Ciclo Palestras para o dia de amanhã (10, 17 e 23 de Abril) no Teatro Municipal Maria Matos, com Evan Calder Williams, Martin Breaugh e Sandro Mezzadra
Ciências Humanas e Sociais

Ciclo Palestras para o dia de amanhã (10, 17 e 23 de Abril) no Teatro Municipal Maria Matos, com Evan Calder Williams, Martin Breaugh e Sandro Mezzadra





Ciclo Palestras para o dia de amanhã

Coorganização Maria Matos Teatro Municipal e Unipop

Local:  Teatro Municipal Maria Matos, mmcafé

10, 17 e 23 de abril, às 18h30

A RECUSA DA CIDADE
Evan Calder Williams
10 de abril, às 18h30

A presente conjuntura tem gerado novas bolsas de pobreza e subdesenvolvimento, traçando novos mapas de desigualdade e violência estruturais. À medida que aumentam os indesejados e as zonas de exclusão, o Estado recua, cedendo lugar aos cordões policiais. Muitos são empurrados não só para o lado de lá da subsistência, mas igualmente para o lado de fora do político, uma vez que as linhas de comunicação e compromisso foram cortadas. É destas margens que irrompem pilhagens e motins, confrontos e ocupações. Estamos para lá do protesto: é necessário bloquear a cidade como centro do desenvolvimento capitalista e reinventar os espaços e os modos de viver coletivamente. A partir de um presente delapidado, diz-nos Evan Calder Williams, urge traçar uma linha que nos leve da recusa ao antagonismo, do antagonismo a novas formas de solidariedade e destas a novos modos de construção coletivos.

Evan Calder Williams é um teórico norte-americano, editor do blogue Socialism and/or Barbarism (socialismandorbarbarism.blogspot.com). Publicou os livros Combined and Uneven Apocalypse e Roman Letters. É doutorando em Literatura na Universidade da Califórnia, Santa Cruz.

A EXPERIÊNCIA PLEBEIA
Martin Breaugh
17 de abril, às 18h30

O termo “plebe” não é uma categoria social nem é nome de uma afirmação identitária. Designa antes uma experiência: a da passagem do estatuto infrapolítico ao de sujeito político. Num sentido que vai para lá das figuras do trabalhador, do operário ou do proletário e da tentativa de recondução dos sujeitos políticos a atores constituídos objetivamente, a experiência plebeia é o próprio processo que os constitui. No centro desta experiência está a recusa da dominação, assim como o desejo de uma igualdade radical e de liberdade política, entendida como a participação na vida da cidade. Os traços constitutivos da experiência plebeia — segundo Breaugh, comunalismo, agorafilia e uma temporalidade da fratura que deixa rasto — remetem-nos para os tempos da República Romana, mas ecoam numa sequência histórica descontínua de lutas pela liberdade política, da Revolução Francesa e da Comuna de Paris às revoluções do século XX. Hoje, quando coexistem a afirmação da inevitabilidade das opções políticas e a irrupção de motins, ocupações e manifestações de toda a ordem, será tempo de voltarmos a falar da experiência plebeia?

Martin Breaugh é professor de Teoria Política na Universidade de York, em Toronto. É autor, entre outros trabalhos, do livro L’Expérience plébéienne. Une histoire discontinue de la liberté politique.

O DIREITO DE FUGA
Sandro Mezzadra
23 de abril, às 18h30

Coorganização com o Instituto de História Contemporânea da FCSH-UNL, no âmbito do projeto Além do fracasso e do maquiavelismo. A emigração irregular portuguesa para a França, 1957-1974

Nas últimas décadas, ao mesmo tempo que foram sendo progressivamente removidas todas as barreiras à circulação de bens, serviços e capitais, o controlo das fronteiras foi reforçado de modo a reprimir migrantes e refugiados. O livre movimento do conhecimento e da inteligência humana corre a par da destruição dos corpos que exprimem esse conhecimento e essa inteligência. Reprimida, a mobilidade dos migrantes tem, ainda assim, conseguido traçar movimentos subjetivos de fuga à rigidez da divisão internacional do trabalho, movimentos que constituem mesmo um dos motores fundamentais das transformações profundas que se vêm operando nas sociedades atuais, reconfigurando a democracia e as noções de cidadania e de trabalho. Quase sempre apresentada como uma categoria antipolítica, a fuga tem constituído, de acordo com Sandro Mezzadra, uma via privilegiada de subjetivação, um dos instrumentos básicos de recusa da banalidade e da rotin a da vida quotidiana.

Sandro Mezzadra é sociólogo e professor na Universidade de Bolonha e na Universidade de Western Sydney. É autor, entre outros trabalhos, do livro Direito de Fuga — Migrações, Cidadania e Globalização, editado em Portugal pela Unipop.

Entrada livre | Em inglês


http://www.teatromariamatos.pt/pt/

http://unipop.webnode.pt/



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