''CUIDADOS'' COM A LEITURA INFANTIL.

O Brasil chega ao século XXI, momento em que a tecnologia e a difusão do audiovisual assumem imensas proporções, porém segundo a revista The Economist(2006) ‘’O brasileiro em média lê 1,8 livros não-acadêmicos por ano –menos da metade do que se lê nos EUA ou na Europa. Em uma pesquisa recente sobre hábitos de leitura, os brasileiros ficaram em 27º em um ranking de 30 países, gastando 5,2 horas por semana com um livro. Os argentinos, vizinhos, ficaram em 18º’’.
Essa pesquisa mostrou a realidade de nosso país e de como estamos ‘’atrasados’’ diante o mundo. A autora consagrada Cecília Meireles afirmava que a literatura infantil deveria ser aquela que as crianças lêem “com utilidade e prazer”. Não haveria, portanto, uma literatura infantil a priori, mas a posteriori. Rubem Alves já diz que ‘’Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar’’, e certamente essa frase vai ao encontro quando a pessoa já tem o hábito da leitura, mas quando não e a leitura não é bem direcionada, pode traumatizar esses recentes leitores.
O site Recanto das Letras, Carlos Matias publicou no dia 09 de setembro de 2009 uma matéria que diz exatamente os motivos que fazem os alunos odiarem a leitura, e segundo ele ‘’quando estão nas primeiras séries, as “tias” mandam os alunos contarem para os colegas, como era a historinha que ele (a) havia lido no livro. Mesmo que a criança não quisesse. Se a criança inventava uma história que não fosse à do livrinho, a tia, dizia que estava errado. “Conta, certo”! Bobagem! Traumatizou o aluno (a)’’.
Segundo pesquisa publicada no livro Letramento no Brasil, 37% dos entrevistados respondem que um professor foi quem mais influenciou o gosto pela leitura, 36% creditam às mães esta influência. Estes dados dão uma mostra da importância do educador neste processo mas será que a maioria dos professores estão bem qualificados para esse tão influente processo?
Um levantamento feito em 2007 pelo Centro de Estudos de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), campus de Presidente Prudente da UNESP, revelou falhas no incentivo à leitura e na produção de textos em sala de aula. A pesquisa revela que 37% dos professores e 31% dos coordenadores pedagógicos leram de um a três livros em 2006. “Entre os que dão aulas de leitura, a maioria prefere livros de auto-ajuda. Um terço deles não comprou livros nos últimos anos”, acrescenta Zanchetta Junior.
Como professores devem despertar o amor pela leitura e fazer dele um hábito tão querido que se transforme em parte da própria vida de seu aluno se nem esse influente profissional formador de opinião não tem o hábito da leitura? O professor deve escolher os livros com critério e principalmente gostar daquilo que leu, deve observar o assunto, os valores que o livro aborda e despertar além do hábito da leitura a sensibilidade e o auto-conhecimento de seu aluno.
Mas a escola não é o único meio que faz a criança se interessar a leitura é o que diz a coordenadora da Educação Infantil, Binha Cardoso que afirma que: “Famílias leitoras fazem filhos leitores”. Segundo ela, a criança deve ter contato com a leitura desde os primeiros meses de vida. É comprovado cientificamente que as crianças de pais leitores descobrirão, muito rapidamente, que o livro é algo que dá prazer.
Concluo então que o professor e a família tem papel fundamental para desenvolver o hábito da leitura na criança. Devem atraí-lo pela beleza do livro, mostrar a grande viagem que esses futuros leitores podem fazer quando lêem e estimular a criatividade desse pequeno leitor perguntando o que achou do livro, dos personagens que outro final a criança daria, o que a criança faria em determinada situação e etc. Outro dado importante é deixar os livros ao alcance da criança, deixando que ela escolha o livro que quer. Não devemos barrar sua imaginação, como Carlos Novais falou: "Imaginando oceano, as crianças brincam na poça d'água."

*Texto que fiz para a disciplina de Literatura Infantil- Sexto semestre.

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