Ciências Humanas e Sociais
Georges Palante, um D.Quixote libertário
Georges Palante, individualista radical do início do séc. XX, desenvolveu uma das filosofias mais anticonformistas que se conhece. A sua obra não admite compromisso algum; constitui de facto um verdadeiro guia prático para o uso de seres livres que não queiram nunca deixar de o ser.
Para ele o confronto entre o singular e o rebanho, entre o indivíduo e a sociedade é inevitável, mesmo quando o resultado se mostra fatal para a originalidade sob qualquer forma que ela se possa apresentar. O indivíduo livre não tem outra escolha senão a revolta, desesperada se necessário for. Este incorrigível pessimista faz a apologia do libertário integral, uma espécie de super-homem nietzscheano esfolado vivo e sedento de relações afinitárias. Foi professor do Lycée de Saint-Brieuc, tendo incarnado o ideal do aristocrata libertário, qual D. Quixote batalhando até à última contra os moinhos de vento do espírito gregário.
Michel Onfray, a quem se deve o actual e renovado interesse por Palante, descreve o seu pensamento nos seguintes termos: “ “leitor de Schopenhauer, para o pessimismo, de Stirner, para celebrar as potencialidades que habitam o indivíduo, de Nietzsche, para a vontade em transfigurar as impotências em forças, de Freud, no que este diz respeito ao ensino das partes malditas e das suas relações com a consciência”. Mas este espírito livre interessa-se ainda por Proudhon, Ibsen, Fourrier, Emerson...
Inimigo irredutível de todos os partidos, Georges Palante é inclassificável. Não obstante, um dos seus artigos intitulado “ Anarquismo e individualismo” propor uma táctica individualista contra a sociedade que faz lembrar a que era preconizada na época pela equipa responsável pela publicação “Anarchie”. A mesma aliás que tornou conhecido um outro aristocrata libertário, Rémy de Gourmont, para quem o individualista “ destrói na medida das suas forças o princípio da autoridade. Pois a ele, e só ele, é que cabe derrubar sem escrúpulos as leis e todas as obrigações sociais, desde que o faça sem provocar prejuízos. Ele nega e destrói a autoridade naquilo que lhe diz especialmente respeito, tornando-se tanto mais livre quanto mais se pode ser livre nas nossas complicadas sociedades”
Para Palante tal como para Nietzsche “o anarquismo não é senão um meio de agitação do individualismo”
Bibliografia:
Georges Palante, “L’individualisme aristocratique”, éditions des Belles Lettres
Georges Palante, “Combat pour l’individu”, éditions Folle Avoine, 1989
Rémy de Gourmont, “Epilogues II”
(texto inserido no Le Monde Libertaire de 1/2/1996)
Consultar:
http://perso.wanadoo.fr/selene.star/index.htm - site dedicado a George Palante
http://palante.org/index.html
http://perso.wanadoo.fr/aa.duriot/incoherisme/palante.htm
http://perso.wanadoo.fr/selene.star/palante_vu_par.htm
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