O imperialismo blinda Dilma Rousseff contra o impeachment e leva o Brasil de troco
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O imperialismo blinda Dilma Rousseff contra o impeachment e leva o Brasil de troco



O imperialismo blinda Dilma Rousseff contra o impeachment e leva o Brasil de troco


Os jornais nacionais e estrangeiros se ocupam desde a segunda-feira da supostamente inusitada viagem da chanceler alemã Angela Merkel ao Brasil para uma visita oficial ao governo Dilma Rousseff. Mais do que quaisquer especulações sobre o apoio do governo alemão à estabilidade política no país, que seguindo a linha do Financial Times e do New York Times, declarou que Dilma “é uma presidente reeleita legitimada pelas urnas”, a visita de Merkel marca o início de relações estratégicas para a burguesia alemã. Deste modo não há nada de inusitado. Trata-se de um interesse estratégico.
Nem bem aprovava o terceiro pacote de ajustes à Grécia no Bundestag alemão (parlamento), que significa uma entrada agressiva do capitalismo alemão no país heleno, Merkel chegou ao Brasil com uma comitiva oficial de ministros e secretários de Estado para aproveitar os negócios que o PT é capaz de proporcionar em meio à crescente abertura do petismo aos capitais estrangeiros.
Recentemente, Obama havia aproveitado esta nova situação econômica desfavorável na América Latina e o enfraquecimento do Mercosul para ensaiar as possibilidades de uma “nova era” de acordos comerciais com o Brasil. Mas a reaproximação foi um sinal mais evidente do que qualquer pacto específico. Com a Alemanha é diferente: entre 12 a 15 acordos serão selados nos campos de ciência, tecnologia e meio ambiente.

Acordos de extração de “terras raras” – A presidente Dilma Rousseff e a chanceler Angela Merkel devem assinar hoje um acordo que prevê a promoção de pesquisas conjuntas e o desenvolvimento e implementação de tecnologias sustentáveis para o suprimento de terras-raras. As “terras raras” são um conjunto de 17 elementos químicos metálicos usados como matérias-primas estratégicas na indústria de alta tecnologia, como na produção de smartphones, supercondutores, catalisadores, painéis solares e super-imãs.
É estimado que por volta de 97% destes elementos sejam produzidas na China, maior exportadora do mundo. Devido à diminuição da quantidade da exportação das terras raras pelo país asiático, outros países ao redor do mundo passaram a se dedicar à mineração e extração de terras raras.
Estimativas da agência Serviços Geológico Norte-Americano (USGS), apontam que as reservas brasileiras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas de terras raras. Com base em dados do geólogo Miguel Martins de Souza, publicados em revista científica especializada, a USGS calculou também que a reserva de 2,9 bilhões de toneladas de terras raras na mina de Seis Lagos, na Amazônia, resultaria em 43,5 milhões de toneladas de metal contido. Não á toa, parte dos acordos na mala alemã diz respeito à “preservação amazônica”, colocada em risco pelos Estados Unidos.
Em Araxá, Minas Gerais, em uma mina explorada pela Vale, haveria o segundo maior depósito brasileiro: a estimativa dada pelo documento é de 450 milhões de toneladas de terras raras e 8,1 milhões de metal contido para essa mina.
A Alemanha pretende estabelecer uma parceria com o Brasil no setor. O acordo permitirá, no futuro, identificar oportunidades de investimento na exploração de novas jazidas minerais - embora o objetivo inicial seja mais focado em pesquisa. A Alemanha tem acordos no valor de 60 milhões de euros com um grupo seleto de países, como Cazaquistão e Mongólia, na busca por alternativas de fornecimento de matérias-primas estratégicas. Esses materiais devem movimentar US$ 8 bilhões em exportações globais em 2018, o dobro do verificado em 2012.
O interesse do governo alemão é apropriar-se das vantagens econômicas que geram estes materiais. Garantindo uma porção no mercado mundial do comércio deste tipo de composto químico, já que a China não consegue suprir a demanda mundial de terras raras, de 200 mil toneladas ao ano, e a OMC vetou as tarifas que Pequim queria impor à exportação, para dificultar competição. Também quer garantir que o investimento em pesquisa no Brasil venha ligado ao fornecimento de petróleo brasileiro a preços baixos, diminuindo a dependência alemã do petróleo da Rússia, uma debilidade estratégica que enfraquece a política de Merkel contra a influência de Putin na Europa.

Parceria militar do petismo com Berlim – Além disso, o Brasil tem interesse em estabelecer uma maior cooperação com a Alemanha para a manutenção de seus equipamentos militares. O assunto foi discutido entre o ministro da Defesa Jacques Wagner e o vice-ministro da Defesa alemã, Ralf Brauksiepe, que integra a delegação que acompanha a chanceler.
Segundo as fontes, Wagner propôs a facilitação da participação alemã na manutenção de equipamentos das Forças Armadas, especialmente de submarinos e blindados.
Além disso, os dois acertaram trabalhar em favor de uma maior cooperação em “missões de paz promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU)” e de continuar o trabalho conjunto na área de defesa cibernética, depois de terem seus governos sido espionados pela Agência de Segurança Norte-americana.
Conforme o comunicado divulgado após a reunião, os governos brasileiro e alemão se comprometeram a estreitar as relações entre suas Forças Armadas, mediante "programas de educação e capacitação militar" e uma maior troca entre as escolas de formação.

A avidez petista pela entrega – A chanceler alemã não sairá do Brasil de mãos abanando. O governo Dilma facilitará a entrega dos recursos naturais estratégicos do país ao imperialismo alemão. Em troca destes serviços “autônomos e de integração”, o PT espera apoio internacional pela “governabilidade” em meio ao escândalo de corrupção na Petrobras, manifestações contra o governo e previsões de contração do PIB de 2% neste ano. Nem que para isso tenha de participar de “missões humanitárias” em países como a Ucrânia, cujo povo se encontra entre o fogo cruzado da OTAN e da Rússia.
A dificuldade do PT parece ser a que senhor ajoelhar-se melhor, aos EUA, à China ou à Alemanha. Ou aos três ao mesmo tempo. 

 Por André Augusto (Brasil)
 Fonte: Crítica da Economia



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