Ciências Humanas e Sociais
Émile Boutroux
Segue um antigo estudo que fiz do excelente livrinho introdutório de Émile Boutroux sobre Aristóteles. Este livro foi o primeiro da coleção Biblioteca de Filosofia, editada por Olavo de Carvalho e publicada pela Editora Record.
* * *
Título: Aristóteles
Autor: Émile Boutroux
Editora: Record
Título original: Aristote (francês)
Tradutor: Carlos Nougué
Revisão e notas: Olavo de Carvalho
Ano de publicação da edição original: 1925
Ano de publicação da edição brasileira: 2000
Lógica
?É uma análise racional das condições a que deve satisfazer um raciocínio para que sua conclusão seja concebida como necessária.?
Instrumentos do pensamento
1) Noções
- Categoremas: noções universais: gênero, espécie, diferença, próprio, acidente.
- Categorias: gêneros irredutíveis das palavras, os gêneros supremos: essência (1ª classe), quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, situação, maneira de ser, ação, paixão (2ª classe).
- Relações lógicas: a) identidade, b) oposição: contrariedade, contradição, relação privação-posse.
2) Proposições: reunião dos conceitos
- Conceitos isolados não são verdadeiros nem falsos.
- Só as proposições comportam verdade e erro.
3) Raciocínio: consiste essencialmente no silogismo.
- Colocadas certas coisas, alguma outra resulta necessariamente.
- Silogismo mais importante é a indução (particular-> geral).
A ciência e os instrumentos do pensamento
- Ciência: conhecimento das coisas pelas causas, isto é, das coisas enquanto necessárias.
- Este conhecimento é realizado quando conseguimos ligar a coisa à sua causa.
- Há três tipos de ligações:
- Conjunções que sempre se realizam (ciência perfeita).
- Conjunções que geralmente se realizam (ciência imperfeita, limitada à possibilidade).
- Conjunções que pouco ou nunca se realizam (fora da ciência).
- Se obtém ciência pela demonstração.
- Apodíctica: ciência da demonstração.
- Demonstração faz-se por silogismo direto do primeiro tipo de ligação.
- Há três elementos na demonstração:
- O sujeito.
- O atributo, que se liga ao sujeito por um liame de necessidade.
- Princípios gerais sobre os quais se funda a demonstração.
- Estes princípios gerais são indemonstráveis; caso contrário, teríamos progressão ao infinito ou círculo vicioso.
- Portanto, cada ciência tem seus princípios.
- De onde vêm os princípios?
- Não são inatos.
- Não são recebidos de fora.
- Há em nós uma disposição para concebê-los.
- Por efeito da experiência, essa disposição passa ao ato.
- Pois isto é a indução (particular-> geral), pela qual conhecemos os primeiros princípios próprios a cada ciência.
- Demonstração supõe definição.
- Similarmente, é necessário que haja definições indemonstráveis.
- A definição faz-se pela indicação do gênero próximo e das diferenças específicas. [Humanos são animais racionais. Animal=gênero (sobrenome). Racional=diferença específica (nome)] (Kelley, The Art of Reasoning).
- Resumo: uma coisa é necessária quando é ligada a uma essência específica.
- Dialética: é a lógica do provável; está abaixo da apodíctica.
- Parte de opiniões, e não de definições necessárias em si.
- O dialético raciocina silogisticamente, mas partindo do verossímil.
- Verossímil: essência apenas genérica, ainda não determinada pela diferença específica.
- Retórica: busca tornar o verossímil persuasivo.
- A dialética está para a lógica assim como a retórica está para a moral.
- Modo de raciocínio da retórica é o entimema.
- Entimema é o silogismo no qual uma das três proposições é subentendida.
- Erística: prende-se aos acidentes.
- Portanto, raciocínio erístico é puro sofisma.
Metafísica
Ampliação da noção de ciência
- Nem toda ciência lida com o geral.
- A ciência tem dois modos, dois graus.
- Há a ciência em potência e a ciência em ato.
- Ciência em ato: tem por objeto o ser perfeitamente determinado, o indivíduo.
