8 de Março de 2009 - Dia internacional das mulheres
O Dia Internacional da Mulher é comemorado em homenagem às operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque que, em 8 de Março de 1857, entraram em greve, ocupando as instalações fabris, para reivindicarem a redução do seu horário de trabalho de mais de 16 horas por dia para as 10 horas laborais diárias. Estas operárias recebiam menos de um terço do salário dos homens e, devido à posição que tomaram, foram fechadas dentro da fábrica, onde, entretanto, deflagrou um incêndio. Cerca de 130 mulheres morreram. Em 1910 numa conferência internacional das mullheres, realizada na Dinamarca, foi decidido comemorar o Dia Internacional da Mulher nessa data de cada ano civil, em homenagem àquelas operárias
Consultar os textos já publicados neste blogue:
- A origem do dia internacional da mulher
- 8 de Março – Greve global das mulheres
- A mulher é o futuro do homem ( canção de Jean Ferrat sob inspiração de Aragon) -A mulher rural é a guardiã dos segredos da terra e do conhecimento agrícola popular
-Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade -Femmes debout ( série de 5 episódios sobre a luta pela emancipação da mulher)
"Every time we liberate a woman, we liberate a man." (Margaret Mead)
"Feminism is the radical notion that women are people."
"O grau de emancipação das mulheres é um indicador do grau de emancipação da sociedade" (Charles Fourier)
Como apareceu o Dia Internacional da Mulher ( breve cronologia)
1907 Movimento das Sufragistas pelo voto feminino nos EUA.
1907 Em Stuttgart, é realizada a 1ª Conferência da Internacional Socialista com a presença de Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai. Uma das principais resoluções: Todos os partidos socialistas do mundo devem lutar pelo sufrágio feminino.
1908 Em Chicago (EUA), no dia 3 de maio, écelebrado, pela primeira vez, o Woman´s Day. A convocaçãoé feita pela Federação Autónoma de Mulheres.
1909 Novamente em Chicago, mas com nova data, último domingo de Fevereiro, é realizado o Woman ´s Day. O Partido Socialista Americano é o organizador
1910 A terceira edição do Woman’s Day é realizada em Chicago e Nova Iorque pelo Partido Socialista, no último domingo de Fevereiro. Em Nova Iorque, é grande aparticipação de operárias devido a uma greve que paralisava as fábricas detecido da cidade. Dos trinta mil grevistas, 80% eram mulheres.Essa greve durou três meses e acabou no dia 15/02, véspera do Woman’s Day.
- Em Maio seguinte, o Congresso do Partido Socialista Americano delibera que as delegadas ao Congresso da Internacional,que seria realizado em Copenhague, na Dinamarca, em agosto, defendam que a Internacional assuma oDia Internacional da Mulher. Este deve ser comemorado no mundo inteiro, no último domingo de fevereiro, a exemplo do que já acontecia nos EUA.
- Em agosto, a 2ª Conferência Internacional da Mulher Socialista, realizada dois dias antes do Congresso, delibera que: as mulheres socialistas de todas as nacionalidades organizarão (...)um dia das mulheres específico, cujo principal objetivo seráa promoção do direito a voto para as mulheres. Não é definida uma data específica.
1911 Durante uma nova greve de tecelãs e tecelões, em Nova Iorque, morrem 146 grevistas, a causa de um incêndio devido a péssimas condições de segurança. Na Alemanha, Clara Zetkin lidera as comemorações do Dia da Mulher, em 19 de março.
1914 Pela primeira vez, a Secretaria Internacional da Mulher Socialista, dirigida por Clara Zetkin, indica uma data única para a comemoração do Dia da Mulher: 8 de Março.
