Por dias a fio Darwin cavalga perto do Rio de Janeiro por mata fechada. A imensa variedade dos organismos lhe aparece como uma total confusão. Mas para onde ele olhe, vê exemplos de um importante princípio biológico: o da coevolução
A expedição que trouxe Charles Darwin (nascido em Shrewsbury, Inglaterra, em 12 de fevereiro de 1809) aos trópicos tinha como propósito o levantamento cartográfico das costas marítimas do sul da América, uma continuidade de trabalhos anteriores, com medições mais exatas que proporcionassem maior segurança para guerras navais e navegação comercial, incluindo o levantamento próximo às Ilhas Malvinas e Ilhas Galápagos. Darwin tinha apenas 22 anos de idade quando partiu no navio HMS Beagle, em 27 de dezembro de1831, para uma viagem planejada para se completar em dois anos, mas que acabou durando quase cinco.
Choque de êxtase
Dois meses depois de partir, Darwin desembarcou em Salvador, Bahia, onde tomou seu primeiro choque de êxtase diante da copiosa natureza tropical; ele escreveria depois: "A vista de florestas selvagens irá levar todo e qualquer naturalista a lamber o pó dos pés de um brasileiro." Calcula-se que Darwin passou dois terços do tempo total da viagem - cerca de três anos e três meses - em terra firme. No Rio de Janeiro, próxima parada da expedição depois de Salvador, onde o Beagle aportou em 4 de abril de 1832 a próxima parada da expedição depois de Salvador, ele cavalgou durante vários dias pela Mata Atlântica fechada, observando a imensa variedade de espécies animais e vegetais - para ele tudo era absolutamente novo e na observação Darwin percebeu o princípio biológico da coevolução, o embate entre caçadores e presas, o desenvolvimento de espécies de insetos famintos e plantas nutritivas.
Os pampas gaúchos
Do Rio de Janeiro a expedição partiu para o sul, chegando em Montevidéu, Uruguai, em julho de 1832. Ali, Darwin ficou impressionado principalmente com o elemento humano, o qual ele descreveu com detalhes como nenhum outro encontrado durante a longa viagem - foram os gaúchos, que pastoreiam seu gado pelas vastíssimas planícies dos pampas até os dias de hoje, que deixaram Darwin encantado pela sua destreza de cavaleiros e impressionado com a ração alimentar desses indivíduos - formada praticamente de carne pura.
É no Uruguai que Darwin, pela primeira vez, faz uma colheita quase completa de exemplares da flora e da fauna - uma coleção que não seria possível no Brasil por causa da diversidade abundante, e são justamente esses contrastes entre as regiões que lhe chamam mais a atenção para a questão da variedade das espécies, suas adaptações às condições locais, a capacidade de sobrevivência e a reprodução dos mais aptos.
Ptolomeu (miniatura extraída de um manuscrito grego do começo do século XVI)
A expedição que trouxe Charles Darwin (nascido em Shrewsbury, Inglaterra, em 12 de fevereiro de 1809) aos trópicos tinha como propósito o levantamento cartográfico das costas marítimas do sul da América, uma continuidade de trabalhos anteriores, com medições mais exatas que proporcionassem maior segurança para guerras navais e navegação comercial, incluindo o levantamento próximo às Ilhas Malvinas e Ilhas Galápagos. Darwin tinha apenas 22 anos de idade quando partiu no navio HMS Beagle, em 27 de dezembro de1831, para uma viagem planejada para se completar em dois anos, mas que acabou durando quase cinco.
Choque de êxtase
Dois meses depois de partir, Darwin desembarcou em Salvador, Bahia, onde tomou seu primeiro choque de êxtase diante da copiosa natureza tropical; ele escreveria depois: "A vista de florestas selvagens irá levar todo e qualquer naturalista a lamber o pó dos pés de um brasileiro." Calcula-se que Darwin passou dois terços do tempo total da viagem - cerca de três anos e três meses - em terra firme. No Rio de Janeiro, próxima parada da expedição depois de Salvador, onde o Beagle aportou em 4 de abril de 1832 a próxima parada da expedição depois de Salvador, ele cavalgou durante vários dias pela Mata Atlântica fechada, observando a imensa variedade de espécies animais e vegetais - para ele tudo era absolutamente novo e na observação Darwin percebeu o princípio biológico da coevolução, o embate entre caçadores e presas, o desenvolvimento de espécies de insetos famintos e plantas nutritivas.
Os pampas gaúchos
Do Rio de Janeiro a expedição partiu para o sul, chegando em Montevidéu, Uruguai, em julho de 1832. Ali, Darwin ficou impressionado principalmente com o elemento humano, o qual ele descreveu com detalhes como nenhum outro encontrado durante a longa viagem - foram os gaúchos, que pastoreiam seu gado pelas vastíssimas planícies dos pampas até os dias de hoje, que deixaram Darwin encantado pela sua destreza de cavaleiros e impressionado com a ração alimentar desses indivíduos - formada praticamente de carne pura. É no Uruguai que Darwin, pela primeira vez, faz uma colheita quase completa de exemplares da flora e da fauna - uma coleção que não seria possível no Brasil por causa da diversidade abundante, e são justamente esses contrastes entre as regiões que lhe chamam mais a atenção para a questão da variedade das espécies, suas adaptações às condições locais, a capacidade de sobrevivência e a reprodução dos mais aptos.