- Eis aí a idéia-mestra do aristotelismo: o geral não é o princípio constitutivo do ser; o individual não se reduz ao geral; [ciência lida com o geral, mas deve haver uma que lida com o indivíduo].
- Por exemplo: toda a ciência do geral não chegaria a construir a individualidade de Sócrates.
- O conhecimento dos indivíduos obtém-se por uma intuição.
- Assim, a especulação abstrata será impotente para nos fazer conhecer a natureza.
Os princípios do ser
- O ser está submetido ao devir [A significação do termo devir não é unívoca. [...] Às vezes se chama ?mudança? ou ?movimento?] J. Ferrater Mora, Dicionário de Filosofia.
- Se o devir existe então há princípios não engendrados [não originados, não gerados, não produzidos, Dicionário Aurélio] que o explicam.
- Tais princípios são quatro:
- Uma matéria ou substrato, teatro da mudança, teatro da substituição de uma maneira de ser por outra.
- Uma forma.
- Uma causa motrriz.
- Um objetivo.
- Por exemplo, os princípios de uma casa:
- Matéria = madeira.
- Forma = idéia da casa.
- Causa motriz = arquiteto.
- Objetivo = habitação.
- Esses princípios reduzem-se em dois:
- Matéria = madeira.
- Forma = idéia da casa.
- Causa motriz = arquiteto = forma num sujeito já realizado. [O arquiteto tem a idéia da casa em mente. Portanto, a causa motriz é a própria idéia da casa (forma) num sujeito].
- Objetivo = habitação = forma a que a casa tende.
- Eis, portanto, os dois princípios necessários, suficientes e não engendrados que explicam o devir:
- Matéria (não é nem isto, nem aquilo: pode tornar-se isto ou aquilo).
- Forma (o que faz da matéria uma coisa determinada e real; é a alma da coisa; não confundir forma com figura, como a mão de uma estátua, que é apenas a figura de uma mão, e não a forma de uma mão).
- Aristóteles aproxima os dois princípios, remetendo-os à potência e ao ato:
- Matéria é potência, capaz de dois contrários: ser e não-ser. A matéria tem uma disposição para receber a forma, deseja-o.
- Forma é ato, é o acabamento natural da matéria.
- Resumo: o devir deriva do ser-em-potência, intermediário entre o ser e o não-ser.
O ser e a imperfeição
- Pois é desse ser-em-potência (isto é, da matéria) que origina-se tudo o que é indeterminado e imperfeito porque...
- A matéria, em certo sentido, resiste à forma.
- Eis por que as criações da natureza são sempre imperfeitas.
- Eis por que produzem-se muitas coisas desprovidas de objetivo, dado que nascem pela exclusiva ação de forças mecânicas.
- Eis por que a matéria é o princípio da contingência dos futuros, pois da matéria origina-se o acaso.
- O acaso é necessário apenas mecanicamente, mas não por finalidade.
- Ou seja, o evento fortuito, do ponto de vista da finalidade, é indeterminável e incognoscível.
- Resumo: a matéria é a causa da imperfeição dos seres, e do mal.
Deus e o devir
Explicar o ser atendo-nos a seus elementos próximos não basta.
O ser, que está submetido ao devir, só pode ser explicado com base num ser eterno.Existência de Deus se prova:- Popularmente: pela perfeição gradual dos seres e pela finalidade que reina na natureza.
- Cientificamente: pela análise das condições do movimento; é o que chamamos de argumento do primeiro motor.
- Movimento é a relação da matéria com a forma, é mudança.
- O movimento do mundo é eterno.
- Portanto, o tempo é necessariamente eterno, pois sem movimento não há tempo.
- Movimento implica em móvel e motor.
- Exemplo: o carro é o móvel e seu motor o motor.
- O mundo, móvel eterno, implica num motor imóvel.
- Este motor imóvel é o que chamamos Deus.
- Em suma, há dois princípios que fundam a demonstração da existência de Deus:
- O ato é anterior à potência [Apenas com base no atual se pode entender o potencial, J. Ferrater Mora]; Deus é portanto ato puro.
