O actual modelo de civilização é o primeiro “alvo” da associação, que considera o sistema capitalista o principal responsável pela crise global que afecta todos os habitantes do planeta Terra.
Assim, o primeiro ponto do texto-base da associação defende que “a política e a economia deverão sofrer alterações profundas, contemplando o desenvolvimento humano e a satisfação equitativa das necessidades, ultrapassando a sua obsessão pelo crescimento ilimitado”.
O principal mentor deste novo projecto, Teófilo Braga - activista experiente que recentemente deixou a direcção da Associação Amigos dos Açores - faz questão de salientar que “o CAES vai ser uma associação informal”.
Isto quer dizer que vai funcionar com base no voluntariado dos associados, sem receber qualquer apoio do Estado ou outras empresas, quer sejam públicas ou privadas, e que nunca será reconhecida oficialmente como instituição, porque, segundo Teófilo Braga, “mais importante do que fazer parte de comissões e órgãos consultivos, é influenciar a sociedade, porque só quando as pessoas estiverem bem educadas é que os responsáveis políticos vão agir de maneira diferente”.
Na base do afastamento dos órgãos públicos de decisão está também o desagrado de Teófilo Braga com a forma como decorre a participação das associações ecológicas em comissões, já que “muitas vezes as associações não têm conhecimento prévio dos assuntos a tratar, nem dos documentos a discutir”.
O impulsionador do CAES acredita mesmo que, em todo o mundo, com a colaboração com estas associações, “os Estados, muitas vezes, pretendem apenas legitimar as suas decisões”.
O activista ressalva, no entanto, que a associação vai estar disponível para colaborar com todas as entidades, mas sem compromissos formais.
A acção do CAES aposta mais na mudança da mentalidade de cada um, do que na imposição de medidas e regras pelos poderes políticos e vai muito para além da defesa e conservação do ambiente e da natureza.
“Não vamos roubar espaço às associações existentes, porque temos um conjunto de princípios diferentes, e bem definidos”, garante Teófilo Braga.
A paz, a justiça social, a pobreza, o desarmamento, ou a utilização de energia nuclear, são temas sobre os quais o CAES pretende fazer passar a sua mensagem, sensibilizando a sociedade para os problemas existentes.
Descontentamento
Criticando a forma como o associativismo ambiental tem sido encarado por muitos, nos Açores, Teófilo Braga acusa responsáveis de algumas instituições ambientais de ocuparem lugares de direcção “para benefício próprio ou como trampolim para outros cargos” e lamenta que, embora algumas associações tenham muitos membros, os verdadeiramente activistas e que se dedicam às causas e iniciativas ambientais sejam sempre poucos.
Os governos também não escapam às críticas de Teófilo Braga: “na área ambiental, a actuação dos sucessivos governos, desde há dezenas de anos, tem ficado muito aquém das expectativas”, uma vez que existem problemas que persistem constantemente, como o ordenamento do território e a eutrofização das lagoas, cuja resolução devia estar numa fase mais avançada.
Colectivo Açoriano de Ecologia Social
O documento “Que ecologismo?”, que serve de base do CAES, estabelece, em dez pontos, a linhas de actuação e os princípios defendidos pela associação.
Acusando o capitalismo de ser responsável pelo actual estado da civilização, o CAES defende o respeito pelos animais, a implementação de medidas para a conservação da biodiversidade e da geodiversidade e a agricultura sustentável, rejeitando os alimentos geneticamente modificados. No que diz respeito à energia, o CAES defende um modelo alternativo, baseado na poupança e eficiência energética e nas energias renováveis, rejeitando categoricamente a utilização da energia nuclear. Associação pacifista, o CAES é a favor do desarmamento dos Estados e quer promover o respeito intercultural.
João Cordeiro, Açoriano Oriental, 19 de Outubro de 2008
retirado de:
www.acorianooriental.pt/noticias/view/175853
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