Apesar das discussões entre os especialistas acerca da exacta data do Pico de Hubbert, o consumo do petróleo conhece uma aceleração sem precedentes o os preços do petróleo batem sucessivos records. A OPEP ( Organização dos países Exportadores de Petróleo) parece não controlar a situação, não dispondo de margem de manobra uma vez que já está a produzir no máximo das suas capacidades( consultar para mais informações
http://www.liberation.fr/page.php?Article=283202).
Para satisfazer esta «fome de petróleo sem fim», os Estados Unidos já decidiram avançar para a exploração petrolífera numa sua reserva natural, como é o Alaska, para produzir um total de 1 milhão de barris/dia, ou seja, 1/8= do consumo mundial diário de petróleo em 2003 ( cerca de 80 milhões de barris/dia)
( consultar: http://radio-canada.ca/International/014-petrole-alaska.shtml)
A fim de satisfazer o crescimento explosivo da motorização na Chuna, o consumo chinês de petróleo aumentou em 2004 ao ritmo espectacular de 14% ( consultar : http://www.lariposte.com/22/enjeu_petrole.htm)
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Este imperialismo ecológico, como todo o imperialismo, está baseado no princípio da destruição total. A pseuda-regulação da oferta e da procura parece não ser capaz de atenuar esta corrida às matérias primas. A escassez progressiva da oferta face a uma procura cada vez maior levara logicamente a uma intensificação da corrida às matérias primas. Os ganhos de produtividade e os progressos tecnológicos permitirão pilhar cada vez mais a um baixo custo dentro de limites aceitáveis para as economias já sobreaquecidas e dispostas a pagar caro o custo global da energia.
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A guerra quente ou as novas guerras de conquistas.
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No plano militar, este imperialismo ecológico não se substitui ao imperialismo mais clássico, que foi responsável pela mais pura tradição neo-colonial. Mas torna-se o motor de novas guerras de conquistas, baseadas na procura do controle das reservas petrolíferas. As duas últimas guerras do Golfo são bem a ilustração perfeita desta nova orientação petro-estratégica. A ideologia da guerra fria é substituída pela economia da guerra quente.
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«Neste contexto, com 10% das reservas mundiais, o Iraque tornou-se o alvo das ambições americanas. Todavia, o Iraque não pode, com as possibilidades tecnológicas e financeiras ao seu dispor, desenvolver a sua produção a um nível satisfatório para os interesses norte-americanos. Por isso é que a privatização do petróleo iraquiano e a sua exploração por empresas americanas foi um dos objectivos de guerra dos Estados Unidos. No fundo, trata-se de enfraquecer e dobrar a OPEP, eterna inimiga, e do seu sistema de quotas.
Contudo, os acontecimentos no Iraque mostram-nos que os objectivos americanos não são fáceis de serem alcançados, e muito menos por via da Venezuela. Tendo em conta a evolução da guerra no Iraque, e mesmo supondo que os Estados Unidos conseguissem manterem-se por lá durante algum tempo, é muito duvidoso que conseguissem gerir a produção petrolífera do país a ponto de mudar significativamente a oferta mundial. O Iraque não será solução para os problemas energética norte-americanos.» ( http://www.lariposte.com/22/enjeu_petrole.htm)
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Quais serão os próximos alvos da administração norte-americana no objectivo de alimentar os depósitos das viaturas do automobilismo mundial? O Irão está na lista dos «estados-canalhas» o que não é surpresa alguma se pensarmos que é quinta maior reserva de petróleo bruto no mundo (http://www.strategicsinternational.com/f5sabahi.htm)
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Mas a surpresa pode bem vir da Arábia Saudita que já começa a ser acusada de financiar o terrorismo internacional, tendo em conta o facto de dispor de importantes reservas de hidrocarbonetos do mundo. Tanto mais que, sob a ameaça de uma destruição das suas instalações petrolíferas pela Al Quaida, o país pode ser o próximo a receber um «intervenção preventiva» dos USA destinada a garantir a estabilidade do fornecimento mundial de petróleo. ( consultar para mais informações : http://www.digitalcongo.net/fullstory.php?id=50661)
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A Administração norte-americana é cada vez vez mais, não o polícia do mundo, mais o pirómano do planeta…
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Enquanto a guerra fria estava baseada no nuclear, a guerra quente baseia-se fundamentalmente no automóvel e no seu uso massivo à escala planetária. O automóvel individual caracteriza o modo de vida ocidental, em expansão rápida pelo resto do planeta, e que está baseado na pilhagem acelerada dos recursos naturais, muito especialmente dos hidrocarbonetos. Ora o que já é dificilmente sustentável à escala do Ocidente, torna-se simplesmente impossível à escala planetária. As primeiras petro-guerras e a exploração do petróleo no seio de santuários ecológicos, a poluição crescente e o aquecimento climático previsto, as tensões actuais na corrida às matérias primas e a pilhagem acelerada das reservas mundiais são sinais visíveis de uma destruição programada do planeta pela «civilização do automóvel»
Autor : Marcel Robert
Retirado de :
http://antivoitures.free.fr
Bibliografia :
* ALLAIRE J., La motorisation du transport de personnes en Chine, entre croissance économique et soutenabilité, Cahier de Recherche LEPII n°34, janvier 2004. * OUDIN J., POLITIQUE DES TRANSPORTS : L'EUROPE EN RETARD, RAPPORT D'INFORMATION 300 (2000-2001) - DELEGATION DU SENAT POUR L'UNION EUROPEENNE http://www.senat.fr/ *DUPUY G., La dépendance automobile, Economica, Paris, 1999. *Conférence Voiture et Cité du 24 avril 2002, http://www.e-mobile.ch/
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