- O condicionado (dependente) supõe o incondicionado (independente).
Que é Deus?
- Deus desempenha o papel de primeiro motor.
- Deus é ato puro.
- Deus é isento de indeterminação.
- Deus é isento de imperfeição.
- Deus é isento de mudança.
- Deus é imóvel.
- Deus é imutável.
- Deus é o pensamento que tem por objeto tão-somente o pensamento.
- Deus é vida eterna.
- Deus excelente.
- Deus é soberanamente feliz.
- Deus pensa, movendo o mundo sem mover a si mesmo.
Física Geral
Princípio e objeto de estudo
- [A Metafísica ocupa-se das causas primeiras. A Física ocupa-se das causas segundas, que operam na natureza] J. Ferrater Mora.
- A Metafísica tem por objeto o ser imóvel e incorpóreo, Deus (às vezes, Aristóteles mesmo chamava esta ciência de ?filosofia teológica?) .
- A Física tem por objeto o ser móvel e corporal.
- O princípio fundamental da Física é que Deus e a natureza não fazem nada em vão, que a natureza tende sempre ao melhor e ao mais belo [princípio do melhor].
Deus e a natureza
- Mas é Deus necessário nesta ordem e harmonia? Não seria a harmonia da natureza fruto do acaso? Não, responde Aristóteles, porque o acaso só é feliz como exceção, e não por regra. E os monstros [corpos de conformação anômala, Aurélio]? Monstros existem porque a natureza se engana, pois ela é constituída de matéria
- Não importa que não vemos Deus agindo, porque Deus age inteligentemente; é como a arte, também não vemos seu princípio agindo.
- Ocorre que a natureza é uma causa, mas não é a única. A natureza tem de agir em cooperação com a matéria. E a matéria não se deixa submeter à natureza inteiramente.
- Então, de um lado, o princípio do melhor é legítimo na explicação das coisas da natureza; este princípio representa a forma ou destinação das coisas.
- Por outro lado, a natureza é sempre imperfeita em algum ponto, pois é ela constituída de matéria.
- Portanto, a explicação teleológica (finalista) deve ser empregada para completar a explicação mecânica.
A natureza e o devir
- O devir (movimento, mudança) é a actualização de um possível.
- A mudança possui quatro espécies:
- Mudança substancial: do nascer ao perecer, do não-ser ao ser, e vice-versa.
- Mudança quantitativa: aumento ou diminuição.
- Mudança qualitativa: passagem de uma substância a outra.
- Mudança espacial: deslocamento.
- Como é este último que condiciona os outros três, Aristóteles detém-se no estudo dele, analisando a natureza do lugar.
- O lugar do corpo é o limite interior do corpo ambiente, ou seja, do corpo onde aquele está encerrado.
- O tempo é o número do movimento.
- O contínuo é a característica do tempo e do espaço. É divisível ao infinito.
- Portanto, fora do mundo não há espaço nem tempo.
- Todas as quatro mudanças estão condicionadas à mudança espacial, mas ela não é a única que explica as mudanças. A mudança qualitativa é irredutível ao espaço, isto é, tem algo a mais, que é a nova substância que se torna.
- Eis por que Aristóteles põe como princípio a distinção qualitativa das substâncias
Matemáticas
- As matemáticas lidam apenas com as relações de grandeza, a quantidade e o contínuo, fazendo abstração das outras qualidades físicas.
- Tratam, assim, das coisas que são imóveis sem existir à parte, essências intermediárias entre o mundo e Deus.
- O matemático isola, por abstração, a forma da matéria.
Cosmologia
[Teoria geral do mundo, ou do cosmo] J. Ferrater Mora
- O mundo é belo e bom, tanto quanto o permite a resistência do elemento material.
- O mundo tem uma forma perfeita: a forma esférica.
- O mundo compõe-s de duas metades desiguais:
- O mundo supralunar ou celeste: onde estão grudadas as estrelas fixas.
- O mundo infralunar ou terrestre.
- A matéria das estrelas é o éter, ou quinto elemento, que é incorruptível.
- Os outros elementos são corruptíveis.
