Ciências Humanas e Sociais
Vegetarianismo
Vegetarianismo previne cancro e doenças cardiovasculares
(texto da jornalista Helena Norte)
Fonte: JN
Os vegetarianos que seguem um regime alimentar equilibrado e variado apresentam uma menor incidência de cancro e doenças cardiovasculares, bem como níveis mais baixos de obesidade e hipertensão arterial em relação à restante população. Vários estudos comprovam que a alimentação à base de produtos vegetais promove uma maior qualidade de vida e protege de diversas patologias degenerativas. Desde que se observem certos cuidados. Mitos e verdades sobre a carne e a necessidade de proteína animal.
A Associação Americana de Dietética conclui, num estudo alargado publicado em 2003, que a alimentação vegetariana bem planeada, mesmo a mais radical - como a vegan, que exclui todo o tipo de produto de origem animal -, é apropriada para todas as idades, incluindo bebés e idosos, mulheres grávidas e lactantes. Mais apresenta níveis baixos de colesterol, gorduras saturadas e teores elevados de carbohidratos, fibras, magnésio, potássio, antioxidantes e várias vitaminas.
Pedro Graça, professor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, afirma que há uma relação estatisticamente comprovada entre a alimentação vegetariana e índices mais baixos de cancro do pulmão e do tracto digestivo, doenças cardiovasculares e obesidade. Estudos que compararam vários indicadores de saúde entre grupos vegetarianos e a população omnívora são bastante conclusivos quanto aos benefícios desse tipo de regime alimentar. Pedro Graça sublinha, contudo, que, embora a importância da alimentação seja inquestionável, existem outros factores que influenciam decisivamente o estado de saúde. "Verifica-se que os vegetarianos, em regra, praticam mais exercício físico, evitam o álcool e consomem menos tabaco do que a população em geral, o que contribui para prevenir diversas doenças".
Por outro, diversas investigações revelam que os défices proteicos são relativamente raros entre as pessoas que não comem carne nem peixe. A necessidade de proteínas animais é um mito? "É e não é", responde o especialista. É preciso distinguir carne de proteínas de origem animal e perceber as reais necessidades proteicas cerca de 10 a 15% do total de calorias ingeridas diariamente. Os produtos de origem animal - como a carne e o peixe, mas também o leite e os ovos - são ricos em proteínas de alta qualidade, porque têm os aminoácidos essenciais nas quantidades e proporções certas.Há muitos vegetais que também têm aminoácidos.
O problema reside nas proporções se não forem as correctas, a absorção de proteínas é reduzida. Por essa razão, é preciso saber combinar cereais com leguminosas e produtos hortícolas, por exemplo. Ou seja, é possível suprir a necessidade de proteína, recorrendo apenas a vegetais, mas é preciso alguns cuidados. Esta questão não coloca para os ovolactovegetarianos, uma vez que os produtos lácteos e os ovos são completos do ponto de vista proteico.As proteínas não são o único nutriente que pode faltar num regime vegetariano mal balanceado.
A vitamina B12 encontra-se quase exclusivamente nos alimentos de origem animal e a sua carência prolongada provoca anemia e problemas digestivos e nervosos. Algas, sementes germinadas e levedura de cerveja são alguns dos produtos com um bom teor de B12.A alimentação vegetariana durante a infância é um assunto quase tabu. É verdade que as crianças têm exigências nutricionais específicas, pelo que convém observar cuidados especiais, o que não significa, porém, que seja imprescindível comer carne e peixe.
Pedro Graça cita vários estudos realizados com crianças vegetarianas puras que apontam para um crescimento mais lento, entre o primeiro e o terceiro ano de vida, que se esbate, contudo, a partir dos cinco anos e já não é perceptível aos dez.
Há também algumas investigações que apontam para alguns défices de ferro, vitaminas B e B12, cálcio e zinco nas crianças antes da adolescência. Por essas razões, o nutricionista aconselha a que, até essa idade, o regime alimentar contemple leite e ovos para evitar carências de nutrientes essenciais.
Vegetarianismo e macrobiótica são estilos de alimentação que ainda são facilmente confundidos, embora haja diferenças substanciais. A começar pelo uso de animais. O vegetarianismo exclui carne e peixe, podendo recorrer a ovos e lacticínios, no caso dos ovolactovegetarianos. A macrobiótica defende um regime adaptado a cada pessoa, podendo incluir carnes brancas e peixe em doses baixas. Em contrapartida, evita ovos, leite e seus derivados, açúcar, chá, café e produtos refinados e também frutos e vegetais tropicais.
O princípio orientador não é tanto a origem mas se é equilibrado e sustentável, tanto para cada pessoa como para o meio ambiente. Francisco Varatojo, precursor da filosofia de vida macrobiótica em Portugal, desmistifica alguns dos preconceitos que ainda rodeiam a comida macrobiótica. "A ideia da monodieta de arroz integral é incorrecta. Defendemos uma alimentação variada, com destaque para os cereais integrais, mas também vegetais, leguminosas e algas. Não é um modelo rígido ou um dogma alimentar". A macrobiótica - palavra de origem grega composta por "macro" (grande) e "bio" (vida) - defende um estilo de vida em harmonia, tanto quanto possível, com a Natureza. Isso significa comer alimentos biológicos e naturais, preferencialmente da época e da região em que são consumidos. Propõe um padrão, um modelo, que deve ser adaptado à idade, condição e actividade física de cada pessoa, explica o director do Instituto Macrobiótico de Portugal. Razões para se ser macrobiótico, no século XXI, são variadas, garante Varatojo. Porque é benéfico para a saúde. Porque contribui para o equilíbrio do ecossistema.
fonte: aqui
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