Vamos resgatar conteúdos básicos sobre o tráfico de escravos e a inserção da África nesse comércio atlântico, na contemporaneidade brasileira, com enfoque mais específico nas questões do racismo, de sua criminalização, a influência da cultura hip-hop (ancorada nos movimentos negros dos Estados Unidos), como forma de expressão social e artística da juventude brasileira.
O movimento de escravos e a evolução da população africana
A África esteve submetida há vários séculos de escravidão e, mesmo antes da descoberta da América, os portugueses foram os primeiros europeus a importar escravos para compensar sua falta de mão de obra. Os escravos procediam das embarcações comerciais e dos fortes estabelecidos na costa africana. Posteriormente, a partir do século XV, com a colonização das Américas por diversos povos europeus, ocorreu o desenvolvimento do tráfico de escravos, intensificando a exploração da costa africana. Essa passou a ser frequentada por traficantes, piratas e mercadores europeus que montaram feitorias no litoral, onde os africanos aprisionados esperavam os navios tumbeiros ou negreiros, que levavam os prisioneiros como carga humana pelas rotas transatlânticas. As principais regiões de origem dos escravos nos séculos XVI e XIX eram o delta do Rio Níger, o Congo e Angola.
No conjunto de mapas ?Tráfico atlântico de escravos: dimensões e destinos?,observamos que inúmeros povos africanos foram inseridos no chamado comércio triangular, basicamente como fornecedores de mão de obra escrava para as colônias americanas e antilhanas (ilhas que compõem o Caribe, na América Central). Por meio da leitura do gráfico ?Evolução da população na África?, entre 1650 e 1850, período em que a escravidão estava vigente, a população residente no continente africano foi praticamente a mesma. Após 1850, com a proibição do tráfico de escravos, a população do continente cresceu de forma expressiva, com destaque para as últimas décadas do século XX. Não se sabe ao certo o número exato de escravos que foram transportados pelo Atlântico. Os levantamentos apontam para números que variam entre 10 e 50 milhões. De todo modo, seja como for, o número é expressivo e demonstra a enorme influência cultural nos países que receberam esses escravos.
África e Brasil: cultura e legislação
a) O preconceito e a luta pelos direitos: em nossa sociedade, a condição dos afrodescendentes na atualidade no Brasil e nos demais países americanos de passado escravista é praticamente a mesma, o preconceito é velado e está presente em nosso dia a dia. Dois documentos legais na página 45 do caderno do aluno apresentam o preconceito como crime: o artigo 5º. caracteriza como crime hediondo, inafiançável e imprescritível e os artigos 1º. e 20º. Que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
b) O movimento hip-hop e a cultura jovem: há muitas formas de reconhecer a influência africana em nossa cultura e na dos demais países da América em que vigorou a escravidão. Uma dessas influências é a cultura hip-hop e suas diversas manifestações (rap, grafite e break dance), que tiveram origem no movimento negro nos Estados Unidos, mas que tomou proporções mundiais, inclusive influindo diretamente nos movimentos jovens brasileiros. A sua inserção no Brasil se deu principalmente nas grandes cidades, como forma de protesto acerca das condições sociais e étnico-raciais de parte da população brasileira.