- O céu dos planetas é feito de uma substância cada vez menos pura à medida que se afasta do céu das estrelas fixas.
Astronomia
- Todos os seres celestes são esféricos.
- O primeiro céu é uma esfera.
- Os planetas são movidos pelas esferas; a terra é esférica [É como se o planeta fosse a ?parte visível? da esfera, mas um ser animado, racional, superior ao homem] Edward.
- Aristóteles admitia 33 esferas, porém teve de acrescentar 22 esferas (as chamadas esferas antagonistas) para que as esferas dos astros exteriores não interferissem nas esferas dos astros interiores.
- Total = 55 esferas.
Meteorologia
- Os fenômenos meteorológicos resultam da ação mútua de quatro elementos.
- Como esses quatro elementos são corruptíveis, Aristóteles busca para os meteoros explicações empíricas e mecânicas.
- P.ex.: ventos são movimentos de vapores resultante de diferenças de temperatura.
Biologia
- A alma é a forma do corpo, isto é, o corpo é o instrumento da alma.
- A alma vence o corpo pouco a pouco pois, como vimos, a matéria tende a resistir à forma.
- Este triunfo da alma dá origem a três graus na vida psíquica:
- Nutritividade: comum a todos os seres vivos; dela procede a vida e a morte.
- Sensibilidade: comum aos animais e ao homem.
- Inteligência: exclusiva do homem.
Anatomia e Fisiologia Animais
Anatomia: estrutura dos órgãos
Fisiologia: função dos órgãos
[Aurélio]
Anatomia e Fisiologia Gerais
- As partes do organismo se dividem em duas espécies:
- Homogêneo: veias, ossos, unhas, pêlos, chifres, gordura, sebo, sangue, medula, leite, membranas.
- Heterogêneo:coração, diafragma, órgãos dos sentidos, órgãos do movimento, encéfalo.
- Os sentidos consistem em ?ser movido?, ?sofrer alterações?, e se dividem em duas espécies:
- Sentidos mediatos: atuam por meio do ar: visão, audição e olfato.
- Sentidos imediatos: atuam por contato: tato e paladar.
- Quanto à hereditariedade, Aristóteles ensina que o novo ser (embrião) forma-se de substâncias diferentes dos próprios pais, isto é, da mistura do esperma com o mênstruo resulta o embrião.
- Do homem nasce a alma e da mulher o corpo.
Anatomia e Fisiologia Comparadas
Aristóteles estudou as diferenças e semelhanças orgânicas.
Ele elaborou a lei de divisão do trabalho: a natureza, sempre que possível, emprega dois órgãos para duas funções diferentes.Ele estudou também a fisiognomia, isto é, a relação do físico com o moral.Zoologia
Ciência que trata dos animais [Aurélio]
- Aristóteles procura classificar os animais basendo-se em suas semelhanças, distinguindo a essência do acidente:
- Animais que têm sangue (vertebrados):
a) Vivíparos verdadeiros
b) Ovovivíparos
c) Ovíparos - Animais que não têm sangue (invertebrados):
a) Moluscos
b) Crustáceos
c) Testáceos
d) Insetos
Psicologia
Ciência que estuda a psique (alma, espírito) e o comportamento. [Definição adaptada do Aurélio]
- O que diferencia o homem dos outros animais é o núus.
- Sensação: é a transmissão da forma do objeto ao sujeito: por causa dela, os animais são capazes de prazer e dor e, portanto, de desejos e paixões.
- Imaginação: é a nova aparição da imagem, pois a sensação durou mais tempo que o limiar.
- Memória: é a imagem reconhecida como percepção passada.
- Núus é o conhecimento das causas primeiras; não tem nascimento, é eterno, nunca está passivo (em potência), mas sempre ativo (em ato); não tem órgão; é a inteligência.
- Funções da alma animal (sensação, imaginação, prazer, dor, memória, desejos, paixões).
- Núus pathéticos: inferior, passivo, mesclado com a alma animal.
- Função teórica: como tabula rasa, funcionando com imagens e influência do núus superior. É o núus superior que liberta da sensação o geral que está nela contido.
