Encontro Hortas Vivas a 16 e 17 de Maio em Odemira
Ciências Humanas e Sociais

Encontro Hortas Vivas a 16 e 17 de Maio em Odemira



No âmbito do Projecto Re.Ci.Pro.Co. ( ver abaixo) desenvolvido com as escolas do Concelho de Odemira e do encontro da Rede Nacional do Re.Ci.Pro.Co . vai realizar-se o encontro Hortas Vivas que se desenvolverá em quatro vertentes:, uma exposição, um espaço lúdico, um seminário e a reunião da Rede Nacional do Re.Ci.Pro.Co. com as actividades constantes no programa.


Hortas Vivas em Odemira

Relações de Cidadania entre Produtores e Consumidores (Re.Ci.Pro.Co.)


16 e 17 de Maio
Zona Ribeirinha – Odemira





Programa


Dia 16 – sexta-feira


10h – Abertura da exposição


10.30h – Encontro Re.Ci.Pro.Co., Odemira
Abertura



11.30h – De um cabaz da Horta e de uma Relação de Cidadania entre Produtores e Consumidores – Hélder Guerreiro


12.00h – Experiência Francesa – AMAP (Toulouse)


13.00h R11; Pausa para almoço


14.30h – Experiência da ADDLAP/Criar Raízes (S. Pedro Do Sul)


15.00h R11; Experiência da ADREPES / Prove (Palmela/Sesimbra)


Em paralelo
14.30h – 16.00h
Mesa Redonda 1- Troca de experiências entre o grupo de produtores, dinamizado por Rosário Oliveira (Universidade de Évora)



Mesa Redonda 2 – Troca de experiências entre o grupo de consumidores dinamizado por Patrícia Rego (Universidade de Évora)


16.00h – Pausa para Café (com produtos tradicionais)


16.30h – Apresentação das conclusões pelo grupo de agricultores, consumidores e comentador


17.30h – Debate


Dia 17 – Sábado


10.00h – Reunião, Rede Nacional Re.Ci.Pro.Co.


14.30h – Sessão de sensibilização – Alimentação responsável


16.00h – Apresentação do trabalho da associação Colher para Semear


17.30h – Actuação do grupo etnográfico: Gentes do alto Mira



Nos dois dias:


Mostra de Produtos dos territórios da Rede Nacional Re.Ci.Pro.Co (TAIPA, Crl, ADREPES, ADDLAP)


Exposição sobre o trabalho desenvolvido pela Associação Colher para Semear no Concelho de Odemira (levantamento de Sementes)


Mostra dos trabalhos desenvolvidos pelas entidades locais envolvidas no projecto "Há vida na Horta":
. Jardim-de-infância Nossa Senhora da Piedade
. Casa Beatriz Gambôa
. Colégio Lápis de Cor Sonhador
. Agrupamento de Escolas de Odemira



Espaço Lúdico para as crianças, com actividades relacionadas com o tema

Organização: TAIPA, CRL., Consumidores e Produtores do Cabaz da Horta de Odemira
http://www.taipa-desenvolvimento.pt/


Tel: 283320020;

[email protected] ;

Fax: 283320029



O que é a Taipa

A Taipa – Organização Cooperativa para o Desenvolvimento Integrado do Concelho de Odemira, fundada em Setembro de 2000, é uma entidade colectiva, privada de serviços, sem fins lucrativos.
É reconhecida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros como Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) e é reconhecida pelo IQF – Instituto para a Qualidade na Formação como entidade formadora nos domínios 4 – Organização de Actividades Formativas e 5 – Desenvolvimento de Actividades Formativas.
Dos seus membros constam entidades colectivas privadas locais, sem fins lucrativos, representativas dos mais variados sectores (Associação Humanitária Dona Ana Pacheco, Associação dos Criadores da Raça Caprina Charnequeira, Associação para o Desenvolvimento da Região do Mira, Associação de Apicultores do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, entre outros) e membros individuais com as mais variadas competências.
Ao longo da sua ainda pequena existência a Taipa, Crl promoveu várias acções de formação dirigidas a um vasto público-alvo, nas mais diversas áreas, nomeadamente, Turismo e Lazer, Contabilidade e Gestão, Novas Tecnologias de Informação, Agricultura, Línguas, Primeiros Socorros, Higiene e Segurança no Trabalho, entre outros.

