Criar rumores e boatos é a última moda dos publicitários
Ciências Humanas e Sociais

Criar rumores e boatos é a última moda dos publicitários



Nos Estados Unidos as empresas especializadas em criar e manipular rumores não param de aumentar e florescer. A mais importante conta já com 76.000 voluntários benévolos que se encarregam de incitar quem quer que seja a comprar jean, livros, salsichas.

A cena faz lembrar alguma situação delirante de um programa cómico. No dia 4 de Julho de 2004, Festa Nacional nos USA, um batalhão de 2.000 indivíduos participou no maior segredo numa gigantesca campanha de promoção. Aos vizinhos, a colegas de trabalho, aos parentes e familiares, todos eles tentaram convencer acerca dos méritos e vantagens de uma certa variedade de salsichas da marca Al Fresco, que tinha contratado os serviços da BzzAgent, uma empresa de marketing criada três nãos antes e especializada nos rumores públicos do diz-que-se-diz.
O resultado foi uma subida de 100% das vendas em certos estabelecimentos comerciais. « Esta nova técnica – a propaganda comercial por via dos rumores - parece-se mais com uma situação paranóica de um romance de ficção científica e que descrevem um futuro onde as empresas se tornam tão poderosas que conseguem vencer exércitos inteiros para se infiltrarem nos domicílios familiares», escreveu o jornalista Rob Walker no New York Times do passado 5 de Dezembro de 2004.
Desde há um tempo para cá, esta forma discreta do porta-a-porta tornou-se uma moda. Al Fresco, assim como outras marcas e empresas como a Penguin, a Estée Lauder, Lee, Weight Watchers, Kelloggs, Air Train Airways, Coca-Cola, os sapatos Jonston & Murphy, recorreram à BzzAgent para lançar uma campanha de boatos e rumores favoráveis a um certo produto, seja ele um perfume, uns jeans, um dentífrico, uma marca de café, ou um simples livro. A tiragem do primeiro romance de um jovem autor, Frog King, de Adam Davies, esgotou em três meses, graças à efervescência, curiosidade e interesse orquestrados nas livrarias nova-iorquinas, nos fóruns de discussão, etc.
Mais pessoal que o marketing viral propagado por via tecnológica ( e-mails,nos forums de discussão, etc) esta nova técnica de marketing é muito mais insinuante, comparada com as tradicionais técnicas como as estafadas reuniões Tupperware.

A empresa BzzAgente conta com um dezena de funcionários permanentes e de 76.000 voluntários qualificados. A estes evangelistas das marcas comerciais acrescem por semana um milhar de suplentes, recrutados via Internet, maioritariamente estudantes, reformados e assalariados, que depois de se inscreverem, recebem por e-mail uma lista de actividades a realizar.
No caso das salsichas Al Fresco pedia-se, por exemplo, para sugerir a sua compra a um desconhecido com que se cruzasse num talho; sugerir ainda aos organizadores de um piquenique a sua inclusão na merenda, ou finalmente que se elogiasse o produto em pleno jantar de amigos.
No caso dos livros, é aconselhado pelo BzzAgente, a sua exposição nos transportes públicos ou de enviar comentários para a Amazon.
Outras empresas já desenvolvem o mesmo tipo de marketing. A multinacional Procter & Gambler criou o seu departamento de marketing verbal para as marcas destinadas a um público adolescente.
O criador da BzzAgente, Mark Hugues, declarou sem qualquer rebuço:
«A publicidade clássica está ultrapassada se ela não leva as pessoas e a imprensa a falar sobre o produto. Os Estados Unidos gastam hoje, em cada ano, mais dinheiro em marketing – algo como 234 mil milhões de dólares – que o total do Produto Interno Bruto do México». No seu livro, com o título «Buzzmarketing», ele resume a sua filosofia: «O rumor e o boato representa um meio alternativo cuja eficácia está na própria credibilidade do mensageiro»
Mas, o mais incrível, é que os mensageiros não são remunerados. Eles apenas acumulam pontos que poderão a partir de certo montante serem trocados por…presentes!

Fonte: Le Monde de 4/3/2005



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