Paco Ibañez vai dar um concerto em Lisboa (dia 9 de Janeiro): as suas canções são críticas aos inimigos da emancipação individual e social
A música e as canções de Paco Ibañez são constantemente uma crítica dura e directa contra os inimigos sucessivos da emancipação individual e social
Concerto na Culturgest, dia 9 de janeiro às 21h30
Paco Ibañez nasceu em Valência em 1934. Viveu grande parte da sua vida no exílio, em França. Em criança, acompanhando os seus pais; quando adulto, por pressão do regime de Franco, que o proibiu de cantar em qualquer local de Espanha.Em Paris descobre a música de Georges Brassens e de Atahualpa Yupanqui, duas referências maiores na sua formação artística e ideológica.
No final dos anos 1950, ao compor uma canção sobre um poema de Góngora, encontra o seu caminho – escrever canções com base em poemas de grandes autores espanhóis e interpretá-las, quase sempre sozinho, com a sua guitarra.Canções em que a força da palavra cantada “é uma arma carregada de futuro”.
Canções que falam do exílio e da liberdade, da luta e da esperança, da violência e da alegria. Ibañez, segundo Vasquez Montalbán, “pratica constantemente a provocação cultural, a crítica dura e directa contra os inimigos sucessivos da emancipação individual e social”.
Ouvi-lo, agora que tem 74 anos e permanece lutando pelos mesmos ideais, continua a ser uma experiência emocionante, um tempo de reflexão, sobre a nossa vida e sobre a nossa responsabilidade perante os outros. Nas palavras de Goytisolo, às quais Paco Ibañez juntou uma música tão bela, “nunca te entregues, ni te apartes, / junto al camino, nunca digas / no puedo más y aquí me quedo. / Outros esperan que resistas. / Que les ayude tu canción”. Ou, como diz Blas de Otero, noutro poema que Paco musicou, “quando tudo perdermos, ainda resta a palavra.”Este concerto é sobre o poder da palavra. Num mundo tão incerto, em que tudo se passa a uma velocidade desmedida, em que só com esforço alguns conseguem parar para pensar, vale a pena ouvir os poemas tão fortes e, por vezes, comoventes, que Paco Ibañez tão bem canta. Com a sua voz e a sua guitarra.
Consulte o site de Paco Ibañez em www.aflordetiempo.com
Voz e guitarra Paco Ibañez Cenografia Frederic Amat Desenho de luz Albert Faura Operação de som Jordi Salvado Produção A Flor de Tiempo
PACO IBAÑEZ (auto-retrato)
A galopar (inclui a récita pelo próprio autor do poema, Rafael Alberti)
Andaluces de Jaén ( poesia de Miguel Hernández)
Como Tú (poesia de León Felípe)
La Poesia es un arma cargada de Futuro ( A Poesia é uma arma carregada de Futuro)
La Poesia es un arma cargada de Futuro Gabriel Celaya ("Poesía urgente")
Cuando ya nada se espera personalmente exaltante mas se palpita y se sigue más acá de la conciencia, fieramente existiendo, ciegamente afirmando, como un pulso que golpea las tinieblas,
cuando se miran de frente los vertiginosos ojos claros de la muerte, se dicen las verdades: las bárbaras, terribles, amorosas crueldades:
Se dicen los poemas que ensanchan los pulmones de cuantos, asfixiados, piden ser, piden ritmo, piden ley para aquello que sienten excesivo.
Con la velocidad del instinto, con el rayo del prodigio, como mágica evidencia, lo real se nos convierte en lo idéntico a sí mismo.
Poesía para el pobre, poesía necesaria como el pan de cada día, como el aire que exigimos trece veces por minuto, para ser y en tanto somos dar un sí que glorifica.
Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan decir que somos quienes somos, nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno. Estamos tocando el fondo.
Maldigo la poesía concebida como un lujo cultural por los neutrales que, lavándose las manos, se desentienden y evaden. Maldigo la poesía de quien no toma partido hasta mancharse.
Hago mías las faltas. Siento en mí a cuantos sufren y canto respirando. Canto, y canto, y cantando más allá de mis penas personales, me ensancho.
Quisiera daros vida, provocar nuevos actos, y calculo por eso con técnica, qué puedo. Me siento un ingeniero del verso y un obrero que trabaja con otros a España en sus aceros.
Tal es mi poesía: Poesía-herramienta a la vez que latido de lo unánime y ciego. Tal es, arma cargada de futuro expansivo con que te apunto al pecho.
No es una poesía gota a gota pensada. No es un bello producto. No es un fruto perfecto. Es algo como el aire que todos respiramos y es el canto que espacia cuanto dentro llevamos.
Son palabras que todos repetimos sintiendo como nuestras, y vuelan. Son más que lo mentado. Son lo más necesario: Lo que no tiene nombre. Son gritos en el cielo, y en la tierra, son actos.
Homenaje a las Madres de Plaza de MAyo. Realizado por Emilio Cartoy Diaz.
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