Objectivos
• Fomentar, desenvolver e apoiar as diversas formas de associativismo numa abordagem participativa;
• Constituir-se como parceiro local junto das diversas entidades da administração local e central, e das diferentes formas de organização da sociedade civil;
• Promover a reflexão e o debate de ideias de âmbito geral, mas também um espaço de reflexão de âmbito sectorial de forma a servir os interesses dos seus membros;
• Promover debates, seminários bem como acções de formação sobre temas de interesse para os seus membros quer sejam propostos por estes ou por iniciativa da própria TAIPA;
• Promover parcerias de âmbito nacional e internacional por forma a incentivar a realização de projectos conjuntos e a troca de experiências que consequentemente concorrem para a melhoria das competências ao nível local e a divulgação das actividades e dos produtos locais;
• Constituir-se como entidade vocacionada para a elaboração e/ou execução de projectos sobretudo de âmbito concelhio apoiando-se nos seus membros como parceiros privilegiados para a implementação desses projectos a nível de freguesia numa perspectiva de transferências de competências;
• Constituir-se como uma verdadeira rede no sentido de animar e promover a partilha de experiências e a transferência de metodologias por forma a incentivar a divulgação/utilização das “boas práticas”.

Ver aqui um vídeo-reportagem da SIC sobre a Taipa




O que é o Re.Ci.Pro.Co. (Relações de cidadania entre produtores e consumidores)

No passado dia 22 de Janeiro de 2008 foi formada a Rede Nacional Re.Ci.Pro.Co. (Relações de Cidadania entre Produtores e Consumidores), na sede da Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, em que estiveram presentes os representantes dos territórios com o sistema Re.Ci.Pro.Co. em implementação: Odemira, Palmela, Sesimbra e São Pedro do Sul. (Representantes: entidades facilitadoras – TAIPA, ADREPES, ADDLAP, consumidores e produtores dos respectivos territórios). Estiveram também presentes o Eng.º Rui Baptista (Chefe do Projecto LEADER +), Eng.ª Rosário Serafim (Técnica da Rede Portuguesa LEADER +) e o Eng.º Samuel Tirion (INDE). Nesta reunião, foi deliberado por unanimidade que o Território de Gestão da Rede Nacional nos próximos dois anos (2008/09) será o Território de Odemira.

O conceito Re.Ci.Pro.Co., inspira-se numa prática que teve inicio há 40 anos no Japão, generalizando-se a outros países do mundo, tais como, Alemanha/Suíça, nos anos 70, EUA nos anos 80, Canadá e Reino Unido, nos anos 90. Em 2004 existiam 1000 casos no Japão (Teikei), 1700 no EUA, através da Community Sustainable Agriculture (CSA), 100 no Canadá (ASC), 100 no Reino Unido, através da Community Sustainable Agriculture (CSA) e 150 em França, através da Association pour le Maintain d’une Agriculture Paysanne en France (AMAP).

Este tipo de intervenções tem por base a criação de contratos locais directos entre agricultores e consumidores das vilas e cidades próximas, acrescentando a esta ideia uma dimensão territorial, colectiva e social e tem tido um impacte bastante positivo, do ponto de vista social (com o estabelecimento de laços entre agricultores e consumidores), ambiental (com o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, a redução dos transportes e do consumo de embalagens e a produção de outros desperdícios), de saúde (com o aumento do consumo de produtos frescos e de qualidade, com a administração reduzida de produtos de síntese), económico (com o aumento da segurança financeira para os agricultores, comercialização de produtos de qualidade a um preço acessível), patrimonial (com a revalorização das variedades locais) e pedagógico (com a sensibilização das populações para as questões dos desenvolvimento rural).

