Será difícil depois de ver O PESADELO DE DARWIN comer uma perca do Nilo sem que uma espinha nos pique… A partir da carne branca deste peixe pescado no lago Vitória, o realizador mostra o encadeamento dos "danos colaterais" provocados pela exploração intensiva de uma riqueza natural num país pobre, que poderia ser em África ou não. Hubert Sauper insiste: o filme também poderia ser sobre os diamantes da Serra Leoa ou o petróleo de Angola... Ele limitou-se a filmar numa cidade como existem várias, para conseguir um filme negro e surpreendente. Mwanza, 500 000 habitantes, margens do lago Vitória, na Tânzania. A perca do Nilo foi introduzida nos anos 60 e a indústria da pesca prosperou à volta deste peixe e toda a região ficou dependente. Dez fábricas exportam todos os dias filetes frescos, nomeadamente para a Europa.Poucos lucram com este comércio. E os aviões russos que transportam os peixes transportam igualmente armas para os países vizinhos, as prostitutas tratam dos pilotos russos, os camponeses deixam as suas terras para se instalarem nas margens do lago, a sida propaga-se, as crianças drogam-se com componentes das embalagens de peixe, e os habitantes comem poucas proteínas porque o peixe se tornou demasiado caro...SYLVIE BRIET E LAURE NOUALHAT, LIBÉRATION
O PESADELO DE DARWIN parece-se mais com um fragmento de "O Juízo Final", de Bosch, do que com um filme de Michael Moore. Hubert Sauper, tal como o pintor holandês, compôs a sua visão do mundo com detalhes. (...) Planos perturbadores e sequências espantosas que amplificam como num thriller a demonstração filmada e anunciada de Sauper: "Não teríamos percas do Nilo nos nossos supermercados se não houvesse guerra e fome em África".Mas Sauper não é apenas militante ou jornalista, é visivelmente um cineasta. E é com grande habilidade que se distingue do grupo de "documentários-choque" que abundam actualmente. (...)Sauper não se fica pela força da demonstração em imagens, entrevistas e comentário; ele serve-se também de procedimentos de cinema para meter o espectador numa condição de extrema perturbação. ANNICK PEIGNÉ-GIULY, LIBÉRATION
É um soberbo documentário. Pertubador e obsceno. Das percas do Nilo que pululam no lago, os habitantes da Tanzânia só vêem os restos. Carcassas esventradas, podres. Nenhuma esperança. Nenhum futuro. O único sonho de uma das testemunhas interrogadas por Hubert Sauper é que o seu filho se torne piloto. Que nesta cadeia infernal isso lhe permita escapar ao inferno. (…) O sistema é circular. O pesadelo continua. Mas graças a este filme sabemos que existe.PIERRE MURAT, TÉLÉRAMA
O escândalo da situação africana e a responsabilidade passada e presente das potências ocidentais neste estado são sobejamente conhecidos. Se vários filmes já denunciaram esta situação, não se encontram muitos que o façam tão eficazmente, tão profundamente e que acordem tão violentamente a consciência do espectador. (...) Numa palavra, o filme do austríaco Hubert Sauper mostra com as armas do cinema (comparando imagens e confrontando planos) cem vezes mais e cem vezes melhor que qualquer retórica militante. (...)Ninguém sairá deste filme incólume.J.M., LE MONDE
É a quadratura do círculo, uma obra total, sem falhas, que não só agradará aos militantes das causas humanitárias, mas também aos cinéfilos. O filme é terrível, perturbador, tantos são os horrores que concentra - e esplêndido pela sua forma inventiva, que não se inscreve em nenhuma lógica linear e consegue tratar todos os temas de forma pessoal e profunda. (...)Toda a África parece concentrada nesta visão apocalíptica. Raramente vimos expresso tanto desespero com tanta graça. VINCENT OSTRIA, LES INROCKUPTIBLES
Consultar ainda :
http://www.hubertsauper.com/
http://www.coop99.at/darwins-nightmare/
http://fr.wikipedia.org/wiki/Le_Cauchemar_de_Darwin
NOTA: foi realizado entretanto um documentário realizado por Margaret Nakato ( vice-presidente do Fórum Mundial dos pescadores) sobre a reacção dos pescadores Katosi, aldeia ugandesa situada nas margens do lago Victória, onde foi rodado o filme «Pesadelo de Darwin» de Hubert Sauper, aos factos que são denunciados através do referido filma. Esse documentário pode ser já visto. Para o descarregar pelo sistema peer-to.peer como eMule pode-se ir a:
http://www.clmayer.net/spip/IMG/rm/katosi.rm
http://www.clmayer.net/spip/IMG/wmv/katosi.wmv
Ou contactar:
Katosi Women fishing & Development Association
P.O Box 33929
Kampala, Uganda
East Africa
[email protected]
loading...
- Atlântico Negro – Na Rota Dos Orixás
O imenso continente africano, pouco conhecido entre nós é muito bem retratado no filme Atlântico Negro- Na Rota dos Orixás (1988) dirigido por Renato Barbieri. Este documentário de 54 minutos mostra o tráfico de Escravo da África para o Brasil...
- Dançando Com O Diabo
o documentário mostra a complexidade das favelas cariocas na visão de três personagens ligados diretamente ao tráfico: um pastor, um policial e um criminoso.De acordo com o pastor Dione dos Santos, 90% dos jovens que participaram do documentário...
- Collapse (documentário Legendado Ptb)
Collapse. É bom assistir ao filme com uma pá do lado da cadeira e uma mochila com mantimentos, porque Collapse não é apenas um ótimo documentário, é também um dos filmes mais assustadores já feito. De forma simples, bem simples mesmo,...
- Começa Hoje O Ciclo De Cinema Comunitário E Independente Na Casa Viva ( Porto)
Numa altura em que poucas são as salas de cinema ainda abertas na cidade do Porto inicia-se já hoje, 6 de Maio, um ciclo continuo de cinema independente simplesmente intitulado “Cinema Comunitário” na Casa Viva(na Praça do Marquês de Pombal,...
- A Mentira Como Técnica De Governação - Filme Seguido De Debate Na Casaviva (dia 11 às 21h.30)
Para terminar o ciclo de cinema "Iraque - 4 anos de ocupação, 4 anos de resistência" organizado ao longo das últimas semanas vai passar na CasaViva na cidade do Porto o filme «Armas de desinformação» de Danny Schenchter. Após o filme haverá...
Ciências Humanas e Sociais