Trabalhadores em greve em Sines fizeram frente no passado dia 6 à repressão das forças da GNR
Gritando «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais» e «a luta continua», os trabalhadores da ETAR da Ribeira de Moinhos não vergaram à carga da GNR.
Foi no passado dia 6 de Março e a greve durava já um mês .
As duas dezenas de trabalhadores da estação de tratamento de águas residuais - propriedade da Águas de Santo André (do grupo público Águas de Portugal), concessionada à Sisáqua (do grupo Consulgal/IPG, liderado por José Goes Ferreira, accionista de referência do Millenium BCP) - continuavam a bater-se pelos mesmos objectivos que já os levaram a fazer, no ano passado, 12 dias de greve: melhores salários, melhores condições de segurança e mais protecção para os trabalhadores de turno.
O piquete de greve tentou (e conseguiu) impedir que um camião de transporte de cereais fosse carregar lamas perigosas acumuladas na ETAR.
Como explicou o Sindicato da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas, aqueles trabalhadores ganham pouco mais que o salário mínimo nacional, e a exigência de uma remuneração mínima de 800 euros até fica abaixo do que na região recebem outros profissionais com funções semelhantes.
Mas, refere o Sinquifa/CGTP-IN, a Sisáqua é uma empresa intermediária, cujos lucros dependem da diferença entre o que recebe da Águas de Santo André e o que gasta com os trabalhadores... Razão mais que bastante para se compreender por que a concessionária persiste em manter os baixos salários, recusar dois operadores por turno e não melhorar as condições de trabalho e de protecção ambiental.
Já não é tão facilmente explicável a posição da Águas de Santo André e da holding Águas de Portugal, bem como do Governo. Perante os trabalhadores, a empresa até se comprometeu a pressionar a Sisáqua para que fossem satisfeitas todas as reivindicações dos operários, mas isso não teve consequências práticas.
Os serviços ditos mínimos, impostos por despacho dos ministérios do Trabalho e do Ambiente, apenas vieram agravar a tensão. A pressão exercida sobre os trabalhadores, mais recentemente, procurando responsabilizá-los pelos riscos ambientais ligados ao prolongamento do conflito, também não abre portas a uma solução.
Os trabalhadores e o sindicato exigem que a Águas de Santo André tome posse da ETAR e do pessoal, apoiados pelas autarquias locais de Sines e Santiago do Cacém, e os presidentes destes municípios exigem uma intervenção do ministro do Ambiente, mas este veio anteontem lavar as mãos nesta matéria.
Em tais circunstâncias, como referia o comunicado sindical no início da greve, só resta aos trabalhadores lutar. Contavam e contam com um movimento de solidariedade, que reuniu sexta-feira duzentas pessoas num jantar e que promoveu uma acção pública junto à ETAR.
A carga da GNR sobre os trabalhadores da Sisáqua foi repudiada pelos sindicatos que exigiram a imediata retirada da força policial e a averiguação do que ali ocorreu. O sindicato do sector notou que, «depois das cargas vergonhosas verificadas na Valorsul, a vergonha repete-se nas Águas de Santo André, curiosamente, outra empresa de capitais públicos», e considerou «sintomático que, mais uma vez, as forças de segurança se ponham ao lado dos patrões, contra os trabalhadores».
Note-se que face ao ocorrido o Ministério da Administraçâo Interna já solicitou um inquérito à Inspecção Geral da Administração Interna a fim de averiguar o abuso de poder e as ilegalidades cometidas pelas chamadas «forças da ordem» da GNR !
Fonte da notícia: jornal Avante
Ver o vídeo da carga da GNR sobre os valentes trabalhadores em greve em Sº André ( Sines)
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