- Função prática: aplicação das idéias teóricas.
a) pela produção
b) pela ação
- Núus theoréticos, apathos, absoluto, superior: superior; procede a priori, partindo das causas.
- Vontade: combinação da inteligência (núus) com desejo (alma animal); no entanto, esse desejo pode ser engendrado pela razão (eis a vontade), e não necessariamente apenas pela sensação (isso seria apenas apetite); o desejo fornece fins a realizar, enquanto a inteligência fornece os meios.
- Livre-arbítrio: é faculdade da autodeterminação, ou seja, justamente a capacidade de decidir entre a vontade (razão) e o apetite (sensação).
Filosofia prática
É a filosofia das coisas humanas. O homem não é um animal, ou seja, tem um fim que não se realiza imediata e necessariamente.
Divide-se em três partes:
1) Ética ou Moral: regra da vida individual
2) Econômica: regra da vida familiar
3) Política: regra da vida social
Moral
- O bem para um ser vivo está para a plena realização da atividade que lhe é próprio assim como a felicidade para o homem está para a realização da atividade propriamente humana.
- Felicidade é a constante atividade de nossas faculdades propriamente humanas, isto é, intelectuais; felicidade é a ação guiada pela razão.
- A virtude é o elemento constitutivo da felicidade.
- Virtude é um hábito caracterizado pela realização perfeita da parte superior da alma humana, das potências humanas.
- Virtude é a forma da felicidade.
- Saúde, beleza, fortuna, filhos, amigos são a matéria da felicidade.
- A natureza humana é dupla: intelectual (que lida com o necessário) e moral (que lida com o contingente).
- Há, portanto, dois tipos de virtudes correspondentes à duplicidade da natureza humana:
- Virtudes dianoéticas (intelectuais): são os hábitos perfeitos da parte inteligente da alma; são as mais elevadas; dependem de instrução, não da vontade; a ciência (ou contemplação) é a virtude que confere maior felicidade ao homem e é a que está mais próxima da divindade; o órgão da ciência é o núus. Há dois graus de inteligência: a) Inteligência científica, cujas virtudes são o núus (que conhece os primeiros princípios) e a ciência (que deduz desses princípios as verdades particulares); núus+ciência=sapiência. b) Inteligência logística, cujas virtudes são a arte (capacidade de produzir algo em vista de um fim) e o julgamento (inteligência prática).
- Virtudes éticas (morais): como as virtudes dianoéticas são muito raras, pois o homem está ligado ao corpo, resta-lhe as virtudes éticas; são hábitos da alma; tendem a escolher a justa medida para a natureza humana e determina o julgamento prático do homem inteligente; são muito numerosas; p.ex.: justiça e amizade.
Econômica
- A família aumenta o grau de perfeição do indivíduo.
- Relação entre homem e mulher:
1) Homem tem autoridade sobre a mulher porque ele é mais perfeito.
2) Mas a mulher é livre.
3) Portanto, relação é de amizade e reciprocidade. - Relação entre pais e filhos:
1) Criança não têm direito nenhum porque ela é parte do pai.
2) Mas pai tem de velar pelo bem do filho.
3) Portanto, pai deve comunicar sua perfeição ao filho, e o filho deve se apropriar dela. - Relação entre senhor e escravo:
1) Escravidão é necessária e legítima porque escravo é um ser próprio só para trabalhos corporais.
2) O senhor está para o intelectual assim como o escravo está para o corporal.
3) O senhor está para a forma assim como o escravo está para a matéria.
Política
Aristóteles trata da política de duas entidades:
1) do Estado
- Política é o aperfeiçoamento da econômica.
- Política é a causa final das famílias.
- Portanto, finalidade do Estado é a felicidade dos cidadãos, velando pelas virtudes e bens interiores, e só depois exteriores.
- Propriedade e família são úteis ao Estado, pois ele é o todo e aquelas as partes.
- Portanto, Estado deve regulamentá-las, não eliminá-las.
