Ciências Humanas e Sociais
T. COMP. RELIGIÃO ? ÉTNICO CULTURAL
.As Principais Religiões Mundiais
? O Cristianismo ainda é a religião com mais adeptos no mundo, pois predomina em cinco dos seis continentes. A América Latina reúne a maior porcentagem de fiéis, 92 % da população, mas é na Europa que se concentra a maioria dos cristãos, quase 600 milhões. O cristianismo, na verdade, deriva do judaísmo. As duas religiões, grandes pilares da civilização ocidental, dividiram-se a partir da crença de alguns judeus na profecia que preconizava a vinda do Messias, o filho de Deus, à Terra dos homens. O Messias - para os cristãos, Jesus Cristo - nasceria de uma família comum, morreria pelas mãos dos homens, ressuscitaria e enviaria ao mundo o espírito santificador (Espírito Santo), que aqui permaneceria até o fim dos tempos. Os judeus não reconhecem Jesus Cristo como o Messias. A doutrina cristã seria difundida pelos apóstolos, discípulos e primeiro seguidores de Cristo por meio do Novo Testamento da Bíblia. Logo, a Bíblia dos judeus só possui o Antigo Testamento.
? O islamismo é a principal religião da Ásia e tem expressiva adesão na África. Os dois continentes concentraram mais de 60% de seus seguidores. O número de muçulmanos aumentou 157% nos anos 90; assim, o islamismo se tornou, ao lado do cristianismo, uma religião com mais de 1 bilhão de fiéis ? foi fundado pelo profeta Maomé, mercador que viveu na Península Arábica entre os anos 570 e 632. A palavra árabe islã designa aqueles que são seguidores e submissos a Alá (do árabe Allah, Deus Supremo, divindade). Os adeptos do islamismo se auto intitulam muçulmanos. Os preceitos islâmicos estão contidos no livro sagrado, o Corão ou Alcorão (do árabe Alkurãn: a leitura; a leitura por excelência). Vale ressaltar que o islamismo é a religião que mais conquista adeptos em todo o mundo na atualidade.
? O judaísmo é a primeira religião monoteísta da história da humanidade. Fundamenta-se na a revelação dos Dez Mandamentos de Deus a Moisés, no Monte Sinai. Moisés descendia do hebreu Abrãao, patriarca da Mesopotâmia e primeira pessoa a receber uma revelação divina, há cerca de 4.000 anos. Com o passar da história, em 63 a. C., a Judéia é conquistada pelos romanos e torna-se uma província de Roma. Em 70 d. C., mais uma vez o templo judeu é destruído pelos romanos; em 135 d. C., a cidade de Jerusalém é arrasada. A partir de então, inicia-se a dispersão dos judeus por várias partes do mundo, conhecida como a Diáspora. Os judeus dispersos mantêm suas tradições e sua unidade, mas são discriminados (o antissemitismo) e perseguidos durante toda a Idade Média em vários países da Europa. Essas perseguições constantes ocorrerão até o princípio do século XX e favorecerão a migração em massa de judeus também para regiões da América do Norte, Austrália, Argentina etc. Fortalece-se, a partir do final do século XIX, o movimento sionista, que propunha a criação de um estado hebreu na Palestina. Em 1948, três anos após o fim da Segunda Guerra, é criado o Estado de Israel e termina, então, o período da Diáspora. O Estado judaico acolhe milhões de judeus do mundo todo, parte considerável vinda dos horrores dos campos de concentração, implementados pelos nazistas. Um novo período de conflitos inicia-se, agora entre os judeus e os árabes que habitavam as regiões da Palestina onde se criou Israel. Na atualidade, existem cerca de 13 milhões de judeus no planeta sendo que, aproximadamente, 4,5 milhões vivem no Estado de Israel. A comunidade judaica é bastante significativa em vários países do mundo, em especial no EUA, Canadá, Argentina, Uruguai, África do Sul, França, Reino Unido, Alemanha e em algumas áreas da CEI. No Brasil, os judeus concentram-se, principalmente, na cidade de São Paulo.
? O Protestantismo surge a partir da Reforma, iniciada no século XVI, tendo como principais lideres o alemão Martinho Lutero e o francês João Calvino. As propostas dos reformadores iam desde a abolição da rígida hierarquia da igreja católica à simplificação da liturgia. Frequentemente alguns autores utilizam a ética da expansão reformista como um dos motivos que levaram ao desenvolvimento do capitalismo, impulsionado neste mesmo período histórico. A opressão, que representava a igreja católica na Idade Média, fez com que a doutrina dos reformistas expandisse para vários países europeus, principalmente Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escócia e os países Escandinavos. Inclusive, em algumas dessas nações, houve sangrentas guerras religiosas entre reformistas e grupos cristãos majoritários. Dentre as várias ramificações reformistas surgiram as igrejas Anglicana, na Inglaterra; Presbiteriana, na Escócia; e, no final do século XVI, as igrejas Batista, Metodista e Adventista.
