Não houve um, mas dois Holocaustos (Auschwitz e Hiroshima)
Ciências Humanas e Sociais

Não houve um, mas dois Holocaustos (Auschwitz e Hiroshima)




Fala-se correntemente do holocausto nazi que perseguiu e matou milhões de judeus. A sua denúncia tornou-se moeda corrente. E muito justamente. Ao ponto de um filósofo como Adorno ter tido necessidade de levantar a questão de como educar após Auschwitz, ou seja, a necessidade de toda e qualquer educação não ignorar o que o homem foi capaz de fazer a outro homem, e construir resistências para que tal não volte a acontecer.
Mas o simbolismo da bomba atómica e o risco nuclear, representado pelo acto gratuito que foi o lançamento pelos Estados Unidos - paradigma societário das democracias ocidentais e do mundo dito civilizado - de bombas atómicas contra populações civis em 1945, e a consequente carnificina, exigem que se fale de um segundo Holocausto, o de Hiroshima.
E deste vez o dedo acusador vai para o desvario da razão científica, para a arrogância do militarismo tecnológico e, em última análise, para a suposta superioridade civilizacional do modelo das democracias ocidentais - como os Estados Unidos da América gostam de se auto-representar - e cujo presumido ascendente moral é definitivamente manchado pelo sangue, morte e ameaça do apocalipse atómico

.
Não por acaso este outro holocausto é objecto de mutismo cúmplice e censura, como se a vergonha tivesse ainda dificuldade em dizer por palavras a sua própria condição. O manto de quase silêncio que rodeia ainda o lançamento da bomba atómica sobre Hiroshima mostra que ainda está tudo por fazer. Que a liberdade humana é uma conquista permanente, e que os poderes não olham a meios para imporem a sua verdade.
Que a racionalização moderna, representada pelas tecno-ciências, tantas vezes proclamada como panaceia, afinal, não é o garante para a felicidade humana, e que guarda nela os germens da destruição planetária.
No meio de tudo isto, cabe aos indivíduos concretos resistirem com estoicismo e lucidez para bem da Humanidade e do planeta, defenderem a vida contra todas as racionalizações fechadas, contra todas as doutrinas dogmáticas e todos os poderes que arrogantemente e por interesses inconfessados, se querem suplantar ao livre fluir da vida, espontânea, bela e selvagem. Pois só ela tem legitimidade de nos surpreender com a dor da morte e a alegria de um sorriso súbito de contentamento, luminosamente imprevisível.



loading...

- John Hersey, Repórter Em Hiroshima
Coube a John Hersey (1914-1993), jornalista e escritor norte-americano, fazer a reportagem mais pungente das consequências da explosão da bomba atómica em Hiroshima que veio a ser publicada em 1946 no New Yorker e que teve um enorme impacte pelo realismo...

- Os Filmes De Hollywood Sobre A Bomba A Sempre Foram Manipulados E Censurados
Um livro editado há alguns anos atrás, «Hiroshima in América; Fifty Years of Denial» de Robert Lifton e Greg Mitchell, mostra como o cinema norte-americano, que tem a sua capital em Hollywood, tentou sempre sonegar e manipular os acontecimentos...

- Há 60 Anos Os Estados Unidos Lançaram A 1ª Bomba Atómica Contra A População Civil
Se isto não é terrorismo, o que é, então? Às 8h 15 da manhã do dia 6 de Agosto de 1945 o bombardeiro norte-americano baptizado «Enola-Gay», pilotado pelo comandante Paul Tibbets, lançou sobre a cidade japonesa de Hiroxima a «Little boy»,...

- A Alemanha Quer Ver-se Livre Das Bombas Atómicas Dos Estados Unidos
Segundo o JN o governo alemão anunciou que vai abordar com a NATO a questão da retirada das armas nucleares norte-americanas que estão estacionadas na Alemanha. Ramstein, na Renânia Palatinato, é o local onde se supõem estarem estacionadas 130...

- Annan Quer Que Usa E Rússia Acelerem Desarmamento Nuclear
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou nesta segunda-feira que Estados não-nucleares – como o Irão – devem resistir à tentação nuclear, enquanto os Estados Unidos e a Rússia devem reduzir os seus arsenais. A declaração foi feita...



Ciências Humanas e Sociais








.