Falar de «desporto» hoje em dia em Portugal é falar forçosamente de futebol S.A. De facto, o futebol, que era uma modalidade desportiva de origem operária que se popularizara nos subúrbios ingleses pouco depois da revolução industrial na Ingleterra do século XIX , tornou-se nos nossos dias um dos mais rentáveis negócios de entretenimento e espectáculo, só comprável à indústria do cinema de Hollywod.
Os ídolos do futebol cotejam os ídolos cinema e ambos fazem parte, sem dúvida, da moderna iconografia dos tempos que correm.
São ídolos feitos por determinados jornais e canais de televisão que os levam até à fama e enchem o imaginário são adulados não só por multidões de jovens como mulheres e homens adultos que não perdem nenhum pormenor das suas vidas . O mitos constroem-se à base de um formidável aparelho mitómano que não hesita em alimentar o espectáculo do «pão e circo», tal como faziam os antigos imperadores romanos relativamente às massas ululantes que enchiam a antiga capital do império, Roma.
A receita é simples: Faz-se uma lavagem ao cérebro durante toda a semana através de jornais ditos desportivos, de rádios festivais e comerciais, além de doses maciças de programas supostamente desportivos nos canais de televisão com maiores audiências. Agita-se tudo isto, muito bem. Deixa-se cozer em lume brando até domingo e está pronto a sair em ponto de rebuçado.
Para tapar um pouco as aparências as empresas de espectáculos futebol S.A. usam ainda o nome de clubes, falam de associados e alimentam claques de adeptos. Tudo isso não retira, no entanto, o carácter profundamente empresarial do negócio que penetrou em todos os domínios deste espectáculo de massas.
Mas não é só o dinheiro que está por detrás do futebol S.A. Com efeito, se observarmos as multidões que enchem os estádios de futebol encontramos pessoas excitadas, que não param de gesticular e agredir verbal, e quantas vezes, fisicamente quem não lhes agrada, num claro gesto de descompressão catártico. Algumas situações fazem lembrar antigas cerimónias de imolação sacrificial tal é o fanatismo e a transe vivido pelos protagonistas. A bílis libertada servem para enfrentar nova semana de trabalhos e stress.
Há quem diga que isto é futebol e desporto. Eu, pelo contrário, prefiro chamar de futebol S.A. a todo esse show business…
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