Para que estes contratos respondam aos objectivos procurados, devem ser baseados num comprometimento recíproco, ou seja, por um lado, o comprometimento dos consumidores em comprar os produtos dos agricultores e, por outro lado, o comprometimento dos agricultores em fornecer produtos de qualidade e aplicar objectivos definidos em comum com os consumidores, como por exemplo a manutenção de um certo tipo de paisagem, a preservação e valorização de variedades locais, a introdução de uma agricultura respeitadora do ambiente, etc. Esta ideia tem subjacente o princípio de que todos somos responsáveis pelos estragos e benefícios que fizermos e pela consciência e envolvimento activo na mudança de atitudes e comportamentos face ao planeta em que vivemos.

Nos mercados locais encontram-se, cada vez mais, produtos alimentares provenientes de regiões distantes e vendidos a preços competitivos, num processo directamente ligado à globalização dos mercados e ao avanço das técnicas de conservação de produtos. Os produtos alimentares percorrem, hoje em dia, uma média de 1500 km antes de chegarem ao consumidor e esta tendência, que se tem vindo a acentuar, tem consequências negativas para o tecido económico das regiões rurais, para a qualidade dos produtos vendidos e a para a própria saúde dos consumidores.

É também contraditório com os acordos de Quioto que prevêem uma redução de emissão de gás carbónico a nível mundial. Para os produtos alimentares da agricultura intensiva que, em média, percorreram 1500 km antes de chegar ao prato dos consumidores, a emissão de gás carbónico é superior 100 vezes mais a produtos locais de uma agricultura sustentável. Por outro lado, sendo a comercialização cada vez mais controlada pelos intermediários, que retêm a maior parte das mais-valias criadas e exercem uma forte pressão sobre as receitas dos agricultores, não se evidencia a necessária e prudente redução dos preços da alimentação aos consumidores (Re.Ci.Pro.Co. - Guia Conceptual e Metodológico).

Procurando quebrar esta lógica, cidadãos de diversas origens, desenvolveram novas formas de organização e consumo, que passam pela reconstrução de uma relação social mais próxima entre agricultores e consumidores. Para o efeito, constituíram-se parcerias locais e solidárias entre agricultores e consumidores, baseadas no compromisso mútuo, numa remuneração justa, e na partilha dos riscos e das vantagens

Este conceito foi introduzido em Portugal, em 2003, com a experiência piloto realizada na zona do Poceirão, tendo por base o quadro do projecto URGENTE (financiado pelo Interreg IIIB, implementado pela INDE) e em Odemira no âmbito da acção 8 do Agris, pela Taipa, Crl.

Dado o carácter inovador deste Projecto, a Rede Portuguesa LEADER+ considerou bastante relevante a sua realização em Portugal e, nesta conformidade, nasceu o projecto Re.Ci.Pro.Co. que teve como resultados: a sensibilização e organização dos consumidores, operacionalizada pela ProRegiões, garantindo a divulgação do projecto nos diferentes meios de comunicação; a generalização do sistema a outros territórios através do apoio técnico da INDE e da TAIPA, Crl; realização do Colóquio Internacional de 3 a 6 de Dezembro de 2005, realizado em Palmela com visita ao território de Odemira, contou com 166 participantes, dos quais 93 estrangeiros, vindos de 17 países diferentes (ver www.urgenci.net). Permitiu dar visibilidade ao Projecto Re.Ci.Pro.Co. e possibilitou a troca de experiências entre intervenções similares noutros países; elaboração de um Guia Conceptual e Metodológico (www.leader.pt), sobre as diferentes práticas em Portugal; e a criação da Rede Nacional Re.Ci.Pro.Co.

A Rede tem como objectivos, disseminar a metodologia Re.Ci.Pro.Co. a outros territórios, criar canais regulares de comunicação e informação entre os Membros e actuar junto de estruturas públicas e privadas no sentido de influenciar políticas públicas coincidentes com os objectivos da rede e que contribuam para a manutenção de espaço rural vivo.

Acreditamos que esta Rede de relações é uma das formas de contrariar a tendência para o consumo de produtos massificados, a falta de ética alimentar, o desaparecimento das pequenas explorações e o abandono dos meios rurais, por isso é nosso entender que municípios, associações, agricultores, consumidores e potenciais consumidores, devem juntar-se a este movimento que diz respeito a todos para um desenvolvimento mais saudável das nossas gentes e para um desenvolvimento sustentável dos nossos territórios.

(Artigo Publicado – Jornal da Taipa 2008)



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