Gente do Norte, filme de Leonel Brito (com guião de Rogério Rodrigues e música de José Mário Branco),vai passar em Moncorvo (dia 19 de Set. às 14h30)
Ciências Humanas e Sociais

Gente do Norte, filme de Leonel Brito (com guião de Rogério Rodrigues e música de José Mário Branco),vai passar em Moncorvo (dia 19 de Set. às 14h30)


Gente do Norte, filme premiado de Leonel Brito ( com guião de Rogério Rodrigues e música composta por José Mário Branco em 1978), sobre a resistência e esperança das gentes de Moncorvo, em Trás-os-Montes, vai passar em Torre de Moncorvo no próximo dia 19 de Setembro às 14h 30 no Cine-teatro no próximo dia 19 de Setembro com a presença do realizador e do autor do guião.

Será ainda projectado o filme "Encomendação das Almas" (1979) do mesmo realizador.
No mesmo dia, mas da parte da manhã vai ser lançado e apresentado o livro: "Torre de Moncorvo 1974-2009" no seguimento da exposição que foi inaugurada em Junho, no Centro de Memória daquela vila transmontana.

http://torredemoncorvoinblog.blogspot.com/


Leonel Brito foi um dos membros da Cinequanon, cooperativa de cinema que se criou logo após o 25 de Abril de 1974. Entre outros filmes, realizou e produziu filmes e documentários como “Encomendação das Alma”, "Estevais Ano Zero" e “Velhas Profissões”.''Cooperativa de Consumo - A Piedense'', “Ocupação de terras Beira Baixa” , “Colonia e Vilões” ( sobre os trabalhadores rurais da madeira), «Acção, Intervenção»


TORRE E GENTE ( canção e voz de José Mário Branco, num excerto do filme Gente do Norte)

A canção de José Mário Branco é o retrato poético e violento de uma geografia agreste, da terra e do homem, da luta do camponês até aos construtores de um império, entre o suor e o saque. Da servidão da Vilariça até às casas, com brasão, da Vila, num percurso de sofrimento, mas também de avidez. Os poderosos e os fracos.




Gente do Norte ( letra, música e voz de José Mário Branco)

Moncorvo terra e gente
pobre-rica, rica-pobre
nobre serva, serva nobre
entre passado e presente
entre presente e ausente
Foi das pedras
foi das pedras e das águas
do calor, do rosmaninho,
foi da torga, foi das fráguas
que nasceu
este império pequenino
Foi do sol
foi do sul e foi do gelo
foi do sonho e da roda
do Picôto e do Covêlo
que nasceu
este império à nossa moda


Moncorvo torre e gente
pobre-rica, rica-pobre
nobre serva serva nobre
entre passado e presente
entre presente e ausente
Foi do calo
foi da pedra descoberta
da terra desempedrada
que nasceu
esta mina já deserta
Foi do roxo
foi do arrojo e do Douro
do tesouro de caliça
foi do velho e do vindouro
que nasceu
o sangue da Vilariça.



FIM DO IMPERIO ( excerto do filme Gente do Norte)



Retornados (Moncorvo em 1977)




O ensino em Moncorvo em 1977





UMA FEIRA EM 1977




Emigrantes do Felgar (Trás-os-Montes)




A Cinequanon, em co-produção com a RTP, terá realizado entre 74 e 75, cerca de uma centena de filmes para a televisão. Os títulos das séries são sugestivos do que eram então as motivações e intencionalidades dos seus profissionais: ''Movimento Cooperativo'', ''Sonhos e Armas'', ''Um dia na vida de...'', ''Viver e Sobreviver'', ''Colectividades de Cultura e Recreio, ''Artes e Ofícios''. ''Este conjunto de filmes (...) integra-se na actividade inicial da Cinequanon, o qual tinha por objectivo fundamental concretizar uma determinada intervenção sócio-cultural, definida no âmbito de acção da própria cooperativa.''


Os temas dos documentários podem ser organizados segundo vários eixos. Por um lado, procura-se filmar a actualidade, os movimentos de carácter social, implicados nos acontecimentos políticos mais recentes. Inclui-se neste âmbito as experiências de auto-gestão de um hotel - ''Hotel das Arribas - Um ano de auto-gestão'', de António Macedo: ''Uma experiência bastante rica acerca de como pode ser produtiva uma empresa gerida pelos trabalhadores''; de um jornal - ''O Setubalense - Um jornal regional em auto-gestão'', de Amilcar Lyra, de uma oficina - ''Oficina automóvel em auto-gestão'', colectivo; e de formação de várias cooperativas, de produção, consumo e mesmo de ópera. A este respeito, são vários os títulos: ''Cooperativa de Consumo - A Piedense'', de Leonel de Brito, ''A Cooperativa cesteira de Gonçalo'', de António de Macedo ou ''Cooperativa de Ópera'', do mesmo realizador.


Ainda dentro do tratamento da actualidade, encontram-se um sem número de filmes sobre ocupações de terras, de fábricas ou de um ''clube de alta burguesia'', na Aroeira. As preocupações didácticas que se prendem com as atitudes, comportamentos, usos e costumes estão patentes nos documentários ''O Problema do alcoolismo'', de realização colectiva, ''A Arte da Culinária'', de António Macedo, em que após o confronto de vários tipos de culinária, se dá lugar à ''técnica de alimentação preconizada pelos dietistas.'' É curioso como não se quer apenas fazer uma revolução política através da imagem, mas também cultural. ''Inquérito sobre fotonovelas'', de Luis Galvão Teles, trata dos ''comos e porquês de uma forma sofisticada de alienar.''


A par do registo da actualidade e da sua interpretação à luz de um programa ideológico determinado, os filmes de Cinequanon centram-se também na tradição. A sinopse de ''Velhas Profissões'', de Luis Filipe Rocha, indica que em ''Trás-os-Montes velhas profissões mantém-se para além da guerra colonial, da emigração e do 25 de Abril. O artesão, a troca, a aldeia, a vila, o senhor, a feira; a Idade Média de hoje.'' ''Chorar o Entrudo'', de Luis Galvão Teles, é a ''tentativa de reconstituição por aqueles que o praticaram ou ouviram, de um costume carnavalesco e das aventuras que o rodeavam. A história do desaparecimento desses costumes, durante o fascismo, através da repressão directa da G.N.R. e da censura moral.''



A Praça Francisco Meireles em 1977, em Moncorvo





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