A rota de Darwin
Na Patagônia
Partindo para a Patagônia, o HMS Beagle chegou àquelas vastas regiões cobertas de seixos, somente seixos, camadas com 15 metros de espessura, segundo avaliação do próprio Darwin, em 23 de dezembro de 1833. A paisagem desolada da região em contraste com a explosão de vida tropical à qual fora apresentado apenas dois anos antes, fez Charles Darwin anotar em seu diário:
"23 de Dezembro de 1833
A primeira visita em qualquer região nova é muito interessante, especialmente quando, como neste caso, o aspecto completo tem a estampa de caráter individual.... A superfície é bastante nivelada, e é composta de cascalho bem arredondado, misturado com uma terra esbranquiçada.
Aqui e ali, há tufos de grama de cor marrom, dispersos e, mais raramente, alguns arbustos espinhosos baixos. O clima é seco e agradável. O céu é bem azul, raramente fica obscurecido."
Darwin descreve os gaúchos, admirado da destreza dos homens na montaria e sem entender como eles conseguem ficar por tanto tempo se alimentando apenas de carne.
Parque Nacional Los Glaciares, nos confins da Patagónia argentina - Galápagos
As Ilhas Galápagos são um Patrimônio Mundial Unesco. As Galápagos (ou Arquipélago de Colombo) formam um grupo de 58 ilhas vulcânicas, das quais apenas quatro são habitadas, situadas no Oceano Pacífico a aproximadamente mil quilômetros a oeste da costa do Equador, país a quem pertencem e ponto continental mais próximo. O arquipélago apresenta uma biodiversidade elevada, sendo o habitat de uma fauna peculiar que inclui muitas espécies endêmicas, como as tartarugas das Galápagos. A totalidade das ilhas constitui uma reserva de vida selvagem administrada pelo governo do Equador e que é, desde a visita de Charles Darwin, o principal laboratório vivo de biologia do mundo. Principais ilhas: Ilha de São Cristóvão, Ilha Isabela (a maior do arquipélago equatoriano), Ilha de Santa Cruz, Ilha de Santa Maria, Ilha de Española, Ilha Seymour, Ilha de Santa Fé, Ilha de Genovesa. As Galápagos apareceram pela primeira vez em dois mapas do século XVI, um desenhado por Mercator (1569) e o outro por Abraham Ortelius (1570). Foram chamadas, então, de "Ilhas das Tartarugas" (Insulae de los Galopegos). Charles Darwin quando esteve em Galápagos, em 1835, visitou somente quatro ilhas: São Cristóvão, depois Floreana, Isabela e Santiago, onde fez grandes coletas de plantas e animais.
Fonte: Wikipedia
Mais adiante: "O guanaco, o lhama selvagem, é o quadrúpede característico das planícies da Patagônia, é o representante sul-americano do camelo do Oriente. É um animal naturalmente elegante, com um pescoço fino, assim como as pernas. É muito comum ao longo de todas as partes de clima temperado do continente, ao sul, até as ilhas perto do Cabo Horn. De modo geral, vive em pequenos rebanhos a partir de meia dúzia até trinta indivíduos em cada um, porém, às margens do rio Santa Cruz, vimos um rebanho que deve incluir, pelo menos, quinhentos deles."
Depois de ziguezaguear pela região da Patagônia, o HMS Beagle iria até as Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico, onde chegou em 15 de setembro de 1835; lá, Darwin fez observações fundamentais para elaborar sua teoria da evolução das espécies. Dali, em 20 de outubro de 1835, o Beagle partiu para o Tahiti (ilha do Pacífico que se tornaria uma província francesa em 1842) antes de terminar a viagem na Inglaterra, em 2 de outubro de 1836, o ponto de partida quatro anos e nove meses antes.
A árvore da vida
Na época da chegada, Charles Robert Darwin tinha apenas 26 anos. A princípio, era um naturalista interessado em geologia, porém, com a experiência da viagem, veio a se tornar o maior biólogo já conhecido. Cerca de um ano depois, no verão de 1837, Darwin teve um lampejo e escreveu em seu caderno de anotações as seguintes palavras: "Eu penso", na sequência, fez um desenho, uma série de rabiscos interligados mostrando que as espécies não apenas se desenvolvem, mas também se ramificam e, finalmente, com o tempo entram em extinção - era a descoberta mais importante que resultou da viagem - pela primeira vez Darwin esquematizava sua ideia da árvore da vida.
Ele passaria as décadas seguintes trabalhando o material que observou ou conseguiu recolher durante a expedição do HMS Beagle aos trópicos, entre 1831 e 1836. Sua obra-prima, A Origem das Espécies (no original em inglês, On The Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races In The Struggle For Life), na qual apresenta sua Teoria da Evolução, válida até os dias de hoje, somente foi publicada em 1859.
Depois de publicar uma série de trabalhos sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana (A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo, 1871 e A Expressão da Emoção em Homens e Animais, 1872), consagrado nos meios acadêmicos e laureado pela Sociedade Geológica de Londres, Charles Darwin morreu em 19 de abril de 1882.
Créditos originais: Jürgen Neffe (texto) e Peter Ginter (fotos)*. Conteúdo adaptado de reportagem publicada na edição número 1 da revista Geo.
* Em suas viagens marítimas, na esteira do "Beagle", o autor Jürgen Neffe pôde sentir "a respiração de Darwin" - a bordo do cargueiro "Aliança Pampas", ou em pequenas barcas e barcos de pesca. A biblioteca de viagem de Neffe abrangia todos os escritos importantes de e sobre Darwin, além de mapas, tudo no arquivo de seu laptop. Recontar a viagem da vida de Darwin e encontrar a sua perspectiva em um mundo fortemente alterado colocou o fotógrafo Peter Ginter diante de um desafio logístico considerável: em 90 dias ele realizou 90 voos, milhares de quilômetros por carro em estradas de terra, 125 quilômetros a pé e 12 horas em lombo de cavalo. Tudo isso com 110 quilos de equipamento.