- Estado deve educar os cidadãos, visando formar hábitos morais nas crianças, tendo em vista o bem da inteligência: gramática, ginástica, música e desenho; atividades mecânicas e utilitárias devem ser descartadas.
2) das Constituições
- Para cumprir a finalidade do Estado, são necessários dois órgãos:
i. Leis, que são a representação prática da razão.
ii. Magistrado, para os casos precisos e específicos. - Há dois tipos de formas de governo:
- Formas justa de governo (um só governante = Realeza; muitos governantes = Aristocracia; a maioria governa = Poliarquia).
- Forma corrupta de governo (um só governante = Tirania; muitos governantes = Oligarquia; a maioria governa = Democracia).
- A aristocracia é o melhor porque reúne ordem (somente os de boa situação cultural são cidadãos) e liberdade (muitos cidadãos podem governar).
Retórica
- Retórica é a aplicação da dialética aos fins da política.
- Essencial da retórica: os meios oratórios:
- Que se relacionam com o assunto:
- Tem de fazer as afirmações aparecerem verdadeiras
- Para isso, precisa de provas
- Quanto às provas: os silogismos da dialética estão para as induções assim como os entimemas da retórica estão para os exemplos - Que se relacionam com o orador:
- Tem de fazer o orador aparecer dotado de inteligência, probidade e benevolência
- Que se relacionam com o ouvinte
- Tem de saber excitar e aplacar paixões
- Estuda a idade e as disposições da platéia
Estética
Parte da filosofia que lida com a arte.
- Caracteres essenciais do belo: simetria, coordenação, precisão.
- Belo é geral, e não particular.
- A essência da arte é a imitação, pois o homem está propenso a imitar, extraindo prazer disso.
- Mas o homem imita o quê? A natureza, ou seja, principalmente a essência interna, ideal, das coisas naturais e, também, a aparência externa.
- As artes produzem um efeito chamado catarse.
- Catarse é a supressão de uma paixão que dominava e turbava a alma; é um tratamento homeopático.
- Mas tem de ser uma excitação salutar, que se submete a uma medida e a uma lei.
- As artes mais elevadas são a poesia e a música.
Poética
- O que restou de Aristóteles foi praticamente só o estudo da tragédia.
- Tragédia é a imitação de uma ação séria, completa.
- Excita o terror e a piedade.
- Ação deve apresentar não apenas aquilo que necessariamente teria acontecido, mas aquilo que poderia ter acontecido.
Gramática
- As palavras fundam-se mais num acordo dos homens entre si do que na natureza
- Portanto, a formação das palavras é mais arbitrária do que analógica.
loading...
-
Filosofia Bizantina Iii
O objetivo da terceira parte da série "Filosofia bizantina" é descrever como o conceito de livre arbítrio é analisado por São João Damasceno (+780). Esta avaliação baseia-se no capítulo 4, de autoria de Michael Frede, publicado em Byzantine...
-
Fé E Ciência I: A Ciência Tem De Ser Materialista?
Creio que as grandes questões culturais e filosóficas de nosso tempo devam ser analisadas e entendidas a partir de uma mentalidade devidamente fundada na Tradição e na autoridade mística e dogmática dos Santos Padres. O podcast de Clark Carlton...
-
Algumas Perguntas Relevantes
Mortimer J. Adler ensina em seu How to Read a Book que uma das melhores maneiras de apreender o conteúdo de um livro bem como testar se o entendimento deles extraído está correto é formular perguntas e procurar respondê-las com suas próprias palavras....
-
O Reino Da Quantidade
Dando prosseguimento aos estudos de metafísica e filosofia perene, resumirei aqui os sete primeiros capítulos da obra-prima de René Guénon: El Reino de la Cantidad y los Signos de los Tiempos (1945). Mais tarde tratarei do restante. Originalmente...
-
Aristóteles - Parte V
Parte V: Assuntos Difíceis Chamamos aqui de ?assuntos difíceis? àqueles em que não basta apelarmos ao bom senso e às experiências comuns a todos nós. Elas exigem um tratamento filosófico mais refinado. I ? Infinitude Leucipo e Demócrito propuseram,...
Ciências Humanas e Sociais