A actual globalização dos sistemas de educação do ensino superior ameaça anular todo o espaço de critica e de dissidência; a cada vez maior tendência para a tecnocratização dos conteúdos, a elevada precarização dos estudantes e investigadores, os regimes de propriedade intelectual privada e as complexas hierarquias obstaculizam gravemente as possiblidades de um oposição e alternativa à Universdidade neoliberal.
A difícil abertura de um espaço político outro, no que toca a produzir um saber comum a partir do nosso desejo de autonomia, horizontalidade e participação, anima os organizadores deste Seminário, o colectivo « Assembleia de Precárias»
Nesse sentido lançou-se na oferta formativa no Campus uma acção que será a nossa primeira experiência de autoformação sob o tema «A globalização em crise. Controle, governamenbilidade e movimentos sociais» que pretende mapear os territórios e as lógicas da sociedade de controle e os novos movimentos sociais que a questionam a partir dela.
Programa:
18 de abril
Local: Faculdade de Direito, Aula 5
9:30 - 10:30 Conferencia inaugural: Abertura e creatividade: a historia do ser humano.
José Antonio Fernández de Rota, Catedrático de Antropología da UDC.
O ser mais incontrolado do planeta substituiu os instintos pelas muito complexas redes do controle social. O controle e as suas correspondentes iniciativas de resistencia, umas e outras são uma mostra clara da creatividade humana, da sua abertura radical. Esta conferência tratará de buscar as relaciões existentes entre creatividade e liberdade.
10:30 - 12:00 Poder e contestação (de Foucault a Tarrío).
Luis García Soto. Professor Titular de Filosofía Moral na Universidade de Compostela.
Segundo Foucault, na sociedade ocidental contemporânea dá-se un novo tipo de poder (Biopoder) e novas formas (regulações, disciplinas, dispositivos) de poder, que se soman ao tipo (poder de morte) e as formas (poder militar, poder ideológico) tradicionais. Perante esses poderes, a contestação (a resistência, a oposição, a alternativa) vai do anti-poder ao contra-poder. A este respecto, Tarrío proporciona un exemplo e um contributo concreto.
12:15 - 13:45 Novo capitalismo e lógicas de controle.
José Ángel Brandariz. Professor Titular de Direito Penal na Universidade da Coruña.
Há tres décadas Foucault intuiu que a lógica disciplinária que animava então os dispositivos de sanção estavam mudando, na abertura duma etapa já embrionáriamente postmoderna. Hoje é o momento de testar as instituções de sanção e de controle presentes, para comprovar a certeza ou inveracidade daquela intuição.
16:00 - 17:30 O risco como dispositivo de governo na sociedade de controle. Algumas notas sobre Frontex.
David San-Martín. Investigador Predoutoral en Filosofía do Direito da Universidad de La Rioja.
A evolução do do risco como dispositivo em sentido foucaultiano (isto é, como entramado de racionalidades, discursos e técnicas de governo) permite descortinar alguns dos traços distintivos da sociedade de controle: as novas formas de objetivação securitária, a relación poder-saber e, em definitivo, a governamentabilidade que o dito modelo traz consigo. Como exemplo, apresentam-se algumas notas sobre os usos das técnicas notariais por parte da Frontex na gestión das fronteiras exteriores da UE.
17:45-19:30 Virtual WWWorlds. Servidões e libertação na era digital.
Rosendo González. Revista Transversal
A nova rede digital não é só uma nova forma de transmissão e difusão de información senão também, e sobretudo,um novo modo de existência. Uma nova forma de “estar no mundo” que combina, paradóxicamente, os mais íntimos e brutais métodos de controle com as possibilidades mais radicais de libertação. Produção maquínica de subjetividade, aceleração, virulência, espectáculo, sociedade-rede, fragmentação, etc. Há dois dispositivos que por concentrar parte destas problemáticas se converteram em representantes desta contradição: a web 2.0 e Google. Sobre eles versará em grande medida a nossa abordagem, através do movimento pelo software livre ou as reflexões de autores como Jean Boudrillard, Marshall McLuhan, Gilles Deleuze, Guy Debord e Félix Guattari.
Sexta-Feira, 25 de abril
Local: Faculdade de Socioloxía, Salón de Graos
9:30 - 10:30 Apresentação
10:30 - 12:00 Metrópole e multitude.
Emmanuel Rodríguez. Doutor em Historia pola Universidad Complutense de Madrid.
O conceito de metrópole, além do seu uso nos estudos urbanos e para designar determinadas morfologías urbanas, é hoje o designador da situação actual. A metrópole é tanto a fábrica do capital como a grande máquina social. A metrópole é a pele da multitude, o governo complexo duma produção tendencialmente socializada; a realidade mesma da complexidade e da extremada fragmentação social. Por isso a metrópole só é governável mediante o estado de excepção. E por isso também, a metrópole é o grande desafio de uma política que vá para além dos episodios festivos do baile das revoluções moleculares e das pequenas insurrecções. A pergunta é sempre a mesma, que política é hoje possível?
12:15 - 13:45 A imaginación ao poder?: estrategias de renovacção urbana na cidade de Los Ángeles.
José María Cardesín. Professor Titular de Sociología na Universidade da Coruña.
Abordar-se-ão três projectos de remodelação urbana desenvolvidos na cidade de Los Ángeles na segunda metade do século XX: Bunker Hill, Hollywood Boulevard e Plaza México. Os três definem outros tantos modelos, tanto no que respeita aos objectivos como à implicação dos poderes públicos. Da primeira estratégia de demolição total passa-se a uma segunda de renovação urbana, para concluir na reinvenção do Kitsch.
16:00 - 17:30 As políticas da narração. Simulacro e reflexividade.
Antón Fernández de Rota. Doutorando en Antropologia.
Através duma revisão histórica das teorías da postmodernidade tentaremos aproximarmo-nos sas políticas da narração dos novos movimentos sociais. Deste jeito empreender-se-á uma viagem que vai entre a antropología, o cinema e os movimentos até entrarmos nas contra-estratexgas que a multitude emprega na era da simulação com o fim de expandir uma reflexividade antagonista sob a forma de obra aberta (opera aperta).
17:45 - 19:30 A política para além do soberano
Raimundo Viejo Viñas. Professor de Ciencia Política na Universitat Pompeu Fabra.
Com o desenvolvimento da vaga de mobilizações globais que se estende de 1994 até a actualidade, o modo de domínio inícia uma readaptação às exigências de controle que impõem novos repertórios da acçã colectiva. Esta mudança de paradigma no modo de governação está a pivotar sobre a excepção como limite da produção de uma governabilidade outra pata além dos constrangimentos da constituição formal. A fim de fazer possível o ajuste do modo de governo é preciso a suspensão de garantias jurídico-formais por meio da difusão gernealizada de uma nova cultura da emergência baseada numa nova forma de soberania: o Império. Esta, porém, mina os fundamentos da legitimidade liberal-democrática que se ancoravam no Estado nacional abrindo com isso o horizonte de um poder constituinte.
A Inscrição serve para o obtenção de créditos concedidos aos participantes.
Podes fazer a tua inscrição antecipada enviando nome e apelidos e o nº do teu documento de identidade para:
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