? O Hinduísmo consiste na fusão cultural e religiosa entre os Hindus ? povos que habitavam os vales dos rios Indo e Ganges e formavam uma brilhante civilização, que floresceu por volta de 3 mil anos antes da era Cristã - e tribos de arianos, que se instalaram nesta península a partir de 2500 antes de Cristo. Os arianos possuíam um sistema tradicional e rígido de castas, que eram determinadas a partir do nascimento. O hinduísmo é um conjunto de princípios, doutrinas e práticas religiosas conhecido dos seguidores pelo nome de sânscrito Sanatana Dharma, que significa a ordem permanente. Está fundamentado nos Vedas (conhecimento, em sanscrito), textos sagrados compostos de hinos de louvor e ritos.
? O Budismo é outra religião que possui bastante influência sobre a cultura oriental. Os mais de 300 milhões de budistas do mundo espalham-se, principalmente, pela Índia, Sri Lanka, Myanma, Laos, Tailândia, Camboja, Tibete, China, Mongólia, Coréia e Japão, além de existirem comunidades budistas na maioria dos países ocidentais. A religião foi criada na região da Índia, por volta do século VI antes de Cristo, a partir dos ensinamentos do príncipe Sidarta Gautama, o Buda, nascido numa família nobre do reino dos Sakyas. Segundo os budistas, Buda não representa, necessariamente, uma pessoa, mas um estágio espiritual de profunda sabedoria alcançado pelo Sidarta por meio de inúmeras reencarnações.
No Brasil, cerca de 76% da população brasileira é católica, ou seja, quase 120 milhões de adeptos, o que faz do país a maior nação católica do mundo. A igreja católica, que sempre exerceu uma influência muito grande sobre o povo brasileiro, hoje encontra-se dividida em duas principais correntes; uma que valoriza o caráter puramente religiosos da igreja, os conservadores, e a outra, chamada ala progressista, vinculada à teologia da libertação, que propõe uma participação da igreja nas lutas políticas e sociais. O Brasil possui, ainda, grande número de adeptos do protestantismo, do espiritismo e dos cultos afro-brasileiros, especialmente o candomblé. As igrejas protestantes pentecostais são divididas em mais de 35 denominações em nosso território nacional.
A Geografia e as Áreas de Conflito. A questão étnico-cultural
O Oriente Médio é, hoje, o principal foco de tensões geopolíticas em nível internacional.
A complexidade das disputas regionais decorre de uma multiplicidade de realidades que se superpõem: nacionais, religiosas, estratégicas. Situada na passagem entre três continentes (Europa, África e Ásia) e dotada das maiores reservas de petróleo conhecidas, a região apresenta alto interesse político e econômico para as superpotências. Desse modo, cada um de seus conflitos adquire, automaticamente, dimensões mundiais. A questão árabe-israelense é um dos eixos de tensões regionais, tendo quatro guerras e um acordo diplomático que está longe de representar um fator de estabilidade em médio prazo. A questão palestina é outro eixo de tensões. A implantação do Estado de Israel, em 1948, está na origem do problema palestino. Trata-se de um conflito nacional que opõe uma nação (povo palestino), dispersa por vários países (Israel, Líbano e Jordânia, principalmente), um Estado sem território, um Estado no exílio, à Organização de Libertação da Palestina (OLP).
O terceiro eixo de tensões é a questão libanesa, com uma guerra civil iniciada em 1975 e sem perspectivas de solução. O Líbano apresenta-se dividido por um conflito religioso que opõe a comunidade cristã às comunidades muçulmanas, estas também divididas internamente. Diante desse pequeno histórico, pode-se afirmar que esta questão não é fácil de ser solucionada, pois, só para se ter uma ideia da complexidade do problema, é só imaginar, no caso da criação de um estado Palestino, como ficaria a cidade de Jerusalém, que está dentro do território palestino proposto pela ONU: para esse território seria dada condição de status internacional, porque Jerusalém tem um sentido sagrado para os judeus, muçulmanos e cristãos. Apesar da complexidade e das dimensões, inclusive em termos de violência, da questão árabe-israelense no Machek, esse fato tem origens relativamente recentes. No início, esses povos já viveram harmonicamente na região ao longo de sua história e, na verdade, o conflito apareceu sobretudo a partir do movimento sionista. Entretanto, após várias décadas de conflitos, foram feitas várias tentativas de paz na região por meio de acordos. Os mais importantes foram os denominados Acordos de Oslo, quando, em 1993, a OLP e o primeiro-ministro trabalhista de Israel, Itzhak Rabin, firmam um acordo de paz em Washington, o qual foi batizado de Oslo por ser o resultado de negociações ocorridas na capital da Noruega. Os dois lados se reconhecem e assinam um documento que inclui uma série de princípios, os quais prevêem a devolução aos palestinos da maior parte da faixa de Gaza e de parte da Cisjordânia. A partir de 1994, os palestinos conquistam autonomia plena na maioria da faixa de gaza e em Jericó, assumindo a administração civil e a segurança interna. A defesa e as relações exteriores continuam em poder de Israel. Por outro lado, a evolução nas negociações, entretanto, é dificultada pela ação de grupos terroristas que se opõem aos acordos.
