Anotações para uma contra-epistemologia a propósito dos saberes culturais da Ayahuasca e da medicina natural amazónica
Contra-epistemologia é um tipo de abordagem epistemológica que analisa e questiona a presumida neutralidade da epistemologia, enquanto disciplina que se propõe a legislar sobre a cientificidade dos saberes
Realiza-se amanhã no Centro de Estudos Sociais (CES) na Universidade de Coimbra um Seminário de Pós-Doutoramento subordinado ao tema dos «Saberes Culturais da Ayahuasca: Anotações Contra-Epistemológicas» dirigido por Maria Betânia B. Albuquerque
Seminário «Saberes Culturais da Ayahuasca: Anotações Contra-Epistemológicas» 25 de junho de 2009, às 15:00, na Sala de Seminários do CES (Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra)
Apresentação
Em nossa sociedade, as pessoas quando querem obter conhecimentos, consultam, quase sempre, os livros ou as escolas formais de ensino.
Determinados grupos, contudo, buscam os conhecimentos que julgam relevantes para si, não necessariamente, ou exclusivamente, a partir da escola ou dos professores (em sua forma humana). Com efeito, alguns grupos consultam fungos, raízes, cipós ou folhas, vistos como portadores de inteligência com a qual é possível travar contacto e obter conhecimentos.
No estudo realizado por Maria Betânia B. Albuquerque, analisa-se os saberes corporificados na experiência educativa mediada pela ayahuasca, beberagem de origem indígena feita da combinação de um cipó e folhas da Floresta Amazônica, utilizada com o propósito de cura e auto-conhecimento.
Na realidade, muito além do que a Pedagogia compreende como educação, as experiências de aprendizagem vicejam em diferentes espaços e culturas, e os mestres não são, necessariamente, humanos, além de se materializarem em outros critérios de inteligibilidade.
Ponto de partida para o estudo em apreço são perguntas como estas: Que saberes culturais perpassam a experiência da ayahuasca? Que relações esses saberes mantém com outros campos, como a história, a psicologia, a pedagogia, ou o direito? Qual a base epistemológica desses saberes?
No contexto da lógica colonial que governa a ciência moderna, ainda em voga, a experiência da ayahuasca situa-se, claramente, do “outro lado da linha”.
Entretanto, a despeito deste lugar histórico, a ayahuasca, como o cipó de que é feita, foi-se enroscando para todo canto, do norte ao sul do Brasil, da periferia ao centro, pelas margens e para o exterior, num movimento complexo de interculturalidade e ecologia de saberes.
Nota Biográfica Maria Betânia B. Albuquerque é pedagoga, com mestrado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). É professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA), na linha de pesquisa: Saberes Culturais e Educação na Amazônia. Autora do livro: ABC do Santo Daime: Belém, PA, Eduepa, 2007. Desenvolve a pesquisa: Beberagens indígenas e processos educativos na Amazônia colonial, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Contato: [email protected]
Ayahuasca, nome quíchua de origem inca, refere-se a uma bebida sacramental produzida a partir da decocção de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi (caapi ou douradinho) e folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona).
É também conhecida por yagé, caapi, nixi honi xuma, hoasca, vegetal, Santo Daime, kahi, natema, pindé, dápa, mihi, vinho da alma, professor dos professores, pequena morte, entre outros. O nome mais conhecido, ayahuasca, significa "liana (cipó) dos espíritos".
Utilizada pelos incas e também por pelo menos setenta e duas tribos indígenas diferentes da Amazônia. É empregada extensamente no Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil.
Ayahuasca, the world's most powerful herbal medicine!
Ayahuasca is the world's most powerful herbal medicine, not a "drug" to be thought of as childs play. a medicine to be respected. it is used to treat diabetes, addiction, AIDS, cancer, chronic fatigue, asthma etc. etc. The Amazon rainforest, with her ancient peoples, rich oxygen, powerful plants and medicines, houses our vision in providing a refuge for human healing, for reconnecting with the nature that we are.
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