Loja gratuita de Berlim faz 10 anos
Ciências Humanas e Sociais

Loja gratuita de Berlim faz 10 anos


Há dez anos a Loja Gratuita de Berlim abriu suas portas, em nome do anticapitalismo e da ecologia, para vender tudo o que está dentro das suas instalações.

TVs, sapatos e livros podem ser levados de graça; a ideia é ser uma alternativa ao consumismo.

Já na entrada, muito colorida, logo se percebe que este é um estabelecimento especial. Uma placa avisa: "Atenção: Você está abandonando o sector capitalista."

Na Loja Gratuita de Berlim, as pessoas entram sem dinheiro, mas podem levar uma televisão, um par de sapatos, alguns livros, uma geladeira ou duas entradas para um show, sem pagar um único centavo.

A Loja Gratuita não é um local de trocas, e mantém sua posição contrária ao dinheiro e ao consumo.

"Qualquer pessoa pode vir e levar o que desejar", explica Bernd, um dos 15 voluntários que se revezam na loja.

Mas como os voluntários da Loja Gratuita dizem, alguns dos seus clientes estavam organizando rapidamente um lucrativo "mercado de bens usados" com os objectos que levavam. Por isso, o número de artigos foi limitado a três por cliente.


Um rapaz experimenta um par de botas. Parece novo. O cliente conta que sempre que visita a loja também traz artigos próprios.

"O problema nestas sociedades é que sobram muitas coisas e é difícil encontrar gente que precisa delas", explica.

O colombiano Juan Carlos conta que conseguiu na loja uma bicicleta para o seu filho, uma televisão, um computador e pratos para a sua casa.

"Encontra-se de tudo - os alemães são muito altruístas", afirma.

Para evitar que o local se converta num depósito de sucata, a Loja Gratuita não aceita qualquer presente.

Os computadores não devem ter mais de três anos, não se aceitam impressoras nem monitores grandes (embora alguns se acumulem num dos cantos do recinto). Todos os electrodomésticos devem estar a funcionar perfeitamente, a roupa deve estar lavada e em perfeito estado de conservação, os objectos devem estar inteiros e limpos.

A idéia é que o doador tenha respeito por quem levará as suas coisas e no pressuposto que poderá ser ele mesmo a buscar artigos no local. O princípio mostra como este é um lugar diferente de outros, mais tradicionais, onde "são doadas sobras".

A loja funciona num edifício ocupado na turbulenta época da queda do Muro de Berlim, por um grupo de activistas sociais que hoje lutam para tentar preservar a área de um comprador que deseja expulsá-los de lá.

Mas os voluntários dizem que não se renderão tão facilmente. A loja é um dos destaques da poderosa cena alternativa de Berlim, que há décadas busca formas de convivência diferentes dentro da sociedade tradicional.

Fonte: BBC



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