Vários pontos do acordo não são cumpridos e, em 1999, o trabalhista Ehud Barak forma uma coalizão ampla de governo, vence as eleições e retoma as negociações de paz. Por outro lado, é importante ressaltar que o futuro dessas negociações depende de uma série de fatores, dentre os quais a intransigência dos setores radicais de ambos os lados, que são contrários ao avanço no caminho da paz, a questão dos assentamentos de colonos judeus em terras palestinas, além da delicada questão do controle das fontes de água existentes na Cisjordânia. Além desses fatores, existe a complexa situação política entre Síria e Israel pelo controle das Colinas de Golã, que correspondem a uma porção do território sírio, anexado por Israel, sendo um ponto estratégico na geopolítica do Oriente Médio.
A Questão Palestina. A questão étnico-cultural
No início do século XX, cerca de um milhão de árabes habitavam a região da Palestina, que foi colocada sob mandato britânico ao fim da Primeira Guerra. Essas populações já viviam na região desde a Antiguidade e tinham passado um longo tempo sob jugo otomano. O sentimento nacional palestino começou a surgir após a Primeira Guerra, em decorrência da luta simultânea contra os britânicos e contra a imigração judaica.
Em l948-l949, a Guerra de Independência de Israel resultou na partilha dos territórios palestinos entre Israel, Egito e Jordânia, e teve como consequência a expulsão da maioria da população palestina. Em Israel, os que ficaram foram transformados em cidadãos de segunda classe, sujeitos a limitações nos direitos civis e submetidos, até 1966, a um regime de governo militar.
Os refugiados palestinos também não foram aceitos como cidadãos nos países árabes vizinhos (Jordânia, Egito, Síria e Líbano), pois os governos desses países recusavam-se a legitimar as fronteiras de Israel e temiam as tensões sociais que poderiam resultar da integração dessas populações. Os palestinos passaram a viver em campos precários nos países árabes, sujeitos a péssimas condições de emprego, de moradia e a todo o tipo de discriminação.
Em 1959, surgia a primeira organização militar palestina, a Al Fatah, liderada por Yasser Arafat, voltada para a criação de um Estado palestino. Em 1964, na Conferência de Cúpula Árabe de Alexandria, os líderes do Egito, da Argélia e da Tunísia patrocinavam o surgimento da Organização de Libertação da Palestina (OLP), que passa a ter a Al Fatah como braço armado. Na Carta de Fundação da OLP, ficava definida a sua posição histórica contra a existência de Israel e pela formação de um Estado palestino laico em toda a região.
A atividade guerrilheira dos federais da OLP esteve entre as causas da Guerra dos Seis Dias em 1967. Em 1970, em conseqüência da derrota na guerra, o rei Hussein ordenou a expulsão dos fedains acampados na Jordânia, o que originou o massacre conhecido como ?Setembro Negro?. Grandes contingentes de palestinos refugiaram-se no sul do Líbano, onde seriam constantemente fustigados por incursões israelenses.
Em 1973, a Conferência de Cúpula Árabe de Argel reconhecia a OLP como única representante legítima do povo palestino. Dois anos depois, a ONU adotava a mesma posição, tornando a OLP membro observador da Assembleia Geral. Ao mesmo tempo, a ONU votava a resolução pela criação de um Estado palestino na Cisjordânia e Gaza, de acordo com as fronteiras fixadas na partilha de 1947. Na mesma resolução, condenava-se a política de instalação de colônias israelenses nos territórios ocupados. Apesar da adesão internacional a essas decisões, Israel as ignora até hoje.
Em 1982, os constantes atritos fronteiriços entre os fedains acampados no Líbano e tropas israelenses provocaram a invasão do sul do Líbano por Israel, operação denominada ?Paz para a Galiléia? por Telavive. Rapidamente, as tropas de Israel conseguiram alcançar Beirute, submetendo-a a intenso bombardeio. Acossada, a OLP era obrigada a retirar os seus combatentes da capital libanesa e enviá-los para os países árabes vizinhos. Era a maior derrota militar da Organização.
Logo após a retirada da OLP, Israel invadia Beirute Ocidental e assistia impassível à entrada de milicianos cristãos libaneses nos campo de refugiados palestinos de Sabra e Chatila. Ao longo de quarenta e oito horas, entre os dias 19 e 20 de setembro de 1982, os milicianos cristãos promoveram um sangrento massacre contra crianças, velhos e mulheres indefesos. Até hoje, o número total de mortos não foi determinado.
A derrota no Líbano provocou a maior divisão na história da OLP. Arafat passou a uma linha de negociações, procurando apoio internacional para a formação de um Estado palestino que não excluísse a existência de Israel. Nessa linha, chega a negociar com o governo Reagan a formação de um estado palestino, confederado à Jordânia, na Cisjordânia. Pelo acordo assinado em Wye Plantatin (EUA), em 1998, Israel se compromete a novas retiradas da Cisjordânia, concluídas em março de 2000. Foi nessa situação de profunda divisão da OLP que foi deflagrada, nos primeiros meses de 2000, uma revolta generalizada dos palestinos da Cisjordânia e Gaza. Desde então, o processo de paz está paralisado.
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