e de baixo custo dá sustentabilidade ao processo, produzindo alimentos e reutilizando os resíduos na produção de mais alimentos.

(texto retirado da net)



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