Ligações:
http://colectivofeminista.blogspot.com/ http://www.escueladefeminismo.org/spip.php?rubrique20 (em português) http://www.umarfeminismos.org/index.htm http://www.sof.org.br/marcha/ (Marcha mundial das mulheres) http://www.cf8.org.br/ http://www.amcv.org.pt/
http://www.guerrillagirls.com/ http://feministlibrary.co.uk/ International Museum of Women http://www.thefword.org.uk/ http://www.millionwomenrise.com/ http://www.feministactivistforum.org.uk/ http://www.grassrootsfeminism.net/cms/ http://femadlibkolektiv.blogspot.com/ http://www.anticapitalistfeminists.co.uk/ http://www.feministfightback.org.uk/ http://www.leftwomensnetwork.org/
no Fórum Social Mundial de 2009, realizado em Belém do Pará, Brasil
No ano em que o FSM encontra-se com a população da Pan-Amazônia, nós mulheres de diferentes partes do mundo, reunidas em Belém, afirmamos a contribuição das mulheres indígenas e das mulheres de todos os povos da floresta como sujeito político que vem enriquecer o feminismo a partir da diversidade cultural de nossas sociedades e conosco fortalecer a luta feminista contra o sistema patriarcal capitalista globalizado. O mundo hoje assiste a crises que expõem a inviabilidade deste sistema. As crises financeiras, alimentar, climática e energética não são fenômenos isolados, mas representam uma mesma crise do modelo, movida pela superexploração o do trabalho e da natureza e pela especulação e financeirização o da economia. Frente a estas crises não nos interessam as respostas paliativas e baseadas ainda na lógica do mercado. Isto somente pode levar a uma sobrevida do mesmo sistema. Precisamos avançar na construção de alternativas. Para a crise climática e energética, negamos a solução por meio dos agrocombustíveis e do mercado de créditos de carbono. Nós, mulheres feministas, propomos a mudança no modelo de produção e consumo. Para a crise alimentar, afirmamos que os transgênicos não representam uma solução. Nossa proposta é a soberania alimentar e a produção agroecológica. Frente à crise financeira e econômica, somos contra os milhões retirados dos fundos públicos para salvar bancos e empresas. Nós mulheres feministas reivindicamos proteção ao trabalho e direito à renda digna. Não podemos aceitar que as tentativas de manutenção desse sistema sejam feitas à custa de nós mulheres. As demissões em massa, o corte de gastos públicos nas áreas sociais e a reafirmação desse modelo produtivo afeta diretamente nossas vidas à medida que aumenta o trabalho de reprodução e de sustentabilidade da vida. Para impor seu domínio no mundo, o sistema recorre à militarização e ao armamentismo; inventa confrontações genocidas que fazem das mulheres botim de guerra e sujeitam seus corpos à violência sexual como arma de guerra contra as mulheres no conflito armado. Expulsa populações e as obriga a viver como refugiadas políticas; deixa na impunidade a violência contra as mulheres, o feminicídio e outros crimes contra a humanidade, que se sucedem cotidianamente nos contextos de conflitos armados. Nós feministas propomos transformações profundas e radicais das relações entre os seres humanos e com a natureza, o fim da lesbofobia, do patriarcado heteronormativo e racista. Exigimos o fim do controle sobre nossos corpos e sexualidade. Reivindicamos o direito a decidir com liberdade sobre nossas vidas e territórios que habitamos. Queremos que a reprodução da sociedade não se faça a partir da superexploração o das mulheres. No encontro das nossas forças, nós nos solidarizamos com as mulheres das regiões de conflitos armados e de guerra. Juntamos nossas vozes às das companheiras do Haiti e rechaçamos a violência praticada pelas forças militares de ocupação. Nossa solidariedade às colombianas, congolesas e tantas outras que resistem cotidianamente à violência de grupos militares e das milícias envolvidas nos conflitos em seus países. Expressamos nossa solidariedade com as iraquianas que enfrentam a violência da ocupação militar norte-americana. Nesse momento em especial, nós nos solidarizamos com as mulheres palestinas que estão na Faixa de Gaza, sob ataque militar de Israel. E nos somamos a todas que lutam pelo fim da guerra no Oriente Médio. Na paz e na guerra nos solidarizamos às mulheres vitimas de violência patriarcal e racista contra mulheres negras e jovens. De igual maneira, manifestamos nosso apoio e solidariedade a cada uma das companheiras que estão em lutas de resistência contra as barragens, as madeireiras, mineradoras e os mega-projetos na Amazônia e outras partes do mundo, e que estão sendo perseguidas por sua oposição legítima à exploração. Nos somamos às lutas pelo direito à água. Nos solidarizamos a todas as mulheres criminalizadas pela prática do aborto ou por defenderem este direito. Nós reforçamos nosso compromisso e convergimos nossas ações para resistir à ofensiva fundamentalista e conservadora, e garantir que todas as mulheres que precisem tenham direito ao aborto legal e seguro. Nos somamos às lutas por acessibilidade para as mulheres com deficiência e pelo direito de ir e vir e permanecer das mulheres migrantes. Por nós e por todas estas, seguiremos comprometidas com a construção do movimento feminista como uma força política contra-hegemônica e um instrumento das mulheres para alcançar a transformação de suas vidas e de nossas sociedades, apoiando e fortalecendo a auto-organização das mulheres, o diálogo e articulação das lutas dos movimentos sociais. Estaremos todas, em todo o mundo, no próximo 8 de março e na Semana de Ação Global 2010, confrontando o sistema patriarcal e capitalista que nos oprime e explora. Nas ruas e em nossas casas, nas florestas e nos campos, no prosseguir de nossas lutas e no cotidiano de nossas vidas, manteremos nossa rebeldia e mobilização. Belém, 1 de fevereiro de 2009
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